É bastante fácil acessar declarações abertamente racistas de dirigentes israelenses. Separamos aqui algumas declarações repercutidas no site da Al Jazeera, do IMEU (Institute for Middle East Understanding) e do Palestine Advocacy Project. É particularmente chamativo que, numa época de cancelamentos por frases mal colocadas e linchamento virtual, os sionistas de Israel tenham carta-branca para vomitar seu ódio ao povo palestino.
Em março deste ano, a emissora catarense Al Jazeera denunciou declaração do ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, líder do então Partido Sionista Religioso (sim, é o nome do partido, que se juntou esse ano ao O Lar Judeu, formando o Partido Religioso Nacional – Sionismo Religioso). Dias antes, colonos israelenses haviam atacado diversos vilarejos palestinos na Cisjordânia, deixando mais de 100 palestinos feridos e assassinado uma mulher, no que seria uma resposta ao assassinato de dois israelenses próximo à cidade de Huwara. Smotrich declarou que Huwara deveria ser varrida do mapa e que o estado de Israel deveria providenciar isso.
O site do IMEU reuniu diversas citações, que reproduzimos aqui para expor o nível do debate entre os sionistas israelenses:
“O que há de tão horrível em entender que todo o povo palestino é o inimigo? Todos eles são combatentes inimigos e seu sangue estará na cabeça de todos eles. Isso também inclui as mães dos mártires, que os enviam ao inferno com flores e beijos. Elas deveriam seguir seus filhos, nada mais justo. Elas deveriam ir, assim como deveriam ir as casas nas quais criaram essas cobras. Caso contrário, mais cobrinhas serão criadas lá”. Ayelet Shaked citando um ex-ativista colono, redator de discursos e conselheiro de Netanyahu em 2014. Foi Ministra da Justiça de 2015 a 2019 e Ministra do Interior de 2021 a 2022.
“Aqueles que estão conosco merecem tudo, mas aqueles que estão contra nós merecem ter suas cabeças decepadas com um machado”. Avigdor Lieberman em 2015. Ocupou diversos cargos do alto escalão do governo israelense, o último foi como Ministro das Finanças de 2021 a 2022.
“Nossos soldados são os únicos inocentes em Gaza. Sob nenhuma circunstância devem ser mortos por uma falsa moralidade que prefere proteger civis inimigos. Um fio de cabelo de um soldado israelense é mais precioso que a população inteira de Gaza, que elegeu o Hamas e apoia e encoraja qualquer um que matar israelenses”. Moshe Feiglin em 2014, enquanto era membro do parlamento israelense pelo partido Likud, de Netanyahu.
“(Os palestinos) são animais, eles não são humanos”. “Um judeu tem sempre uma alma mais elevada do que um gentio (um não-judeu), mesmo se ele for homossexual.” Rabbi Eli Ben Dahan em 2013, atualmente integra o Ministério de Defesa.
“Os sudaneses são um câncer em nosso corpo. Faremos tudo para mandarmos de volta para o lugar de onde vieram”. “Estou feliz por ser uma fascista”. Miri Regev em 2012, atual Ministra dos Transportes, Infraestrutura Nacional e Segurança Rodoviária.
“(Há) 92 mil famílias em Israel nas quais um dos parceiros não é judeu – temos um problema real com o qual temos que lidar”. Tzipi Hotovely em 2011, atualmente é Embaixadora de Israel no Reino Unido.
“A ameaça palestina tem características similares a um câncer que precisa ser eliminado. Existe todo tipo de solução para um câncer. Uns dizer que é necessário amputar órgãos, mas no momento estou aplicando quimioterapia”. Moshe Ya’alon em 2002, além de militar foi vice Primeiro-Ministro, Ministro de Relações Estratégicas e foi Ministro da Defesa até 2016.
“(A maneira para lidar com os palestinos é) bater neles, não apenas uma vez mas repetidamente, bater neles até que doa tanto, até que seja insuportável”. Benjamin Netanyahu, atual Primeiro-Ministro de Israel, em 2001.
O sítio do Palestine Advocacy Project cita algumas destas frases e traz mais uma do atual Ministro do Interior, Eli Yishai, que exortou a “mandar Gaza de volta para a Idade Média”. Sobre as declarações dos sionistas israelenses, o texto publicado chama a atenção para a discrepância entre as reações do público norte-americano com declarações de Trump sobre os muçulmanos, enquanto ignoram a ação dos políticos israelenses. Cabe pontuar que não se trata de um problema dos norte-americanos em geral, mas de uma campanha política levada adiante pelo imperialismo com todo o seu poder econômico.
Esse tipo de licença dada aos sionistas mostra o cinismo das campanhas ideológicas do imperialismo, como a defesa da democracia, das mulheres, da população LGBT e por aí vai. Se os Estados Unidos defendem com unhas, dentes, dólares e mísseis um governo abertamente racista e genocida, sua retórica sobre “direitos humanos” não merece o mínimo respeito. O que poderia ser mais “discurso de ódio” do que essa pregação nazista dos políticos israelenses?