O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocupou, no último mês, três fazendas no extremo sul da Bahia.
As fazendas estavam na posse da Empresa Suzano Papel e Celulose, que, segundo a liderança do MST, descumpriu um acordo que havia sido firmado, em 2011, com o MST e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
O acordo entre o MST e a Empresa de papel se deu diante da degradação causada pela empresa com a plantação de Eucalipto no terreno. Além da Suzano, também foram firmados acordos com as empresas Veracel e Fibria.
Após a denúncia foi firmado um pacto entre o MST e as empresas, e as terras foram destinadas ao assentamento de famílias para reforma agrária.
Porém, a empresa Suzano não cumpriu com o acordo e o movimento resolveu avançar.
“Nas áreas da Veracel nós assentamos 720 famílias. Nas áreas da Fibria, 612 famílias. Nas áreas da Suzano, que seria o compromisso de 650 famílias, até agora nada”, disse o líder do movimento na Bahia Evanildo Costa.
Logo após a ocupação da terra por cerca de 1500 trabalhadores, após oito dias, a polícia, a mando da empresa, despejou os trabalhadores da terra que lhes cabia.
A princípio, o movimento pretendia resistir à desocupação, porém o alto contingente da polícia militar enviado ao local acabou obrigando a retirada.
“Como a gente já desocupou em outros momentos e eles não cumpriram, tomamos a decisão de não desocupar simplesmente para ter reunião. O que fizemos foi cumprir a reintegração de posse decidida pela Justiça mediante a chegada de força policial”, continua Costa.
Na contramão dos interesses dos trabalhadores e da política de democratização da terra, o ministro do desenvolvimento agrário Paulo Teixeira declarou que o governo Lula irá “proteger a propriedade privada”.
“O Ministério do Desenvolvimento Agrário vai atuar conforme a Constituição, proteger a propriedade privada e exigir o cumprimento da função social da propriedade”, disse Teixeira. Para o ministro, o movimento deveria se retirar das terras e aguardar a solução por meio de um “diálogo”.
Para Teixeira e também para a imprensa burguesa, o MST deveria sentar e aguardar a reforma agrária por meio de uma solução amigável com os latifundiários, e ainda, segundo ele, os conflitos na terra aconteceriam diante da insistência dos movimentos sociais em não querer aguardar esse tipo de solução.
“Nós queremos acelerar o programa de reforma agrária, acelerar o atendimento às famílias que estão no campo. Já constituímos um núcleo de resolução de conflitos. Queremos diminuir os conflitos no campo no Brasil e implementar o programa de apoio à agricultura familiar. E, na nossa opinião, fenômenos como esses vão diminuir por conta da aceleração da reforma agrária”.
A posição do ministro Paulo Teixeira é completamente equivocada, os conflitos no campo acontecem pela própria existência dos latifúndios, que retiram dos povos do campo a possibilidade de ter essa própria terra e possibilidade de sustento, e impedem qualquer tentativa de retomada da terra pelos sem terra lançando mão de pistoleiros e policiais que não pensam duas vezes antes de atirar para matar.
Todo apoio às ocupações dos trabalhadores da terra. A terra só será retomada por meio do avanço organizado desses trabalhadores, qualquer solução fora disso não é solução, mas sim enrolação.