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No caminho do Níger

Para onde vai a Nigéria?

O país mais populoso e rico da África está mergulhando em uma crise enorme e cercado de nações que se libertam, o governo capacho do imperialismo enfrentará grandes dificuldades

Bola Tinubu assumiu o governo da Nigéria em 29 de maio de 2023. O país mais populoso da África com a economia baseada na exportação de petróleo e uma imensa pobreza já possuia muitas crises internas para líder. Contudo, Tinubu não esperava que pouco após 2 meses sua posse o Níger, país irmão ao norte, se tornasse o centro das atenções de todo o mundo após um golpe militar nacionalista. A Nigéria assim foi jogada também no centro das atenções, o país se tornou o palco da disputa imperialista pela guerra por procuração contra o Níger. A crise no Sael portanto joga uma das nações mais imporatantes da África no palco da luta de classes internacional.

A Nigéria é um dos países mais populosos do mundo, o mais populoso da África com mais de 220 milhões de habitantes. Com tamanha população e petróleo ela é portanto o país mais rico do continente em PIB, de acordo com o FMI 574 bilhões de dólares. Em comparação a África do Sul, o país mais industrializado da África subsaariana, tem um PIB de 399 bilhões de dólares. A Nigéria é o país mais importante da África ocidental e da sua organização a CEDEAO. Ao mesmo tempo o país é de domínio inglês e não francês, o que faz com que a crise ainda não esteja tão aflorada como em seus vizinhos francófonos.

O imperialismo inglês portanto é o mais relevante para se entender para onde irá a Nigéria. O The Economist, tradicional jornal da burguesia inglesa, publicou no último dia 7 um balanço de 100 dias do governo Bola Tinubu: “Em apenas 100 dias o novo presidente da Nigéira realizou reformas audaciosas” (In just 100 days Nigeria’s new president has made bold reforms). Só pelo título já está claro que o presidente é um homem do imperialismo, isso também foi observado por seu comprortamento pró guerra após o golpe de Estado no Níger. Mas logo do subtitulo o artigo já afirma: “nem todos estão felizes com a economia liberal do sr Tinubu”.

Mais afrente no texto fica claro que o presidente nigeriano é um neoliberal totalmente a serviço do imperialismo: “As pessoas comuns podem estar se queixando das reformas de Tinubu, mas os investidores estão satisfeitos. O principal índice de ações da bolsa nigeriana subiu quase 30% desde a sua posse. Uma advogada de um banco de investimento sussurrou que se o Sr. Tinubu entrasse no escritório dela, todos se ajoelharam aos seus pés.” Mas a crise, no centéssimo dia de governo, já chegou: “No entanto, o desenvolvimento inicialmente lúcido do presidente parece estar dando lugar à indecisão, à má preparação e a lutas internas entre a sua equipe. E ele ainda não começou a lidar seriamente com os assustadores desafios de segurança da Nigéria, que incluem uma insurreição jihadista no norte.”

O The Economist já assume que situação da Nigéria é crítica. Os jihadistas do norte são uma forma que o imperialismo utiliza para falar das nações do Sael onde os miltiares tomaram o poder, todas elas ao norte. A divisão da equipe também surgiu principalmente em relação a política da guerra. O presidente de imediato seguiu as ordens dos franceses, norte americanos e ingleses e iniciou sanções ao Níger. Contudo o senado rapidamente vetou a ação militar e os parlamentares da Nigéria na CEDEAO se diviriam também. A situação interna no país não permite que ele atue como uma ferramenta do imperialismo.

Uma das medidas que o The Economist exalta é a remoção do subsidio ao combustível: “O subsídio aos combustíveis da Nigéria custou ao Estado quase 10 bilhões de dólares no ano passado, o equivalente a 2,1% do PIB. Os governos anteriores renomearam-no, ajustaram-no e tentaram removê-lo, mas o esforço do Sr. Tinubu foi de longe o mais ousado. Embora a reforma liberte dinheiro que seria melhor gasto em hospitais e escolas, também está a causar sofrimento. Os preços da gasolina quase triplicaram durante a noite em alguns lugares, e as tarifas de transporte seguiram-se.” Ignorando a demagogia com hospitais e escolas fica claro que o imperialismo aumenta seu saque da Nigéria tomando 10 bilhões de dólares que eram usados para ajudar a população. Certamente o fim desse dinheiro não será na construção de nenhuma escola mas sim na conta de acionistas e banqueiros.

E é aqui que se coloca a questão principal. O governo com 100 dias já começa a demonstrar a crise interna. Mas isso tende a piorar muito dada a realidade de todo o entorno. A Nigéria, ao contrário de países como Quênia e Tanzânia por exemplo, é totalmente cercada de países dominados pelos franceses. Ela assim pode ser a primeira nação de domínio inlges a ser tomada pela sublevação que se dá contra o imperialismo da França. E isso tende a crescer dado que Tinubu, ao que tudo indica, esfolará a população a mando dos bancos.

A Nigéria portanto se torna um barril de polvora na África. Um dos países mais ricos, com uma população gigantesca concentrada, cercada de países em uma crise enorme e com uma crise interna se desenvolvendo. Bola Tinubu pode não estar uma situação tão ruim como os presidentes da antiga “françafrique” mas certamente seu futuro não é de estabilidade. A Nigéria em certo sentido é um dos pontos chaves da África e para o bem da classe operária mundial, ela está bem próxima do foco da mais radical luta no continente atualmente, o Sael francês. 

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