Diante do fracasso do peronismo, estamos vendo um fenômeno novo na Argentina, o candidato à presidência de extrema direita, Javier Milei, venceu as primárias obrigatórias no domingo (13), com 30,5% do votos. Ultra neoliberal, Milei tem propostas extravagantes e é o mais direitista entre todos os candidatos de direita.
Javier Milei, representa a coalizão La Libertad Avanza que reúne 4 partidos da direita argentina. A coalizão Juntos por el Cambio (oposição) obteve 28,27% dos votos – 16,98% para Patricia Bullrich e 11,29% para Horacio Larreta. A aliança kirchnerista Unión por la Pátria teve 27,27% – 21,40% para o ministro da Economia, Sérgio Massa, e 5,87% para Juan Grabois. Com isso, Milei, Massa e Bullrich estão confirmados como candidatos nas eleições de 22 de outubro.
Somando os votos, a direita teve quase 60% dos votos na Argentina. E vários analistas políticos já vêem a vitória do candidato de extrema direita ainda no primeiro turno. Podemos ver que isso é resultado direto da política econômica de Alberto Fernandez. A inflação neste momento no país é de mais de 110% ao ano. É uma crise gigantesca. Essa vitória esmagadora da direita mostra a insatisfação popular com o atual governo.
Isso serve de alerta para o Partido dos Trabalhadores no Brasil. Se o governo continuar fazendo concessões à direita, não coloca em prática uma política social e econômica realmente a favor da classe operária, dos trabalhadores, a tendência é que fenômenos como Milei apareçam por aqui também. O discurso é bem parecido com o do bolsonarismo, porém é muito mais radical. O candidato argentino se coloca como anti sistema.
Alguém poderia dizer que essa fase o Brasil já passou com Bolsonaro, no entanto não é verdade. À medida que as crises econômicas se aprofundam, candidatos com discursos radicais tendem a ganhar espaço e eleitores. Se a política econômica do governo Lula fracassar é muito provável uma onda ainda mais direitista e neoliberal. Neste momento Lula se encontra de mãos atadas diante do governo, cercado por um Congresso totalmente de direita, instituições muito reacionárias e uma sanha por repressão contra o povo gigantesca.
Nas redes sociais o Partido Novo, um partido neoliberal formado por banqueiros, comemorou a vitória de Milei compactuando com as propostas do candidato. “Milei, representa o exato oposto da ideologia que levou o país à crise. Defende o livre comércio, a redução dos gastos do governo e, principalmente, a liberdade. É a fórmula certa para qualquer país que queira afastar a crise, diminuir a pobreza e voltar a crescer.” Disse o partido.
Chama a atenção que, nesse momento, uma das principais lideranças do Novo, o governador mineiro Romeu Zema, tem ganhadoi bastante projeção. Uma de suas últimas polêmicas na imprensa foi a fala separatista entre norte e sul do Brasil. No entanto, apesar de uma frase absurda, uma pesquisa feita pela Genial/Quaest mostra que 57% dos brasileiros concordaram com a declaração do governador Romeu Zema (Novo) sobre a importância do Consórcio Sul Sudeste, o Cosud, assumir maior protagonismo político no Brasil.
Esse fato mostra que, apesar do cerco judicial a Jair Bolsonaro, a extrema-direita não foi derrotada no Brasil. Pelo contrário: ela cresce com a polarização política e já está recebendo o apoio de fatias cada vez maiores da burguesia.
