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Efeito Orloff

O voto do desespero

É preciso buscar forças na classe trabalhadora para evitar que o Brasil de amanhã seja a Argentina de hoje

Um fenômeno se destacou na expressiva vitória do pró-imperialista feroz Javier Milei (da coalizão de extrema-direita Liberdade Avança), que conquistou 7 milhões de votos (30%) nas primárias da Argentina (PASO): o apoio da juventude argentina. Segundo uma pesquisa da empresa Zuban / Córdoba y Associados (publicada em julho), 41,5% dos jovens entre 16 e 30 anos declararam voto em Milei, contra quase o dobro do peronista (e também direitsta) Sergio Massa (21,9%). O jornal argentino Página 12 tirou uma matéria destacando quem são os jovens que apoiam o programa de Milei: “a geração sem casa, nem carro, nem nada” (““La generación sin casa, sin auto, sin nada”: Los jóvenes que votaron a Milei”, Silvina Friera, 21/8/2023).

Citando a hiperinflação do país (que ultrapassa 115% nas estatísticas oficiais), o jornal dá voz a jovem Juliana De Bonis, de 23 anos e estudante de Direito Na Universidade Nacional de Rosario, que escamoteia o conhecido orgulho nacional de seus compatriotas e defende, sem meias palavras, a colonização da nação vizinha pelos EUA:

“Por isso, apoio qualquer solução para a inflação, mesmo que nos tornemos uma colónia dos Estados Unidos; é triste o que estou a dizer”, confessa a jovem de Rosário, “mas temos de sair de tudo isto porque estamos a afundar-nos”(idem).

Outra jovem, ligada a ala jovem do Liberdade Avança e particpante da luta contra a liberdade das mulheres abortarem, Mila Zurbriggen (24 anos), destaca também o mal estar generalizado que aflige a população argentina e em especial os jovens:”’Desde que nascemos, nunca vimos a Argentina bem’, disse Mila Zurbriggen, de 24 anos”(“Javier Milei, o candidato libertário dos argentinos revoltados”, Juan Elman, OpenDemocracy, 12/8/2023).

Em meio ao desespero de uma crise crônica e a piora da situação econômica com a hiperinflação, a parcela mais ativa da população argentina, os jovens apelam para uma solução equivalente a uma bomba atômica no país. Melhor isso, parecem dizer, do que a política morna do peronismo.

Quando a chapa Alberto Fernandez e Cristina Kirchner foi eleita, não faltaram esquerdistas que trataram a atual composição da Casa Rosada (sede do governo argentino) como uma tática genial. Não consideraram os custos dela, que aparecem agora.

Massacrada pela crise e sem conseguir expressá-la através de um partido revolucionário, os jovem voltam-se a quem oferece uma perspectiva de provocar uma mudança séria no regime político, capaz de tirar o povo de sua situação desesperadora e da pobreza crescente. Da catástrofe econômica provocada pelo neoliberalismo e a fraqueza do peronismo, e das demais forças políticas de oposição ao programa do imperialismo, emergiu a força para um aventureiro radicalizado chegar as eleições do segundo país mais importante do subcontinente com condições de ser eleito presidente. Uma conjuntura propícia para o surgimento de oportunistas como Milei, além de ser um alerta para o Brasil.

A principal nação latino-americana tem mais gordura para queimar, mas dado os interesses do imperialismo na etapa de crise atual, a mesma operação de devastação deve ser operada no País. A julgar pela política de frente-ampla, com o presidente Lula sendo categoricamente impedido de governar para os interesses dos trabalhadores que o elegeram, o Brasil corre o risco de ver o mesmo mal-estar impulsionar alguém muito pior do que Bolsonaro, um defensor do imperialismo capaz de cumprir o programa de destruição nacional desejado pelo setor principal dos golpistas. É preciso buscar forças na classe trabalhadora para evitar que o Brasil de amanhã seja a Argentina de hoje.

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