Na Análise Política da Semana deste sábado (02), o companheiro Rui Costa Pimenta, discutiu como tema central um tópico de grande relevância que tem ocupado o centro dos debates públicos no Brasil: o papel das Forças Armadas no contexto político do país. A discussão em torno desse assunto tem sido alimentada por diversas vozes, especialmente à medida que o cenário político se desenvolve.
Para entender o cerne dessa discussão, é essencial analisar o que está em jogo. Alguns setores da sociedade, especialmente o setor à esquerda, têm demonstrado uma preocupação em relação ao suposto poder das Forças Armadas no Brasil. Há quem defenda que o caminho a ser trilhado passa por retirar completamente os poderes dos militares. No entanto, essa ideia suscita uma série de questionamentos.
Primeiramente, é importante compreender a dinâmica do Congresso Nacional. Se o presidente Lula decidisse seguir por esse caminho e encaminhasse uma medida para retirar todos os poderes das Forças Armadas, quem votaria a favor? Esta é uma questão que merece reflexão, pois reflete uma certa ilusão sobre as instituições políticas brasileiras. Acreditar que os parlamentares têm a intenção de colocar os militares em segundo plano é, no mínimo, ingênuo.
As Forças Armadas Brasileiras desempenham um papel fundamental como a principal garantia do estado burguês. A ideia de enfraquecer essa estrutura é uma opção que dificilmente será concretizada. Na pior das hipóteses, poderíamos vislumbrar a aplicação de punições a um ou outro militar em casos extremos, mas isso não passaria de uma formalidade.
No centro dessa discussão, surge a questão de saber o que, de fato, representam as Forças Armadas no contexto brasileiro. Parte da esquerda acredita que aprovar leis que impeçam militares de se candidatarem às eleições é a solução para conter o seu suposto poder. No entanto, essa abordagem levanta um questionamento fundamental. Por que o simples fato de um militar ganhar uma eleição é considerado uma ameaça? O que exatamente isso provocaria?
Além disso, algumas vozes sugerem a proibição da participação de policiais militares nas eleições, o que é considerado uma medida antidemocrática. Afinal, os policiais militares já enfrentam restrições em relação ao exercício de seus direitos políticos, uma vez que a Polícia Militar é classificada como uma força militar. No entanto, ampliar essas restrições levanta questionamentos sobre os resultados desejados. Será que isso acalmaria as tensões políticas e reduziria o apoio ao governo Bolsonaro? A resposta não é clara.
Uma tese equivocada, defendida por alguns setores da esquerda, é a necessidade de despolitizar as Forças Armadas. No entanto, isso poderia torná-las ainda mais perigosas do ponto de vista político. Ao afastar completamente os soldados da vida política do país, eles ficariam sob o controle dos comandantes das Forças Armadas, que são, em número, vinte e três. Isso, na prática, colocaria todo o poder nas mãos da direita, sem garantir que os generais se despolitizassem.
A realidade é que os cidadãos, incluindo os militares, têm opiniões políticas. A ideia de que seria possível tirar completamente a política da cabeça dos generais é uma ilusão. A única maneira de efetivamente alcançar isso seria através de uma lavagem cerebral, o que não é uma opção viável. Portanto, a discussão sobre o papel das Forças Armadas no cenário político brasileiro deve levar em consideração essas complexidades e nuances, em vez de buscar soluções simplistas que, na prática, não alcançariam os resultados desejados.
Para acompanhar o debate completo apresentado nesta semana. Acesse o vídeo na Causa Operária TV: https://www.youtube.com/watch?v=MPCs_Oyu8F4
