Por quê estou vendo anúncios no DCO?

Identitarismo, a luta de raças

Para colunista da Folha, não existe branco pobre no Brasil

A preta da Folha de S.Paulo dá o veredito sobre o principal fator de desigualdade no Brasil: “Não é classe social, é racismo!”.  

Nesta quinta-feira, a coluna de Denise Mota, a preta da Folha de S.Paulo, dá o veredito sobre o principal fator de desigualdade no Brasil: “Não é classe social, é racismo!”.  

A paulistana, filha de uma sergipana e de um baiano, mestre em “Integração econômica regional” pela USP, residente no Uruguai e em sintonia com as múltiplas expressões e desafios da diáspora negra, vigorosamente pulsante em todo planeta, busca sepultar, de uma vez por todas, tal questão, a partir de pesquisa encomendada pelo Instituto de Referência Negra Peregum e pelo Projeto Seta (Sistema de Educação por um Transformação Antirracista). 

Antes de discutir os dados levantados pelo Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica) e as conclusões da jornalista, um breve esclarecimento. Apresentar o perfil da jornalista da imprensa golpista, descrito por ela mesma, torna-se importante para que os leitores possam entender de onde brotam essas teses.  

Da mesma forma, vale informar que o Peregum recebe financiamento de banqueiros por meio da Fundação Tide Setubal, bem como, de ONGs imperialistas como Ford Fundation e Open Society Fundations; e que o Seta é financiado por W.K. Kellogg Fundation (a sétima maior fundação filantrópica dos Estados Unidos). 

A pesquisa intitulada “Percepções sobre o racismo no Brasil” teria entrevistado 2 mil pessoas com idade acima de 16 anos, em 127 municípios de todas as regiões do País. Afirmações de que “o Brasil é racista”, “as pessoas pretas são as que mais sofrem racismo” e “a polícia trata de forma diferente negros e brancos” teriam sido referendadas totalmente ou parcialmente por 81%, 96% e 84% dos participantes, respectivamente. 

Primeiramente, fica evidente que se trata de uma pesquisa extremamente enviesada, principalmente em suas conclusões. Uma coisa é reconhecer o fato de que os negros são vítimas de discriminação e de violência principalmente da polícia. Outra coisa totalmente sem sentido é dizer que a “causa da desigualdade é o racismo”. Outra conclusão sem sentido é a afirmação categórica de que “o Brasil é racista”. Essa afirmação serve para esconder os verdadeiros racistas. Quem seria racista, todo a população brasileira, composta em sua maioria por negros? Então os negros também seriam racistas? É uma afirmação que esconde as reais causas do racismo, que é justamente a desigualdade econômica e social, ou seja, a classe social. 

Essas conclusões rasas e mal-intencionadas buscam ocultar a questão material-histórica, o problema dos negros não se resume a uma questão meramente ideológica, ainda que tenha sido necessária para justificar a sua posição na sociedade. A discriminação e a violência contra os negros não resultam de uma ideologia, este tipo de situação resulta da sua condição econômica dentro da sociedade capitalista. 

A questão da repressão policial está fundada nos mesmos argumentos, o Estado controlado pela burguesia (classe dominante) persegue a população pobre e, devido a forma que se deu o desenvolvimento histórico do Brasil, essa população é majoritariamente, mas não unicamente negra. A violência estatal existe para conter os distúrbios sociais, manter a ordem capitalista vigente e evitar que o sistema entre em colapso. 

A jornalista busca apresentar o problema dos negros sob outro viés, mas não oferece nenhuma explicação sobre a tese que defende. A pesquisa apontou que para 44% dos consultados, raça, cor e etnia seria o principal fator gerador de desigualdade e para 29% seria a classe social. A opinião dessas pessoas foi apresentada como um importante achado para o que chamou de estudo. Mota busca validar sua posição apresentando outro dado, 51% do público teria presenciado situação de racismo.

É importante ressaltar ainda que a pesquisa não prova aquilo que deseja a colunista da Folha. A única conclusão que se pode tirar da pesquisa é a de que muitas pessoas podem estar atentas ao fato de que a população negra é a que mais sofre com as desigualdades. Mas a mera opinião das pessoas entrevistadas não serve como explicação científica para a conclusão de que a “raça é fator da desigualdade”. Apenas para exemplificar o que queremos dizer: uma pesquisa que pergunte para a população se o investimento na polícia resolve o problema da violência, muito provavelmente, seria respondida que sim. Isso quer dizer que devemos tirar a conclusão de que é o aumento da repressão a solução para a violência social? A opinião das pessoas é apenas uma opinião, deve ser analisada como tal, mas não serve necessariamente como conclusão geral de determinado fato social.

A explicação é tão absurda que basta um pouco de lógica para compreender ser desmentida. A afirmação é: “o racismo é principal fator de desigualdade, não as classes sociais”. Mas se há desigualdade, há classes sociais, mesmo que de um ponto de vista genérico: ricos e pobres. Mas se o racismo, causa as classes sociais, então por que há muitos brancos pobres no Brasil?  Embora sejam minoria, como explicar a existência de negros ricos? O que explica tudo isso não é o racismo, na verdade, o que explica o racismo são as classes sociais, é a desigualdade social. Os negros, como maioria da população, são os que mais se encontram entre a população pobre e o racismo serve para manter controlada essa maioria.

Outro problema que aparece dessa posição é que a sociedade estaria dividida entre brancos e negros e nesse aspecto se daria a luta política. Se trata de uma tese extremamente absurda por não considerar que também há brancos que são pobres dentro sociedade. Ao invés de considerar a divisão social com base em aspectos econômicos, considera que no interior da sociedade se daria uma luta racial.     

A intenção política do “estudo” fica mais clara, ou deveria dizer mais escura, quando Denise discute lógica do “racismo sem racistas”. Segundo a colunista, “apesar de os números sinalizarem maior consciência nacional em relação a violências denunciadas há décadas por vários coletivos negros”, apenas 11% reconhecem praticar ações racistas, 12% ter uma família racista, 10% trabalhar em instituições racistas e 13% estudar em instituições racistas. 

Esses dados deveriam invalidar suas conclusões iniciais, uma vez que a suposta verdade resultaria da opinião dessas pessoas. Ao invés disso, apresenta a proposição da diretora do Peregum, Vanessa Nascimento, que pontua sobre o “paradoxo” de um país que reconhece o racismo, mas que não identifica seus perpetradores. A conclusão de Nascimento é de que seria urgente “políticas para educação antirracista”. 

O desfecho não poderia ser outro, as teses apresentadas na coluna da “preta da Folha de S. Paulo”, buscam impulsionar uma política para encher as escolas de conteúdo identitário e evidentemente contaminar toda a sociedade de histeria repressiva. O imperialismo buscar difundir essa política para semear confusão no conjunto dos setores explorados e evitar sua unidade na luta de classes. É dar o devido combate para extirpar o câncer que o identitarismo representa para a esquerda.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.