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Oriente Médio

O povo palestino e o “povo” israelense

O suposto "direito histórico" à "Terra de Israel" é simplesmente um mito propagado pelos sionistas

Está em marcha uma verdadeira tentativa de promover uma limpeza étnica na Palestina. O “direito histórico” do “povo judeu” à “Terra de Israel”, porem, não passa de uma fábula criada para justificar os crimes cometidos contra o povo palestino. 

A principal justificativa dos sionistas para legitimar a expulsão em massa e a implementação de um sistema de segregação na Palestina imposto pelo Estado de Israel é a alegação de que a área representa a verdadeira terra dos seus ancestrais judeus. A “terra ancestral” foi o argumento central não apenas para iniciar o estabelecimento de assentamentos na região no início do século XX, mas também para a tomada de Jerusalém e grande parte da Palestina após a Guerra dos Seis Dias em junho de 1967.

Os sionistas buscam consolidar a unidade do “povo judeu” e, divulgando um suposto exílio histórico, buscam legitimar a pretensão de um “direito ancestral” à “Terra de Israel” (Eretz Yisrael). Com o apoio do imperialismo britânico e norte-americano, o movimento sionista é atribuído como responsável pela “repatriação do povo eleito” à sua “terra original”.

Dessa forma, o grupo que se considera representante do “povo exilado” reivindicava o direito à propriedade de um território onde esse povo, que como tal já não existe mais, não habitava há dois milênios, enquanto à população local que residia lá por muitos séculos (os árabes) era negada desse direito.

Nessas condições, a tentativa de estabelecer uma identidade unificada como “povo judeu” é simplesmente uma deturpação histórica. Isso ocorre, em primeiro lugar, devido à dispersão dos descendentes diretos dos judeus antigos pelo mundo, resultando em uma miscigenação com outras populações. O conceito de um judeu “puro” das antigas tribos que estabeleceram os reinos de Israel e Judá já não é válido, pois eles se integraram às diversas populações semitas do Mediterrâneo e da Mesopotâmia. A população judaica que habitou essas regiões ao longo dos tempos consiste em uma fusão de vários grupos étnicos que se converteram ao judaísmo. Portanto, trata-se essencialmente de um grupo religioso, o que invalida a noção de um “povo judeu”. O mesmo se aplica aos judeus europeus que deram início à colonização da Palestina.

Nesse contexto, em “A Questão Judaica”, Karl Marx, originário de uma família judia convertida ao cristianismo, descreve a “nacionalidade” judaica como uma “nacionalidade quimérica”, desprovida de substância, originada da imaginação. Argumentando contra os nacionalistas judeus, Marx observa que eles contrastam a “nacionalidade real” com sua “nacionalidade ilusória” e a “lei real” com sua “lei fictícia”, acreditando que têm o direito de se manter à parte da humanidade, de não participar, por princípio, do curso da história e de se apegar à esperança de um futuro que não tem relação com o futuro geral da humanidade, considerando-se membros do povo hebraico, que eles consideram escolhido. Por fim, o judeu alemão é identificado primeiro como alemão do que como judeu, da mesma forma que o alemão cristão é identificado primeiro como alemão do que como cristão.

Além disso, a fabricação artificial de uma identidade como “povo judeu” foi utilizada como justificativa para que judeus europeus de diferentes nacionalidades, sem qualquer conexão com os antigos habitantes da Palestina, promovessem um movimento nacionalista reacionário baseado em ideias que não eram respaldadas pelos líderes religiosos judaicos do passado. Estes últimos nunca defenderam o retorno à “terra ancestral”. Para eles, Jerusalém e a antiga região da Judeia eram apenas locais de culto religioso, e não um território destinado a abrigar um Estado judaico.

A colonização sionista na Palestina teve início como resposta às perseguições enfrentadas pelos judeus na Europa, especialmente na Rússia, no final do século XIX. Os primeiros sionistas eram em grande parte judeus do Leste Europeu que procuravam um local seguro para escapar da discriminação e da opressão.

Durante a Primeira Guerra Mundial, após a queda do Império Otomano, o movimento sionista obteve apoio da comunidade judaica global, incluindo figuras proeminentes como a família Rothschild, que forneceram suporte financeiro e influência política. Além disso, o imperialismo britânico, aproveitando o nacionalismo árabe para derrotar os otomanos e, posteriormente, por meio do Acordo Sykes-Picot, dividindo a região árabe com o imperialismo francês, desempenhou um papel relevante ao favorecer o estabelecimento de um Lar Nacional Judaico na Palestina.

No entanto, a colonização sionista entrou em conflito com o nacionalismo árabe, que se via ameaçado pela imigração judaica em massa. Isso levou a tensões crescentes e a conflitos entre as comunidades judaica e árabe na região.

Após a Segunda Guerra Mundial, o sionismo obteve um apoio crucial do imperialismo norte-americano por meio da Organização das Nações Unidas (ONU), que aprovou uma resolução para a formação de um Estado judeu na Palestina, resultando na criação do Estado de Israel em 1948.

No entanto, a história revela que a reivindicação dos judeus sobre o território da Palestina carece de fundamentação. Primeiramente, a região não é o local de origem dos antigos povos hebreus. Em segundo lugar, os colonizadores judeus na Palestina, que subsequentemente promoveram a limpeza étnica, não possuíam conexão alguma com a região. Esses colonos eram de ascendência asquenazi, principalmente provenientes da Europa Central e Oriental, como Alemanha, Polônia, Rússia e nações vizinhas.

O termo asquenazi deriva de Ashkenaz, a palavra hebraica para a Alemanha. Antes da chegada dos sionistas, a maioria dos judeus que residiam na Palestina eram sefarditas. Sefarad é a palavra hebraica para a Península Ibérica. Estes judeus se dispersaram por várias partes do Mediterrâneo, incluindo o norte da África, os Bálcãs, a Turquia e o Oriente Médio, após serem perseguidos pela Inquisição Espanhola, com o Decreto de Alhambra de 1492.

Quando os asquenazis chegaram à Palestina, confrontaram-se com os judeus ortodoxos locais, que se opunham às ideias seculares dos sionistas, e eram antissionistas. No momento das primeiras incursões sionistas na Palestina, os judeus representavam menos de 5% da população local, destacando a falta de conexões reais dos sionistas com a região. A população da Palestina era predominantemente composta por árabes, principalmente muçulmanos e, em menor escala, cristãos, com os judeus árabes sendo ainda mais raros.

A consolidação de um “povo judeu” promovida pelos sionistas é uma distorção. O judaísmo espalhou-se pelo mundo por meio da conversão de outros povos, chegando à Europa durante a Idade Média. Consequentemente, os judeus não são um grupo étnico homogêneo, mas uma mescla de várias origens, incluindo uma minoria que se converteu ao judaísmo por diversas razões. Neste sentido, se houvesse uma associação a ser estabelecida, os árabes que residem (ou residiam) na Palestina estariam mais próximos dos antigos judeus do que os sionistas europeus que atualmente dominam a região.

Portanto, o suposto “direito histórico” à “Terra de Israel” é simplesmente um mito propagado pelos sionistas para justificar os abusos perpetrados na Palestina.Essa história já foi contada em detalhes no Dossiê Causa Operaria e referimos o leitor às edições nº 13 e 14 e a edicao especial sobre a Palestia que, em breve, deve sair às ruas. O leitor pode, ainda, fazer sua assinatura e receber em casa (ou via internet) a publicação, basta acessar o site: dossieco.org.br

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