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40 anos

Os antecedentes e as origens combativas da CUT

A CUT é fruto da intensa luta da classe operária brasileira

Primeiramente, é preciso dizer que esta matéria não pode estar à altura de contar toda a trajetória que levou à fundação da CUT, devido ao tamanho da tarefa. No entanto, a proposta é mais humilde: demonstrar que a CUT é produto da luta dos trabalhadores, e, mais que isso, que não fosse a ação da classe operária e a pressão intensa exercida pelas bases, não haveria uma verdadeira central sindical no Brasil.

Sem precedentes

Excetuando uma tentativa por parte dos anarquistas no início dos anos 20, não houve na história nacional outra tentativa de constituição de uma central sindical. O PCB, fundado em 1922, e logo tomado pelos estalinistas, oscilou entre momentos ultrassectários e momentos conservadores, nunca colocou na ordem do dia a tarefa de uma central sindical única nacional. O fato é que a não existência de “uma CUT” até 1983 é uma prova cabal do profundo atraso organizativo do movimento operário brasileiro, ainda evidenciada, por exemplo, na predominância do sindicalismo municipal no País.

Depois do golpe de 1964, o movimento operário estava em completa paralisia, em boa medida devido à capitulação vergonhosa do PCB estalinista e do PTB varguista, e a ditadura tomou conta dos sindicatos.

Nos anos que se seguiram surgiram algumas poucas oposições sindicais, a maioria delas atuando na clandestinidade.  Somente a partir de 1968, com as greves em Osasco-SP e Contagem-MG, o movimento começa a se desenvolver mais, evidentemente de forma embrionária, sem uma atividade pública, especialmente depois do AI-5.

Conforme a ditadura militar começa a entrar em crise, em 1974, as oposições sindicais lançam a palavra de ordem por uma central única dos trabalhadores. Havia, no entanto, um problema prático cuja resolução não lhes era clara naquele momento: a ditadura e seus pelegos controlavam a maioria dos sindicatos.

Também com a crise da ditadura, surge outra corrente sindical, liderada pelo atual Presidente da República. É importante destacar que, apesar de seu irmão estar vinculado ao PCB, Lula não tinha relações com a esquerda e chegara à direção do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, um sindicato extremamente importante, como mais um integrante da burocracia sincicial consentida pela ditadura, sem qualquer lutra contra o peleguismo, pelo menos num primeiro momento.

Enfrentando a ditadura

No entanto, devido à intensa pressão das bases, e haviam cerca de cento e vinte mil operários sob a direção do seu sindicato, ele é forçado a agir. Lula encampa uma campanha política, também impulsionada pela ala esquerda do MDB, de denúncia à Delfim Neto, que teria fraudado os índices inflacionários e, portanto, teria, de fato, reajustado os salários abaixo da inflação. É o primeiro momento em Lula ganhará projeção nacional, aparecendo nos jornais da burguesia, etc.

Em 1978, explode inesperadamente uma greve na fábrica da Scania Vabis no ABC, começada pelos ferramenteiros, sem a participação da direção do Sindicato. Pode-se observar a tendência de ascenso do movimento grevista entre os operários. Em resposta, os patrões se propõem a negociar com a diretoria do sindicato, mesmo que já houvesse sido assinado o acordo de aumento salarial daquele ano. A greve é momentaneamente contida, mas a solução é temporária.

No ano seguinte, não é mais possível conter a classe operária com tais manobras, e os trabalhadores de São Bernardo realizam uma enorme assembleia na Vila Euclides: a ditadura se vê confrontada com uma greve geral dos trabalhadores metalúrgicos, que se espalha para Santo André e São Caetano. Duzentos mil trabalhadores metalúrgicos em greve. Até então as oposições sindicais procuraram combater, sem muito sucesso, a ditadura militar pelos meios institucionais. No entanto, na prática, foi o movimento ilegal da classe operária que impôs pela força o direito de greve, o direito a manifestação, o fim da censura, etc. Estava acabada a estrutura jurídica da ditadura.

Em resposta, o governo procura destituir a diretoria do sindicato e colocar outra que procure conter os operários. É impossível. O movimento operário rompe de vez com a paralisia pós-golpe e a classe operária assume novamente a dianteira da situação política nacional. A greve se espalha para a cidade de São Paulo e mais de cem mil trabalhadores metalúrgicos aderem ao movimento. É muito importante pontuar aqui que a greve na capital paulista foi totalmente dirigida pelas oposições sindicais, uma vez que o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, está nas mãos do famoso pelego Joaquim Andrade dos Santos, o “Joaquinzão”, homem de confiança da burguesia, que anos depois chegaria a ser eleito suplente de senador na chapa de Mário Covas (PSDB).

Explosão de greves e oposições

É esse movimento dos trabalhadores, que se estende a centenas de categorias, formando oposições sindicais combativas e atuando por fora dos sindicatos da ditadura, que dará origem à Central Única dos Trabalhadores.

As greves se espalharam para outras cidades e uma intensa oposição peleguismo vai se desenvolver em meio às bases dos sindicatos.

No ano de 1980, no ABC, nesse momento já consagrado centro do movimento grevista, ocorre outra greve, que dura quarenta dias. A ditadura prende a maior da direção do sindicato. Em resposta, no 1º de Maio, os trabalhadores, que devido ao seu número não podem ser contidos pelo aparelho de repressão estatal, impõem sua presença no Paço Municipal, expulsando as tropas do Exército. Trata-se sem dúvida de uma das mais combativas e importantes manifestações operárias já vistas no País.

Vendo as chances reais de ser varrida do mapa pelo movimento operário, a Ditadura impõe uma política de recessão econômica e de arrocho salarial. Começam demissões em massa e o ascenso da classe operária é contido.

Apesar de as tentativas por parte do PCB e do PCdoB, que haviam num primeiro momento participado das oposições sindicais, de organizar os pelegos para manobrar, as oposições sindicais e os setores lulistas chamam a primeira Conclat, que conta com milhares de trabalhadores, e ocorre em 1981, e é formada a comissão pró-CUT. 

Somente dois anos depois, com a ressurgência do movimento grevista, que, finalmente, a CUT surgiria contando com poucos, ainda que importantes, sindicatos e com uma participação amplamente majoritária de trabalhadores das bases dos sindicatos e das oposições sindicais.

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