A burguesia imperialista tem sido bem sucedida em colocar na cabeça dos setores mais confusos da esquerda pequeno-burguesa toda a sua política anti-marxista e anti-popular. Uma das facetas dessa política é o discurso ambientalista. O ambientalismo, como se poderá ver, é algo que se coloca como um obstáculo para a luta revolucionária da classe operária, sob o falso critério de se estar defendendo causas nobres.
O sítio Esquerda Online, pertencente à corrente Resistência, do PSOL, soltou uma matéria com o seguinte título: “Das chuvas às ondas de calor – a crise ecológica global bate na porta mais uma vez!”. O texto, assinado por Marina Amaral, é um bom exemplo de como o imperialismo investe tão pesado na falsa defesa do meio ambiente e acaba levando com ele um setor da esquerda incapaz de se desfazer das influências da política imperialista.
O debate ecológico voltou à tona devido às recentes enchentes ocorridas no estado do Rio Grande do Sul e ao anúncio de uma possível onda de calor extremo que atingirá todo o país. Segundo a autora, “muito mais do que governos, o sistema capitalista tem sido o principal causador de todas essas tragédias”. Trata-se de uma afirmação um tanto estranha. Não seriam os governos burgueses e administradores do capitalismo em suas regiões? Sendo assim, eles não teriam responsabilidade pela crise?
A autora fala em “racismo ambiental”, ao explicar que “a chuva não escolhe quem atinge, mas as condições sociais e raciais deixam nítido o abismo desigual que existe em nosso país”. No entanto, isso daí não é atribuído aos responsáveis pela situação de miséria em que se encontra a parte da população mais afetada pelos desastres climáticos, que são, efetivamente, os governantes.
É interessante que se faça uma denúncia do problema das enchentes no Rio Grande do Sul, mas o nome do governador Eduardo Leite não seja mencionado uma vez sequer na matéria. Ele é responsável por baixar uma série de medidas que cortaram quase todo o orçamento em infraestrutura do estado, levando a essa situação de calamidade na qual vive a maioria da população.
Algo que está presente em todo o texto é o discurso apocalíptico característico de quem está tentando criar um clima de terror e envolver a população em uma histeria coletiva. Ao falar sobre a onda de calor que vem sendo anunciada pela imprensa nos últimos dias (mas que efetivamente ainda não começou), a autora diz o seguinte:“É urgente que os governos municipais e estaduais se estruturem para enfrentar essa situação que já está anunciada, assim como, o governo federal, que tem a responsabilidade de retomar as rédeas das políticas ambientais no Brasil e construir políticas nunca antes vistas para uma situação de calamidade nunca antes experienciada”.
A autora também demonstra um grande otimismo com a indicação de Marina Silva para o Ministério do Meio Ambiente, deixando de mencionar (ou talvez nem se dê conta) que se trata de uma pessoa ligada a George Soros e ao imperialismo, e que cumpre a função de procurar travar o desenvolvimento nacional, como ficou comprovado na questão da extração do petróleo da Margem Equatorial.
A autora levanta uma lista com uma série de propostas (muitas delas totalmente inviáveis) a serem feitas para o governo Lula. Entre elas, a do “desmatamento zero, legal ou ilegal”. Outro ponto que demonstra o fanatismo: “Elaborar com urgência um grande programa de transição energética, utilizando a tecnologia da Petrobrás para diminuir o uso do Petróleo, a queima de combustíveis fósseis, e avançar na produção de energias renováveis”.
A ideia de que se pode trocar o petróleo por alguma outra forma de energia surge em vários lugares, mas ninguém ainda apresentou qual tipo de energia seria essa. É evidente que o petróleo é ainda algo totalmente indispensável para o funcionamento da sociedade. Apenas países totalmente pressionados pelo imperialismo, com seus funcionários infiltrados nos governos através das ONGs e cia., é que cogitam a ideia absurda de deixar de explorar o petróleo que existe em seu território. O próprio Lula já declarou não compartilhar desse fanatismo religioso e afirmou que o Brasil irá, sim, explorar a Margem Equatorial, reserva de petróleo localizada na costa que vai do Amapá ao Rio Grande do Norte.
Por fim, o texto invoca o “Ecossocialismo ou barbárie!”. O ecossocialismo é uma tese estapafúrdia e anti-marxista, que prega o exato oposto do que defende o socialismo científico. Para os ecossocialistas, a economia de todos os países deveriam parar de se desenvolver e todos deveriam, em vez disso, reduzir o consumo dos recursos naturais, causando uma diminuição na economia mundial.
Uma política absurda como essas causaria aos países atrasados um retrocesso inimaginável. Ao contrário dos países imperialistas, onde o ecossocialismo foi gestado, o restante do mundo ainda não teve um capitalismo plenamente desenvolvido, levando uma boa parte de sua população a levar uma vida de miséria por não ter recursos e nem acesso aos principais avanços da sociedade.
Por isso, um marxista defende um desenvolvimento ainda maior da economia mundial, um aprofundamento do processo de desindustrialização em todos os lugares, para que todo o mundo possa usufruir do que usufruem os países imperialistas e muito mais. Ainda que seja fato que o capitalismo utilize os recursos naturais de forma irresponsável, a ideia de que o mundo inteiro deveria regredir à Idade da Pedra é absurda.