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“Lula banqueiro”

O retorno do golpismo da esquerda pequeno-burguesa 

Setores da esquerda aprofundam sua política golpista, consideram o presidente um lacaio de um setor da burguesia e não um aliado da classe operária em sua luta

A esquerda pequeno burguesa parece não perder uma única oportunidade para atacar o governo do presidente Lula, principalmente em questões que não merecem críticas. É o caso da disputa entre Lula e os bancos internacionais, expressa na questão do Banco Central controlado pelo bolsonarista neoliberal Campos Neto. O MRT publicou em seu sítio Esquerda Diário o artigo “Adversários públicos, BC e Lula convergem quando se trata da Dívida Pública” em que afirma com todas as letras que a política de Lula é a mesma que a dos neoliberais sobre a dívida pública. É um esquerdismo absurdo que se torna uma política golpista, da mesma forma que foi realizado com Dilma. Lula não seria um refém dos bancos, que trava uma luta contra eles, mas um neoliberal de feições esquerdistas, uma análise perigosamente errada.

A tese do MRT não é de que Lula defende, mesmo que moderadamente, os interesses da classe operária. Na verdade é tudo um jogo da burguesia: “Contudo, os holofotes em torno da taxa de juros e de uma nova regra que substitua o Teto de Gastos demarcam as fronteiras profanas do ponderável da ordem burguesa. A localização nesta disputa, de fato, indica as disputas de interesses e divergências econômicas entre frações da classe dominante.” E então cita os setores “Trabuco, CEO do Bradesco, advoga pela queda da taxa dos juros do BC para diminuir a inadimplência, da mesma forma, montadoras acreditam que tal medida aumentaria o consumo. Os defensores da manutenção da maior taxa do planeta são frações consideráveis do capital financeiro, da bolsa à operadores financeiros.”“Lula banqueiro”

Esse primeiro argumento é a raiz de todos o equivoco do MRT. Para eles Lula não é um representante da classe operária alçado a presidência após 6 anos de luta contra o golpe do Estado, ou seja, de luta contra o imperialismo. Ele é um fantoche de um setor menos importante do capital financeiro que teria como a personagem mais forte o Bradesco. É uma inversão da realidade para atacar o governo. A tese do MRT é de que Lula é um lacaio do imperialismo, nesse sentido tudo o que ele faz que aparenta ser pró trabalhador é na verdade uma defesa de algum setor da burguesia. O Esquerda Diário também deve afirmar que o Bolsa Família na verdade beneficia os pequenos empresários, e o cancelamento das privatizações iniciadas por Bolsonaro é bom para algum setor da burguesia. A política internacional de Lula de defender a Venezuela, Nicarágua e Cuba também deve ser boa para algum banqueiro.

Essa tese incorreta leva a conclusão de que o governo Lula não está ligado aos trabalhadores e portanto não será um governo que pode conquistar ganhos para a classe operária por meio de sua mobilização. Os trabalhadores não deveriam aproveitar a conjuntura de um presidente ligado aos movimentos sociais mas deveriam considerar que é um presidente de um setor menos importante da burguesia. O interessante é que essa análise, que aparece em outras tendências da esquerda, descreve melhor o bolsonarismo. Bolsonaro sim era ligado a um setor mais fraco da burguesia, por isso era atacado pela imprensa, pelo STF e pelo imperialismo. Lula é muito diferente, ele é líder operário, mas por não ser revolucionário dialoga e tenta fazer acordos com todas as forças sociais o imperialismo, latifundiários e a burguesia nacional. Mas a sua política é a de defesa moderada da classe operária e do nacionalismo econômico.

O MRT então para atacar ainda mais o presidente Lula usa o exemplo da dívida pública: “acima de falsas divisões e enfrentamentos públicos resolvidos em reuniões fechadas, repousa, imaculado, o consenso, do governo à oposição bolsonarista, da sacralidade da dívida pública”. A dívida pública que saqueia metade do orçamento nacional todos os anos é “sagrada” pois é de longe o maior lucro que o Brasil produz para o imperialismo, é uma riqueza sem igual em todo o planeta. A pressão em cima da manutenção da dívida portanto é uma das maiores do mundo. O fato de Lula não comentar a questão da dívida não significa que ele está de acordo com a sua manutenção, até porque Lula já mostrou no caso do Banco Central, que está disposto a comprar uma briga com os bancos.

O problema maior é que qualquer mínima proposta econômica é combativa por uma pressão enorme da burguesia. A questão da Bolsa Família já gerou uma crise. A questão do salário mínimo é ainda melhor para explicar. Um aumento grande na base do salário teria um impacto na burguesia, que teria que pagar os trabalhadores, mas teria um impacto ainda maior nos bancos. A maior fatia do orçamento após a dívida é a previdência social, um aumento de 100% no salário por exemplo, tenderia a um aumento semelhante na previdência, que se guia pelo mínimo. Isso teria que impactar de uma forma ou de outra no pagamento da dívida. Por isso a pressão dos banqueiros contra o aumento do mínimo é gigantesca. Lula que conseguia garantir pequenos aumentos todos os anos deu um aumento miserável em 2023 de apenas 18 reais.

O presidente Lula, nos últimos 2 meses de governo, já mostrou as suas tendências a se chocar com o imperialismo. O fato dele se enfrentar com o sistema financeiro na questão do BC é um indicativo de que se a luta dos trabalhadores se radicalizar ele pode se enfretar com os banqueiros no caso da dívida pública. O MRT não consegue compreender isso pois ela não entende que a radicalização dos trabalhadores infere na radicalização do presidente Lula. Sua tese do Lula burguês não comporta essa realidade. O MRT assim não percebe que na atual conjuntura se está no melhor momento, desde o início da contração dessa dívida pública, para que ela seja combatida pela classe operária. Só o fato de não compreender isso enfraquece essa luta.

O artigo fecha com um ataque ainda maior contra Lula: “Conformam-se (a esquerda no governo) com os limites impostos pelo próprio consenso neoliberal, dando sugestões e conselhos à Lula para diminuir as taxas e reverter a autonomia do BC. Ocorre que Lula possui conselheiros muito mais poderosos e que sempre serão ouvidos, como Luiza Trajano”. O MRT afirma com todas as letras que o presidente Lula sempre terá ouvidos para bilionários como Luiza Trajano, é uma forma de colocar que o governo Lula é um governo dos bilionários. No fim é uma readaptação da tese golpista contra a presidenta Dilma, uma política muito perigosa da atual conjuntura de golpismo das forças armadas e possivelmente do próprio imperialismo.

O principal problema do MRT é que ele não atua no movimento operário. A luta contra a dívida pública é a luta contra os banqueiros que por sua vez é a luta contra o imperialismo. No Brasil desde 2016 a expressão política disso foi a luta contra o golpe de Estado e depois em defesa da Lula presidente. O MRT não participou desse movimento, não entende portanto como em torno de Lula se articula toda uma gigantesca mobilização nacional que pode garantir enormes conquistas para a classe operária. Pelo contrário, olhado de fora eles não enxergam milhões de trabalhadores da cidade e do campo ávidos por lutar agora que Lula é presidente. Eles veem apenas a burguesia, mesmo assim não percebem que ela tenta se equilibrar na atual crise do capitalismo e que entrou em uma situação ainda mais periclitante no dia 30 de outubro quando a classe operária brasileira impôs uma derrota a direita ao eleger Lula presidente.

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