Por quê estou vendo anúncios no DCO?

Pataxó na Bahia

Para polícia, índio é criminoso; pistoleiro e latifundiário não

Polícia, que não faz nada para investigar a pistolagem e os mandantes do latifúndio, quer prender índios Pataxó que estão em luta pela demarcação de suas terras

Na manhã da última terça-feira (28/03), as aldeias Pataxó Córrego da Cassiana e Boca da Mata, pertencentes ao Território de Barra Velha, sofreram com uma ação bizarra e violenta das forças de repressão do Estado.

As polícias militares e civil da Bahia, em conluio com a Polícia Federal, organizaram uma caçada a três indígenas Pataxó sob a acusação de assassinato de um outro indígena no ano passado, o índio Pataxó Carlone.

Foram 80 policiais do Departamento de Polícia do Interior (Depin), da 23ª Coorpin, da Coordenação de Operações Especiais (COE), do 8° BPM, do Cati, da Cipe Mata Atlântica, da 7ª CIPM e da Força Integrada da SSP participaram da operação, além da Polícia Federal. Um grande circo violento contra os índios.

Como relatado, a comunidade amanheceu em pânico com uma ação violenta e criminosa das três forças policiais, claramente para aterrorizar a comunidade indígena que está em plena luta pela demarcação de suas terras e num embate muito violento contra os latifundiários e pistoleiros, formado inclusive por policiais militares.

Casa reviradas, móveis destruídos, metralhadoras apontadas para indígenas, viaturas em alta velocidade nas estradas rurais dentro das aldeias, cães policias ameaçando todo mundo. Uma verdadeira guerra contra a população indígena que luta por um pedaço de terra para viver e trabalhar.

O que chama a atenção na ação polícia é a ação contra os índios Pataxó. A repressão contra os índios Pataxó está sendo organizada de todos os lados. Na semana anterior, policiais militares tentaram prender dois indígenas que tiravam seu sustento da mata dentro da aldeia de Corumbalzinho. Estavam sendo acusados de crime ambiental. Essa tentativa é quase uma piada, visto que a região foi considerada uma que mais desmatou o bioma da Mata Atlântica e onde está sendo desmatado de verdade estão dentro das fazendas e da especulação imobiliária no litoral, e nada é realizado pela polícia ou pelos órgãos ‘competentes’ que autorizam o desmatamento.

Desde o ano passado, já foram pelo menos quatro assassinatos de índios Pataxó na região, onde foi confirmado a participação de policiais militares na pistolagem e na proteção de latifundiários. Seis policiais militares foram indiciados pela participação nos assassinatos e nada é falado pela imprensa e nenhuma medida tomada pelo estado.

As polícias adentraram para prender os assassinos do índio Carlone Gonçalves da Silva de 26 anos. Carlone desapareceu no dia 21 de setembro do ano passado e seu corpo foi somente encontrado por acaso no dia 13 de outubro. É importante reforçar que o corpo de Carlone foi encontrado por acaso pelos próprios indígenas Pataxó, pois a polícia não fez absolutamente nada nem para encontrar e muito menos para investigar a morte do índio.

Carlone morava na aldeia Boca da Mata e a região onde mora e foi encontrado está muito próximo da Fazenda Brasília, um latifúndio que organiza a pistolagem contra os índios Pataxó e que constantemente ataca os índios que passam pela região.

Alguém acredita na polícia?

E quem acredita que a polícia realizou uma investigação séria e que encontrou os executores e mandantes do assassinato de Carlone? Nem os próprios latifundiários acreditam nisso.

É evidente que é uma perseguição aos índios da região que estão numa luta contra os latifundiários e o envolvimento das forças policiais com o latifúndio é claro.

Os delegados da polícia civil da região, em particular da Delegacia Territorial (DT) de Trancoso, que investiga o caso, não contam com nenhuma confiança dos índios e nem da população pobre e trabalhadora da região, pois sabem do envolvimento e das relações que possuem com os latifundiários.

Outros três assassinatos de índios Pataxó na região contaram com a participação de policiais militares. O Pataxó Gustavo, de apenas 14 anos, foi assassinado com um tiro na cabeça e o crime tem a participação de pelo menos três policiais militares. Os indígenas pataxós Samuel Cristiano do Amor Divino, 21 anos, e Nawir Brito de Jesus, 16, foram assassinados em janeiro deste ano pelo policial militar Laércio Maia Santos e outro comparsa que seria segurança de um latifúndio na região.

A polícia não faz nada e isso pode ser comprovado por qualquer pessoa que já procurou a polícia ou está acompanhando a violência contra os Pataxós na região. Nenhum mandante dos assassinatos de índios sequer foi citado, pistoleiros estão soltos e atuando diariamente na região e os que foram presos eram policiais que estão sob condições especiais e provavelmente vão ficar em liberdade. E a violência continua a todo vapor!

Todo esse espetáculo realizado pela polícia em torno da ação desta terça-feira é apenas para desqualificar a luta pela terra dos índios Pataxó. Juntamente com as reportagens da Rede Bandeirantes e da Record, dos criminosos políticos Arthur Mamãe Falei e do MBL, e de índios pelegos que estão sendo financiados pelos latifundiários para dizer que as retomadas são realizadas por “não-indígenas”, as ações da polícia ambiental para considerar os índios destruidores da natureza servem apenas para justificar qualquer ação violenta e criminosa da polícia e do latifúndio.

Contra essas ações, é preciso proibir de todas as maneiras a entrada e circulação da polícia dentro das aldeias e das terras indígenas e criar comitês de autodefesa dos índios contra a violência policial e do latifúndio, incluindo operações farsa, falsas acusações e coisas que são do cotidiano da polícia. Além de intensificar as retomadas de terra e expulsar todos os latifundiários e grileiros de terras do perímetro da Terra Indígena Barra Velha.

Veja os vídeos da operação criminosa das forças policiais:

Em retaliação a autodemarcação dos índios Pataxó de Barra Velha, polícia invade aldeia na Bahia
Polícia da Bahia destrói casa de lideranças dos índios Pataxó em retaliação as retomadas de terra
Em retaliação as retomadas Pataxó, Polícia invade aldeias e prende 3 índios em Porto Seguro/BA

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.