No início da semana, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, veio ao Brasil para participar de uma série de encontros junto ao homólogo brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva. Maduro não visitava o maior país da América do Sul desde 2015, uma vez que, no ano seguinte, o governo golpista de Michel Temer rompeu relações com o país caribenho, em uma das maiores demonstrações de seu servilismo ao imperialismo norte-americano.
Maduro foi bem recebido por Lula, com honras de chefe de Estado – nada menos deveria ser esperado. Mas não apenas isso: Lula defendeu Maduro da enxurrada de mentiras produzidas pela imprensa golpista e se mostrou solidário a Maduro, vítima de sanções e de uma dura perseguição por parte do imperialismo. Há, inclusive, um pedido de prisão e captura feito pelos Estados Unidos por considerar, sem prova alguma, que Maduro estaria associado ao narcotráfico.
Se, por um lado, Lula defendeu o regime chavista dos ataques do imperialismo, quase todos os seus “aliados” que se pronunciaram deixaram clara a sua hostilidade à Venezuela. Elementos direitistas, como Felipe Neto, que é um dos representantes da chamada “frente ampla”, bem como ONGs como a Wola (Escritório de Washington para a América Latina, na sigla em inglês), não hesitaram em atacar Maduro e criticar Lula por receber o chefe de Estado. Já o PSOL, partido que é muito rápido em se posicionar nas redes sociais quando o assunto é de seu interesse, ficou calado, o que significa, na prática, que são a favor dos ataques a Maduro, mas que não querem no momento se indispor com o governo Lula.
Figuras internacionais, como Gabriel Boric, que são impulsionadas pela imprensa capitalista e considerados “esquerdistas”, também decidiram atacar a suposta “ditadura” venezuelana. Boric, com se sabe, é uma espécie de farol de todo o movimento identitário latino-americano, sendo bastante elogiado por brasileiros como Guilherme Boulos.
O caso da vinda de Maduro é uma verdadeira lição dos interesses da tal “frente ampla”. Todos os elementos contrabandeados para a campanha eleitoral e, posteriormente, para o governo, não têm qualquer acordo com os planos de Lula. Aqui, o problema não é meramente ideológico: os ataques à Venezuela são, no final das contas, uma sabotagem à toda a política externa do presidente, que é baseada na aliança com as lideranças nacionalistas.
Cabe lembrar que nenhum desses direitistas está contribuindo em nada para o governo. Não estão ajudando em nada a conter a ofensiva direitista do Congresso Nacional – pelo, contrário, estão jogando ainda mais lenha na fogueira.
É preciso abandonar imediatamente os “aliados” da frente ampla, que, no frigir dos ovos, não passam de sabotadores alinhados ao bolsonarismo e ao imperialismo.