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Imperialismo em profunda crise

OTAN se torna foco de mais uma crise da dominação imperialista

União Europeia conduziu exercícios militares envolvendo tropas de nove países membros, visando ter um exército próprio, para não ficar dependente da OTAN e dos EUA

As contradições entre o imperialismo europeu e o imperialismo norte-americano se intensificam, aprofundando a crise geral do bloco imperialista.

Nessa quinta (19), foi divulgada a notícia de que a União Europeia conduziu os primeiros exercícios militares envolvendo tropas de vários países membros no sul da Espanha.

Chamado de LIVEX, o exercício foi realizado sob o comando da Capacidade de Planejamento e Conduta Militar da UE (MPCC), o quartel-general militar da UE, mobilizando 2.800 soldados de nove países (Áustria, Espanha, França, Hungria, Irlanda, Itália, Malta, Portugal e Romênia) assistidos por seis navios, helicópteros e dois jatos.

Josep Borrell, Alto Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança/Vice-Presidente da Comissão Europeia, deu a seguinte declaração:

“Este foi um teste em particular para a futura Capacidade de Implementação Rápida que decidimos construir nos próximos meses como parte da Bússola Estratégica. Este exercício permitiu-nos conseguir que os exércitos dos nossos Estados-Membros trabalhassem em conjunto e, em particular, criar sistemas de comunicações para uma coordenação eficaz em tempo real. Planejamos organizar este tipo de exercício regularmente. A próxima acontecerá no segundo semestre de 2024”.

Esse acontecimento indica a crescente contradição entre o imperialismo norte-americano e o europeu, resultado da crise capitalista que se acentua.

O bloco imperialista de conjunto não consegue se livrar da espiral de crise em que se encontra. Nunca recuperou efetivamente da crise geral do capitalismo de 2008. Desde então, vem tendo mais reveses do que sucessos, tanto no que diz respeito à sua economia interna quanto à sua dominação sobre países oprimidos (da qual depende sua economia).

A crise do imperialismo se agravou ainda mais quando o Talibã e o povo afegão expulsaram os EUA do Afeganistão. Esse acontecimento revolucionário expôs a acentuada debilidade do imperialismo.

Cabe aqui uma explicação.

Para manter seu domínio, o imperialismo tem como necessidade barrar o desenvolvimento dos países oprimidos. Destes, no que diz respeito à ameaça que representam o imperialismo, os principais são Rússia e China.

Na tentativa de dominar a Rússia, o imperialismo vem há anos expandido a OTAN. Cercar o gigante do leste europeu para então desferir um ataque. Então, no primeiro semestre de 2022, como parte desse mesmo processo, tentou colocar a Ucrânia na OTAN. A Rússia, vendo o enfraquecimento dos EUA, revelado pelo Talibã, reagiu e desatou a operação militar especial como medida defensiva. O imperialismo não conseguiu colocar a Ucrânia na OTAN. Tentaram subjugar os russos através de sanções, mas o tiro saiu pela culatra e aprofundou de forma vertiginosa a crise econômica do imperialismo europeu.

Em outras palavras, a ação capitaneada pelos EUA, e que não era exatamente desejada pela UE, serviu para afundar o imperialismo em crise.

Deve-se ter em mente que tal ação desastrosa foi feita por necessidade. Para que o imperialismo se mantenha, é necessária a espoliação dos países oprimidos. Com a crise capitalista, essa ditadura vai perdendo força, e os países oprimidos passam a perseguir políticas nacionalistas, em prol de seu próprio desenvolvimento. O imperialismo vai perdendo seus recursos, progressivamente.

Como os EUA são o principal país imperialista, o país que garante a sobrevivência do imperialismo em geral, torna-se necessário proteger seus monopólios da bancarrota. Contudo, com o seu enfraquecimento e a tentativa dos países atrasados de terem políticas independentes, a espoliação imperialista diminui progressivamente. E os recursos necessários para manter os monopólios vivos e para conter a classe operária dos países imperialistas também.

Em outras palavras, os recursos disponíveis ao imperialismo, mais limitados que no passado, estão sendo intensamente disputados entre os países imperialistas. Nesse sentido, à medida que a crise aumenta, os EUA não podem ter uma relação muito amigável com a Europa. A relação passa a ser cada vez mais de concorrente. Os EUA, dada a crise, não conseguem mais compartilhar o espólio imperialista, os recursos, as colônias, os mercados de mão de obra e consumidor etc.

