Os companheiros do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam, na madrugada do último sábado (25), a fazenda São Lukas, no município de Hidrolândia, interior de Goiás.
A Polícia Militar não pensou duas vezes e, no dia seguinte, já enviou um grande contingente de seus assassinos profissionais para esmagar a ocupação, liderada pelas mulheres do MST, à frente de 600 famílias. O MST denunciou a PM por “reprimir a ocupação pacífica e democrática, com uma operação totalmente ilegal e violenta para despejar as famílias, mesmo a propriedade ocupada sendo de competência da União”.
“A ação do Governo de Goiás, por meio da Polícia Militar, de proteger latifúndio usado para exploração sexual e tráfico humano, foi arbitrária e ilegal”, disse ainda a nota publicada pelo movimento. “O papel do Governo deve ser de buscar a solução pacífica e garantir a justiça e a paz social, não de reprimir com aparato de guerra atos democráticos que reivindicam direitos constitucionalmente garantidos.”
A ação do MST decorreu como uma preparação do “Abril vermelho”, campanha que será realizada no mês que vem em todo o Brasil, na expectativa de ocupar latifúndios e exigir do Governo Federal a realização da reforma agrária.
Movimentos como esse foram realizados no começo de 2023, na Bahia, quando o MST ocupou terras da empresa Suzano de papel e celulose. A Frente Nacional de Lutas (FNL) também indicou um começo de ano de ocupações de terra no Sudeste, movimento que levou à prisão ilegal do companheiro José Rainha.
É evidente que a eleição do presidente Lula, fruto da mobilização dos trabalhadores e dos movimentos populares, deu um ímpeto aos movimentos de luta pela terra, uma vez que Bolsonaro (presidente dos latifundiários) foi derrotado e agora o governo é mais alinhado aos objetivos do movimento popular.
Por isso mesmo os latifundiários já começam a se reorganizar contra os sem terra. Na Bahia, mais de 800 donos de latifúndios formaram uma articulação que conta com o apoio de organizações patronais do campo e prefeituras.
Um deles, o fazendeiro Luiz Uaquim, de Ilhéus, disse à CNN Brasil que a eleição de Lula estimulou o movimento mais combativo dos sem terra. Disse ainda que “invasão de terra em áreas particulares bem resolvidas tem que ser considerado um ato de terrorismo”.
Terrorismo é o que fazem os latifundiários, que contrataram pistoleiros e utilizam a PM como uma milícia fascista privada para massacrar os camponeses que lutam pelo direito à terra. Quem invadiu as terras são os latifundiários, terras públicas, das quais se apropriaram para usufruto privado, para viverem como parasitas da renda da terra, enquanto milhões de trabalhadores rurais não têm um pedaço de terra para arar e plantar.
Os companheiros do MST devem manter e ampliar as ocupações, não apenas de latifúndios improdutivos, como também dos produtivos. É preciso mobilizar todos os sem terra do MST, e unir a eles os camponeses da FNL, LCP e dos outros movimentos de trabalhadores do campo. É necessário iniciar uma luta radical contra o latifúndio, que há muito tempo declarou guerra aos sem terra e promove um banho de sangue no campo.
Se o MST quer que seja realizada uma verdadeira reforma agrária, é preciso seguir exatamente esse caminho e aprofundar a luta, com o apoio das organizações dos trabalhadores da cidade e dos partidos políticos da esquerda. Fazer os latifundiários fascistas pagarem pelo terror que eles semeiam contra os camponeses sem terra. Ocupar e expropriar os latifúndios, verdadeira herança colonial, escravocrata e feudal. É hora de botar medo nos latifundiários, para que não tenham a audácia de voltar a reprimir aqueles que lutam pelo legítimo direito à reforma agrária.