A revista Veja, uma das mais golpistas e direitistas do Brasil, publicou uma matéria chamada “Lições afro-indígenas para salvar o planeta”, onde são entrevistados Fernanda Regaldo e Wellington Cançado que são organizadores do livro “Terra – Antologia Afro-Indígena”, recém-lançado, com textos sobre o meio-ambiente.
Segundo o autor da entrevista, “A obra reúne pensamentos, memórias e experiências de lideranças e outras vozes ligadas a grupos indígenas, quilombolas, comunidades ribeirinhas, reservas extrativistas e favelas que, com suas particularidades, evocam outra forma de enxergar a natureza e se (re)conectar com ela”.
A Veja teria virado uma revista esquerdista ou será que o papo pseudo-ambiental é que é direitista? Ficamos com a segunda opção, obviamente. Mas essa resposta não parece muito simples para um desavisado. Nos até mesmo a impressão de que estamos lendo um artigo em algum portal do PSOL ou de alguma ONG identitária.
“O chamado bate à porta de qualquer cidadão da aldeia global, que já pena com as mudanças climáticas. E ganha uma fundamentação na teoria e na prática, nos mitos e nas lidas e lutas diárias, na poesia e na denúncia, nos textos de Antônio Bispo dos Santos (líder quilombola), Célia Xacriabá (professora e ativista do povo Xacriabá), Davi Kopenawa (xamã e líder yanomami), Entidade Maré (coletivo de artistas LGBT+do complexo da Maré, no Rio de Janeiro) e grande elenco”.
“Mudanças climáticas”, “aldeia global” “mitos e lutas diárias”. Será que a Veja foi sequestrada por um esquerdista?
O que acontece é justamente que essas ideias e os personagens citados pelo colunista são impulsionados por empresas como a Veja, que contribuem mais com a poluição e a opressão dos povos “afro-indígenas” do que qualquer coisa que podemos imaginar.
A coluna da Veja é bem a imagem do que é o identitarismo e de como ele funciona. Enquanto um capitalista faz demagogia com ecologia, LGBTs, “afro-indígenas” etc, eles estão financiando a poluição pelo mundo, governos fascistas como o de Israel e outras atrocidades.
Os entrevistados afirmam que “parece evidente que o sistema agrícola mantido pelo capital tende, sim, a se apropriar de alguns conhecimentos e técnicas desses povos. Uma parte do agro, afinal, vai se dando conta de que os mercados externos estão de olho e, sobretudo, de que entre os grupos mais impactados pela crise climática estarão justamente os produtores rurais.” É bonito saber que o capitalismo tem jeito, que os grandes capitalistas estão tomando consciência ambiental.
Talvez por isso, a Veja dê espaço para esse tipo de coisa. Afinal, do mesmo jeito que os latifundiários e os grandes capitalistas estão tomando consciência, a Veja, grande imprensa capitalista, também está.
Mas eis que descobrimos a real intenção de tudo:
“Além disso, será necessária uma grande transformação no imaginário para que finalmente possamos compreender, como sociedade, que a própria floresta é o modo mais eficiente de manejar a diversidade biocultural e de produzir comida em abundância”.
Essa é a ideologia imperialista para o Brasil e é por isso que a Veja dá espaço para essa ideia. A floresta não pode ser mexida, basta vermos o que o Ministério do Meio-Ambiente, controlado por Marina Silva, está fazendo no caso da exploração de petróleo. O Brasil não pode mexer em nada para que, em breve, o imperialismo venha e mexa em tudo.A entrevista na Veja é bastante exemplar do que é o identitarismo. Trata-se de uma política que serve aos interesses dos grandes capitalistas, em particular o imperialismo. Essa política, no entanto, está encoberta por detrás do discurso demagógico sem nenhum conteúdo real, servindo apenas para setores de classe média que se contentam em se fingir de ativistas.