No dia 20 de novembro, a Marcha da Consciência Negra completou 20 anos, marcha que tem se tornado cada vez mais despolitizada. As reivindicações políticas e econômicas têm cedido lugar ao identitarismo. As lideranças combativas deram lugar a carreiristas, que utilizam a questão do negro como alavanca para sua ascensão social.
A Marcha em São Paulo foi pouco convocada e, portanto, esvaziada. Uma deficiência das organizações que convocam o ato é a falta de divulgação do mesmo, com panfletos, chamadas, debates, etc. No entanto, o que chamou a atenção foi a questão política. Nenhuma reivindicação verdadeiramente séria veio da organização e da maioria das pessoas que falaram no carro de som. Além disso, os grupos identitários que controlam a organização do ato utilizaram o método da direita, cerceando a palavra. O Coletivo João Candido, coletivo de negros do Partido da Causa Operária (PCO), por exemplo, não pôde falar no carro de som, assim como outros movimentos.
A solidariedade à Palestina deveria ser o tema central do movimento, uma vez que o povo palestino sofre violenta discriminação racial de extermínio por parte do Estado racista de Israel. O Estado de Israel vem promovendo um dos mais bárbaros morticínios que o mundo já conheceu em sua história, onde as vítimas preferenciais são a população civil, em particular, crianças e mulheres. A solidariedade não veio na medida necessária e existiu quem criticasse tal solidariedade entre os oprimidos, afirmando que a questão palestina “invisibiliza” o problema do negro no Brasil.
Essa posição política, que tomou conta de boa parte do movimento negro mais organizado, advém da relação que organizações do movimento negro mantêm com os bancos e ONGs imperialistas. Essa posição tem tornado parte do movimento negro tão dependente financeiramente de tais organismos que perderam completamente sua independência e apenas repetem coisas inócuas ou aquilo que o imperialismo quer ou permite. Atuam apenas no limite que o imperialismo permite.