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Os generais golpistas não querem o golpe!

Um padrão nos períodos antes de golpes de Estado são os esquerdistas desorientados afirmando para confiar nas Forças Armadas, no Congresso e na imprensa

A cobertura da imprensa burguesa acerca dos acontecimentos do 8 de janeiro desenvolveu ainda mais as teses sem sentido da esquerda pequeno burguesa. A ideia do “golpe fracassado”, que falhou devido à atuação do grande guerreiro Dino está servindo para limpar a barra das Forças Armadas, a maior ameaça atual ao governo Lula. A análise incorreta dos golpes tanto pela positiva quanto pela negativa é um erro perigosíssimo para a esquerda, principalmente em países latino-americanos governados por presidentes nacionalistas. O texto em questão é “Golpe bolsonarista tinha tudo para não dar certo” de Alex Solnik, publicado no Brasil 247.

O texto começa com relatos históricos dos golpes de Estado no Brasil, sendo o primeiro o golpe do Estado novo. Em suas palavras: “E foi então que, com todo o apoio do Congresso, das Forças Armadas, dos governadores, da imprensa e da população, e com a missão de impedir a invasão do país pelos comunistas, Getúlio decretou, a 10 de novembro de 1937, o fim do regime democrático, proclamando-se a única força política do país, dando o pontapé inicial naquilo que depois ficou conhecido como Estado Novo.” Aqui já está claro que não se pode dar muitos ouvidos para Solnik. O golpe do Estado Novo fechou o Congresso, como ele poderia estar apoiando a manobra de Vargas?

Mas ainda pior, ele afirma que o povo apoiou o golpe. É uma versão antiga da tese ultra reacionária de que o povo apoiou o golpe de 1964 ou que apoio o golpe contra a presidenta Dilma. O golpe de 1937 criou um regime de caráter semi-fascista no Brasil, um regime que atacava diretamente a classe operária. Ele, na verdade, só foi possível, pois, em 1935, o governo havia reprimido brutalmente as organizações dos trabalhadores após o levante comunista. Esse foi o motivo que não houve grandes repressões em 1937, o regime já havia reprimido a esquerda dois anos antes.

Solnik então adentra a explicação do golpe de 1964: “O golpe de 64 não foi tão bem organizado, começou de forma atabalhoada, sob comando daquele capitão que assinou o Plano Cohen, agora general-de-Exército, mas havia clima para ele e muitas semelhanças com o golpe de Getúlio: apoio da classe média, apavorada com a ameaça comunista cinco anos depois da revolução cubana; apoio do governo dos Estados Unidos, temendo uma nova Cuba; apoio da imprensa tremendo de medo de ser fechada se o comunismo triunfasse; apoio dos governadores de São Paulo, Rio e Minas e o mesmo pretexto: a ameaça externa do comunismo.”

O colunista aqui ignora o caráter de classe do golpe de 1964. Ele foi totalmente organizado nos EUA que comprou o Congresso, a imprensa e as Forças Armadas para derrubar o governo nacionalista de Jango. A colocação que havia medo do comunismo é muito confusa. Apenas os mais ingênuos acreditavam nisso. Todas as forças políticas envolvidas, conscientes do que estavam fazendo, apenas utilizaram isso como propaganda para embasar o golpe de Estado. E não é possível afirmar que foi atabalhoado, o golpe foi fulminante e teve sucesso total. Os militares esmagaram a esquerda e governaram por mais de 20 anos.

Mas quando Solnik começa a comentar a política atual, aí as loucuras passam a se tornar perigosas: ”Pelo que se conhece até agora do golpe bolsonarista, seus líderes agiram de forma a tudo dar errado. Não consultaram as cartilhas de 37 e 64. Colocaram a carroça na frente dos bois. Não tinham apoio dos governadores, nem da imprensa, nem dos Estados Unidos.” Este trecho tem a contradição em si, esse golpe do 8 de janeiro não faz sentido, pois nunca foi uma tentativa de golpe. Se não há apoio dos EUA, da Imprensa, dos governos e das Forças Armadas, então não há tentativa de golpe. O que houve foi uma mobilização bolsonarista que, com sucesso, diga-se de passagem, desestabilizou o governo.

Então, Solnik apresenta a fruta proibida, o calcanhar de Aquiles de toda a esquerda, o “não vai ter golpe militar”: “Embora haja militares graduados na conspiração, não houve adesão do Estado Maior do Exército, por um simples e singelo motivo: os militares só intervêm em caso de ameaça externa – real ou inventada – e no caso atual essa ameaça não existe. Pois a proteção da nação é dever das Forças Armadas. Na ausência dessa ameaça não há pretexto para golpe sem que seja crime de Estado. E ninguém dá um golpe militar sem o Estado Maior”.

A extrapolação da tese do anticomunismo levou Solnik a tirar a conclusão de que golpes só existem com ameaça externa. Isso em um país onde há golpes constantemente. Em 1945 o golpe que derrubou Vargas não foi baseado em nenhuma ameaça externa. O mesmo vale para 1954, que levou Vargas ao suicídio. A tentativa de golpe de 1955 também, há os diversos golpes dentro da ditadura que trocaram a ala dos militares que governava. Obviamente houve o golpe de 2016 em que nada disso foi citado. O mais importante é que em 100% dos golpes e tentativas houve a participação das Forças Armadas, porque não existe golpe militar sem militares.

Os militares inventados por Solnik tem uma virtude muito complexa, estariam dispostos a golpear, mas não por Bolsonaro: “Também não houve adesão do Estado Maior porque seria o fim do mundo se concordasse em cometer o maior crime previsto na constituição para entregar o poder ditatorial a um ex-capitão expurgado do Exército que já o confrontava só com o poder presidencial”. Aparentemente, os generais, que derrubaram Dilma e governaram com Bolsonaro nos últimos 4 anos, estão preocupados em não fazer o “fim do mundo”.

O que Solnik está afirmando aqui é que o “golpe do 8 de janeiro” e, portanto, o golpismo da direita, só existe em Bolsonaro. Todo o bloco da direita, imperialismo, imprensa, Forças Armadas e Congresso não são golpistas. Sobre isso só há uma coisa a se dizer: foram esquerdistas como Solnik que em 1964 e 2016 caíram da cama ao ver a realidade bater em suas portas, ou em outras palavras, caíram no golpe. Uma palavra tão brasileira que tem seus maiores especialistas em Washington. E os principais alvos não são as tias do WhatsApp, mas os esquerdistas que teimam e afirmar que está tudo certo para não mobilizar os trabalhadores.

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