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BRICS e Mercosul

O que quer o Brasil às vésperas das eleições argentinas

Lula tenta resgatar a economia argentina às vésperas da eleição para impedir um avanço da direita pró-imperialista e um isolamento regional do Brasil

A situação econômica argentina é caótica. O país está refém dos Fundo Monetário Internacional (FMI) e do dólar, e o governo Alberto Fernandez, com sua política limitada de conciliação com o imperialismo, ameaça a colocar a nação sob controle da extrema direita, que cresce cada vez mais nas pesquisas de intenção de voto, com a figura de Javier Milei, um capacho dos monopólios internacionais.

Na última cúpula dos BRICS, a principal força política dos países oprimidos, a Argentina, que é  o segundo país mais importante da América do Sul, foi integrado ao bloco, com outros países atrasados importantes, como Arábia Saudita, Egito e Irã. A inclusão dessas e outras nações no bloco revelam, não somente a crise da dominação imperialista mundial, como também, nesse sentido, uma tendência de cooperação entre os países oprimidos no sentido contrário à política do imperialismo.

Integrante e fundador do bloco, o Brasil, através do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, tem dado uma importância especial à questão da Argentina. Para o governo brasileiro, é fundamental impedir a ascensão da direita neoliberal no país, pois isso significaria a perda de um importante aliado político e econômico no continente. Significaria também um isolamento do país no Mercosul.

Com a suspensão da Venezuela, a vitória da direita argentina significa que o Brasil seria o único país governado pela esquerda no bloco regional. Lula, então, ficaria cercado pelos governos direitistas da Argentina, do Paraguai (Santiago Peña) e Uruguai (Lacalle Pou), uma evidente ameaça à integração regional defendida por Lula.

É por essa razão  que Lula vem atuando nesse momento como um importante agente político  contra  a derrota da esquerda nas eleições marcadas para outubro na Argentina. A tarefa, no entanto, é complexa. Principalmente porque a esquerda argentina renunciou a lançar sua candidata mais popular, Cristina Kirchner, perseguida pelo Judiciário golpista, para lançar o ministro da Economia do atual governo, Sergio Massa, ainda mais impopular e direitista que o atual presidente Alberto Fernandez.

Lula, portanto, deverá atuar no sentido de resolver — ou pelo menos amenizar — o caos econômico no país vizinho.

A entrada da Argentina nos BRICS ajuda o país nesse sentido. Facilita a aliança do país com a China e as transações econômicas na moeda chinesa, o yuan, diminuindo a dependência argentina do dólar norte-americano. Reportagem da Sputnik aponta que “a adoção do yuan pode ser a porta de saída para que países do Sul Global e do BRICS escapem da chantagem e da pressão do setor financeiro internacional liderado pela esfera Nova York-Londres”.

A reportagem aponta que a desdolarização em transações financeiras foi um dos temas em pauta na visita do ministro Massa a Brasília, onde ele se reuniu com o ministro da Fazenda brasileiro, Fernando Haddad, e com o presidente Lula. “No encontro, Brasil e Argentina chegaram a um entendimento para assegurar a continuidade de exportações importantes entre os dois países. O acordo, que envolverá o Banco do Brasil (BBAS3), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF), somará cerca de US$ 600 milhões, mas ainda depende de uma aprovação do conselho gestor do CAF, que se reunirá no próximo dia 14”, destacou a Sputnik.

O acordo representa a retomada de uma participação maior do Brasil na economia argentina, com o envio de bens manufaturados à Argentina. O acordo também colabora no desenvolvimento nacional do Brasil, que cada vez mais, principalmente após o golpe de Estado de 2016, se vê na condição de mero exportador de commodities. Entrevistado pela Sputnik, o economista Fábio Sobral, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), apontou que o encontro sinaliza para uma parcela dos argentinos “a ideia de que o governo terá um apoio para reerguer a economia nacional”. “Lula sinaliza, assim, um processo de apoio a um projeto que [o ex-presidente] Bolsonaro foi contra. Está dizendo que eles [os argentinos] não estarão mais sozinhos”, lembrou.

No mesmo sentido, Haddad recentemente propôs a adoção do yuan em transações com a Argentina como forma de contornar a escassez de dólares no país vizinho. O uso da moeda chinesa não seria interessante economicamente apenas para Brasil e Argentina, mas também para os BRICS e todo o continente sul-americano — ajudaria também a afunda ainda mais o domínio mundial do dólar, imposto pelo mercado financeiro.

O professor Sobral aponta corretamente que a adoção do yuan oferece “uma possibilidade de escapar do domínio do mercado financeiro atlanticista, Londres–Nova York, que tem medidas reguladas inclusive pela legislação americana, com vigilância muito intensa do FBI, do Departamento de Justiça americano e dos órgãos de inteligência americanos”. “A adoção da moeda chinesa tem esse aspecto: livrar-se dessa pressão, dessas ameaças do setor financeiro internacional, inclusive ameaças de desestabilização interna das economias por desvalorização das suas moedas”, explica.

Ele também lembrou que, ao contrário do dólar, que perdeu seu lastro na economia produtiva e serve apenas como ferramenta do mercado especulativo, o yuan está baseado em ativos reais, sejam commodities, produtos manufaturados, serviços reais que estão ligados ao processo produtivo. “Eles são muito mais representativos do PIB dos países, do fluxo comercial real dos países, do que do endividamento desses países”, disse o economista, acrescentando que o uso do yuan “é uma alternativa para escapar da chantagem financeira e para ressaltar o papel da produção real”.

O processo de desdolarização na Argentina facilitará as trocas econômicas com o Brasil, visto que, atualmente, o país tem diminuído as importações do Brasil por falta de dólares.

Assim, Lula atua em conjunto com os BRICS para tentar resgatar a economia argentina às vésperas da eleição para impedir um avanço da direita pró-imperialista. No entanto, não se sabe se as manobras políticas serão suficientes para levantar a popularidade do atual governo e fazer Massa ganhar as eleições.

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