A fatia do bolo vai ficando menor. Com isto, para o imperialismo norte-americano manter sua ditadura mundial, passa a ter que concorrer com o imperialismo europeu. E isto gera uma luta política, ou seja, uma luta pelo poder.

Certo, mas o que tudo isto tem a ver com os exercícios militares feitos pela União Europeia?

Bem, o poder, em última instância, é exercido pelas armas. Para se ter poder político, é necessário ter um exército (no sentido genérico da palavra).

No caso do imperialismo, para além das forças armadas norte-americanas, o principal exército oficial é a OTAN. Contudo, a OTAN está sob o comando dos EUA, e não do imperialismo europeu. Apesar de ela às vezes ser utilizada em prol da UE, no fim responde aos interesses do imperialismo dos EUA.

É assim, pois a Organização do Tratado Atlântico Norte foi criada pelo bloco imperialista logo após a Segunda Guerra Mundial, em 1949.

Se foi criada pelo imperialismo de conjunto, por que ficou sob o comando dos EUA? Pois os Estados Unidos saíram relativamente intactos da guerra. Itália, Alemanha e Japão saíram derrotados e destruídos; os últimos dois foram desmilitarizados. França e Inglaterra também enfrentaram muita destruição. Os Estados Unidos, então, ficaram mais fortes que o restante.

A economia imperialista da Europa e da Ásia estava em frangalhos. Para que o capitalismo mundial sobrevivesse, os EUA precisaram ir ao socorro do restante do bloco imperialista, o que lhes possibilitou também se sobressair politicamente. A OTAN surgiu nessa conjuntura.

A organização é a forma que os EUA encontraram de estabelecer a aliança atual que eles têm com a UE. É uma aliança, pois eles compartilham com os europeus o espólio de todo o resto do planeta. Contudo, é uma aliança desigual, pois os Estados Unidos ficam com a maior parte do bolo. Como imperialismo mais poderoso, os EUA impõem essa situação, por meio da própria OTAN.

Como o imperialismo europeu é fraco militarmente se comparado a países oprimidos como a Rússia e a China, mas também Irã e Turquia (este último membro da própria OTAN), a organização militar é também uma chantagem à UE, pois ela é necessária para que o imperialismo europeu mantenha seu domínio sobre os países que oprime, da Europa e dos demais continentes.

Os EUA precisam manter o imperialismo europeu, mas não podem aceitar que este recupere seu poder político e econômico de outrora. Utiliza-se da OTAN para manter a situação.

Contudo, como foi afirmado, os países imperialistas da Europa estão sofrendo mais com a crise do que os EUA. A guerra na Ucrânia agravou e muito a situação. Pode inclusive levar à devastação da Europa.

Agora, o massacre de Israel contra a Palestina aprofundou mais ainda a crise no coração da Europa. É, novamente, uma aventura militar que atende mais aos interesses dos EUA do que da UE.

Apesar de estarem ocorrendo manifestações grandes nos Estados Unidos em repúdio ao massacre e pedindo cessar-fogo, as manifestações são muito maiores e mais intensas na Europa. E, novamente, os EUA exigem da Europa que os apoiem nesse barco furado. E a OTAN é uma das medidas utilizadas para obrigar a UE a fazer isso.

É isto que está por trás dos exercícios militares da União Europeia. Buscam ter um exército imperialista próprio, para não ficarem dependentes da OTAN e dos EUA, e para não serem arrastados para crises em razão dos interesses dos norte-americanos.

Estamos diante do começo de uma crise gigantesca. A disputa pelo poder entre o bloco imperialista se intensifica.

A situação serve também para mostrar que os Estados Unidos continuam se enfraquecendo a cada dia. Em outros tempos, a União Europeia não teria condições de realizar esses exercícios, no sentido de formar um novo exército imperialista.

Além disso, essa intensificação da disputa pelo poder dentro do bloco imperialista também faz surgir no horizonte uma Terceira Guerra Mundial. Afinal, as duas primeiras foram o ápice da disputa entre o imperialismo pelo poder político sobre suas colônias.

Por outro lado, a disputa também empurra a conjuntura política mundial para uma situação revolucionária. Afinal, trata-se de um agravamento da crise imperialista. A intensificação da luta dentro do bloco imperialista é uma oportunidade para os países oprimidos avançarem na sua independência e para a classe operária mundial fazer avançar a sua luta no sentido da revolução socialista.

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