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Hipocrisia

Para atacar Neymar, vale tudo

Atrás da campanha contra o pai de Neymar, se esconde a hipocrisia: a defesa da entrega dos jogadores brasileiros, os melhores do mundo, a empresários malandros e mal-intencionados

Na sanha inquisitória contra Neymar, expressão máxima do futebol nacional, a imprensa da esquerda pequeno-burguesa, que imita a imprensa capitalista, está atacando a ida do craque brasileiro à Arábia Saudita. O jogador fechou contrato com o clube Al Hilal, da Liga Saudita, que está levando ao país diversos craques internacionais — dentre eles, muitos brasileiros.

O Diário do Centro do Mundo (DCM) buscou apontar essa decisão como um fracasso definido pelo pai de Neymar, empresário do craque. Segundo o autor Luan Araújo,é, definitivamente, o ponto final decepcionante de uma carreira, que no final das contas poderia ser muito mais do que realmente foi.”

Primeiro, precisaria se perguntar: por que o jornalista fala em “ponto final”? O contrato de Neymar é de dois anos. Cumprindo-o, o jogador deixaria a Arábia Saudita com 33 anos — tendo ainda de quatro a cinco anos de carreira, onde poderá jogar em qualquer clube do planeta, podendo sair de graça do clube saudita. Segundo, por que “decepcionante”? É simplesmente um preconceito contra a Liga Saudita, que está crescendo com altos investimentos. Por que a Liga Francesa, onde o PSG deita e rola contra os outros clubes, seria melhor? Não faz sentido.

Mas, de qualquer forma, o objetivo é simplesmente falar mal de Neymar — uma condição imposta pela imprensa capitalista e que a imprensa de esquerda copia. Para a imprensa capitalista, isso é claro: é preciso atacar o futebol brasileiro — portanto, seu melhor jogador, Neymar — para favorecer os interesses imperialistas. A esquerda entra na campanha porque está a reboque das classes dominantes, não tem personalidade política.

Portanto, com o simples objetivo de atacar o jogador, faz-se qualquer tipo de comentário. O autor do DCM decide “traçar paralelos com a atriz Larissa Manoela e com Lewis Hamilton, amigo de Neymar e hoje heptacampeão da Fórmula 1”. Ele aponta que o caso da atriz e do piloto “poderiam ensinar a Neymar sobre seu pai”.

A relação, no entanto, é tosca. Peguemos o caso de Larissa Manoela, que está em evidência nos programas e colunas de fofoca: a atriz sofreu uma espécie de rouba pelos pais, que tomavam conta da carreira dela e deixavam para ela apenas 2% dos lucros dos acordos comerciais com sua imagem. A atriz comentou que não conseguia comprar coisas simples, como milho na praia, sem autorização dos pais.

Qual seria a relação da atriz com o caso Neymar? O jogador brasileiro tem controle de seu patrimônio, o pai simplesmente atua como empresário do jogador, administrando a empresa que investe em propaganda, no Instituto Neymar Jr., entre outras questões.

O caso, de fato, pareceria mais com o do piloto Lewis Hamilton, cujo pai foi empresário durante todo seu início de carreira. “Após o título mundial de 2008, conquistado de maneira dramática no GP do Brasil, Lewis se perdeu na carreira e era tratado como um jovem promissor e problemático, como Neymar: ouvia demais as opiniões e pitacos do pai empresário e não evoluía na carreira como projetavam no início. Mas as coisas mudariam no ano de 2011”, conta o autor.

“Foi quando Hamilton tomou as rédeas de sua carreira e dispensou o pai do gerenciamento. Com autonomia, escolheu sair da McLaren para a Mercedes e isso se tornaria a mais acertada escolha de um piloto na história. Com a equipe alemã, ele conquistou mais seis títulos e hoje detém todos os recordes individuais da Fórmula 1”, continua.

Até aí, tudo bem: é um caso particular. Mas foi o próprio Hamilton que decidiu romper com o seu pai, acreditando que isso seria melhor para sua carreira. Nunca houve, como há com o pai de Neymar, uma campanha contra o pai do piloto. Se, de fato, seu pai fosse prejudicial para ele, o próprio craque teria de romper com ele.

Mas Neymar não rompeu. Como diz o jornalista “ao contrário de Larissa e Hamilton, Neymar preferiu manter seu pai sempre à frente de sua carreira. Sem nenhuma personalidade para decidir sobre os rumos que poderia seguir, se viu em enrascadas, como a saída do Santos para o Barcelona, que lhe rendeu um processo na justiça espanhola, a estúpida decisão de ir para o PSG em 2016 e, claro a manutenção de uma carreira pautada pela bajulação e não aceitação às críticas”.

Pode-se discutir se todas essas transações foram benéficas para a carreira do jogador ou não. Todavia, o fato concreto é que Neymar é conhecido no mundo inteiro, e considerado um dos melhores jogadores (quando não o melhor) em todos os países — menos pela imprensa capitalista. Agora, foi para a Arábia Saudita ser protagonista de um dos principais movimentos futebolísticos do mundo nesse momento. A Liga Saudita está crescendo e Neymar fará parte desse desafio. Isso desmente a ideia de que ele seria um “mimado”, como apontam os comentaristas da imprensa burguesa.

Sobre o pai do Neymar, é importante destacar que ele não é atacado por “prejudicar” Neymar, o qual todos esses jornalistas querem prejudicar. Ao contrário, Neymar pai é atacado porque ele vai contra todo o grande esquema internacional que controla a compra e venda de jogadores. Principalmente no Brasil, mas mais ainda com um atleta com o tamanho de Neymar, é muito difícil os jogadores fugirem desse esquema. A pressão econômica e política fazem com que os direitos dos jogadores sejam entregues para os empresários. Por isso, atacam o pai de Neymar, que nunca entregou seu filho aos tubarões capitalistas.

Portanto, atrás da campanha contra o pai, se esconde a hipocrisia: a defesa da entrega dos jogadores brasileiros, os melhores do mundo, a empresários malandros e mal-intencionados.

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