O governo Lula, já em seu primeiro mês, enfrenta uma grave crise. A pressão da burguesia, a incompetência de seu Ministro da Justiça, a demonstração de força da direita nas manifestações organizadas no dia 8 só confirmaram aquilo que o apertado resultado das eleições nos mostraram ao final do segundo turno: apesar da vitória de Lula contra o maquinário eleitoral controlado pela burguesia e pelos bolsonaristas, a direita tem uma base importante que só poderá ser combatida com a organização e expansão da resposta ao golpismo pela base.
Apesar das ilusões pequeno-burguesas de setores da esquerda nacional, é um fato óbvio demonstrado ao longo da história que o resultado eleitoral não basta para garantir uma vitória dos trabalhadores duradoura, e muito menos para enterrar o golpe de 2016. Afinal de contas, o próprio golpe de 2016 se deu apesar de um resultado eleitoral, arquitetado e executado por aquilo que agora é defendido e chamado de “instituições democráticas”.
O novo governo tem visto as mais diversas formas de afronta a sua autoridade. A invasão do Congresso e do Palácio do Planalto pelos bolsonaristas, a pressão da burguesia e as tentativas de infiltração da terceira via no governo, os militares que negam seu óbvio envolvimento com o dia 8 de janeiro, seu flanco exposto dentro do governo, no ministério da Justiça e ministério da Defesa e GSI. Todos esses elementos que expõe a debilidade com a qual o governo se inicia, elementos impostos a Lula pelo golpismo burguês.
Todos os eventos e movimentações da direita tem servido a função de desmoralizar e enfraquecer o governo Lula, um plano de sabotagem como já visto em diversas outras ocasiões em que golpes eram preparados contra presidentes eleitos pelo povo, como na Venezuela, Bolívia, Chile e demais países vítimas do vampirismo capitalista.
Devemos ter, diante da situação, duas certezas: a de que a burguesia não aceitará Lula com facilidade e que prepara um novo golpe de Estado, e nos resta saber se prepara a médio ou longo prazo. E a segunda certeza, essa a mais importante de todas, é a certeza de que a luta contra o golpe, em defesa de Lula e em defesa da manutenção das conquistas dos trabalhadores da cidade e do campo deve ser a mobilização popular. O governo Lula não tem nenhum ponto de apoio sólido que não seja o povo nas ruas defendendo seu governo.
E ainda assim, a burguesia tenta impedir com que Lula conquiste a confiança do povo revertendo as privatizações, fixando um salário mínimo vital e concretizando de fato a qualidade de vida dos operários que Lula tanto almeja dar.
Por esses motivos, é preciso iniciar já um processo de mobilizações populares que terão de culminar em um grande congresso de todo o povo trabalhador. Por isso, os comitês de luta estão convocando imediatamente a III Conferência Nacional como parte importante da preparação e convocação de um congresso do povo que deve ser chamado pelas grandes organizações populares, como CUT, MST, UNE. É preciso chamar todos os ativistas, chamar as organizações populares, sindicais, estudantis para um encontro nacional que organizará a mobilização em defesa do governo Lula.
Devido à urgência do caso, a direção do PCO, reunida nessa segunda-feira (23), propõe que essa III Conferência ocorra em abril, em São Paulo.
Nas palavras do próprio Lula, “sem mobilização, não vai ter nada”. O povo na rua, o povo se organizando e o povo em luta é o que Lula precisa para mudar a correlação de forças no escopo nacional e avançar de forma progressista durante seu governo. É preciso fazer deste governo palco de mobilizações populares históricas, sinalizando um verdadeiro afluxo dos movimentos operários e de base. Quebrar a paralisia da esquerda e demonstrar que a luta política é o elemento chave para o desenvolvimento da consciência popular e a realização de um governo operário.
Trabalhadores de todo o Brasil devem estar nas ruas para defender não apenas suas reivindicações, mas impedir o golpe e a sabotagem que a direita, a burguesia e os militares preparam contra Lula.
Desde já é preciso preparar um congresso do povo, e a conferência dos comitês será um passo importante nessa preparação. Para a mobilização para a conferência, devem ser organizadas plenárias municipais e estaduais para preparar a mobilização. O objetivo é mobilizar milhares de ativistas na conferência e a partir daí colocar em marcha uma enorme mobilização nacional levantando as reivindicações do povo: contra as privatizações, por um salário mínimo vital, contra o golpismo da direita.
As atividades que antecederem a III Conferência Nacional dos Comitês de Luta prestarão serviço para mobilizar e convocar para a grande conferência nacional. Por exemplo, vem aí um grande evento popular, em que as massas se colocam nas ruas e manifestações de protestos e reivindicações políticas são sempre presentes: o carnaval. O carnaval deve, por si só, ser um grande evento de mobilização, com blocos organizados em todo o País, levanto adiante as mais ousadas e vivas defesas do governo Lula. O dia 8 de Março, dia de luta da mulher operária, deve ser um momento de mobilização ampla e real, abandonando as manias reacionárias que se abateram sobre a esquerda. No dia 31 de março, em protesto contra o golpe militar, atos devem ser também chamados em todo o Brasil.
Sem perder o horizonte da luta e sem nos esquecer da ordem do dia, a mobilização popular, defenderemos o governo Lula e derrotaremos o golpismo. A classe operária só tem a ganhar, e nada a perder que não sejam suas correntes.