O jornal o Estado de S. Paulo publicou editorial, nessa segunda-feira (4), com o título “O silêncio obsequioso da esquerda identitária”. Nele, o jornal aproveita a demagogia direitista do identitarismo, que com incentivo da imprensa burguesa como o Estadão, passou meses fazendo a campanha por uma mulher negra no STF.
O editorial do jornal revela bem qual era o interesse do imperialismo ao incentivar tal campanha por meio das ONGs identitárias: desgastar o governo Lula.
Conforme afirma o próprio editorial, o imperialismo esperava – ou ainda espera – mais barulho dos identitários com a escolha de Flávio Dino para a vaga.
“Ao indicar o ministro da Justiça, Flávio Dino, para o Supremo Tribunal Federal, o presidente Lula da Silva causou considerável frustração entre os petistas, que não gostam de Dino, e, sobretudo, entre os militantes dos movimentos de esquerda que fazem das questões raciais e de gênero o centro de sua luta política – o chamado ‘identitarismo’.(…) da tal esquerda ‘identitária’ se esperava uma reação barulhenta e raivosa, como é habitual para essa turma, mas eis que dela só temos notícia de um obsequioso silêncio.”
Parece que quem se frustrou foi o próprio Estadão, porta-voz dos interesses imperialistas. Não pela indicação de Flávio Dino, cujo nome sempre esteve entre os preferidos dessa direita, mas pela ausência de barulho dos identitários.
O objetivo da imprensa capitalista ao fazer a campanha pela mulher negra no STF fica revelado por essa frustração do Estadão. A ideia era criar um inferninho em torno de Lula, desgastar o governo diante de uma pseudo-esquerda de classe média que se deixa levar pelas babaquices identitárias.
No fim das contas, parece que foi fogo de palha. Fizeram um barulhinho internacional, colocaram cartazes na Índia, vídeos na Times Square, contrataram um episódio do programa de Gregório Duvivier na emissora norte-americana HBO.. e ficou nisso.
O que mostra bem claramente que o identitarismo é algo extremamente impopular, uma ideologia artificial criada e financiada dos escritórios dos países imperialistas – EUA em primeiro lugar – para fazer uma campanha golpista com um bem desbotado verniz de esquerda. Movimento mesmo, não há nenhum. São organizações igualmente artificiais, que se sustentam pelo dinheiro do imperialismo e pelo espaço que a imprensa golpista, como o próprio Estadão, oferece.
O forte da imprensa capitalista é o cinismo. Então, o Estadão aproveita para ele mesmo insistir em mostrar como o governo Lula é “machista”, “sexista”, “racista” e sabe-se mais o que. Como se o Estadão estivesse muito preocupado com isso.
“O presidente escolheu 11 mulheres para um Ministério de 37 pastas, mas não tardaria a rifar duas delas no primeiro estremecimento da sua base de apoio no Congresso. Parte daquelas que restaram precisou enfrentar o esvaziamento das prerrogativas de suas pastas, incluindo Marina Silva (Meio Ambiente) e Sonia Guajajara (Povos Indígenas), ou, pela falta de recursos ou de iniciativas concretas do governo, resume suas atividades a eventos, grupos de trabalho e alguns esquálidos projetos – é o caso de Anielle Franco (Igualdade Racial) e Margareth Menezes (Cultura). Não raro Lula reforça, em derrapadas retóricas, seu apego a premissas machistas, e é bom lembrar que o PT apoiou uma anistia aos partidos que não cumpriram regras de cotas de candidaturas femininas.”
Se os identitários não fizeram barulho com a indicação de Dino, como revela o “frustrado” editorial do Estadão, o jornal golpista trata, ele mesmo, de fazer um barulhinho. Afinal, é a própria imprensa golpista o meio de comunicação desses identitários.
No fundo, o Estadão e demais órgãos imperialistas sempre souberam que os identitários são incapazes de fazer grande barulho. Eles são movidos a dinheiro. Por isso o próprio Estadão toma a iniciativa de mostrar que Lula é um grande inimigo das mulheres e dos negros. Quem acredita nessa preocupação do Estadão é que deveria fazer um tratamento de saúde mental.