Por ocasião de completarem vinte anos de um dos maiores crimes de guerra que a Humanidade já conheceu, vemos como o imperialismo e um dos seus instrumentos de manipulação estão em uma franca desmoralização.
Uma clara prova destas tentativas de manipulação foi uma das colunas de um dos principais jornais estadunidenses publicado em 18 de março, com o título 20 Years On, a Question Lingers About Iraq: Why Did the U.S. Invade? (20 Anos depois, uma pergunta persisite sobre o Iraque: Porque os EUA invadiram?), o jornalista Max Fisher indaga as razões para os Estados Unidos da América invadirem o Iraque sem que tivessem sofrido nenhuma agressão do estado árabe.
A matéria destaca as mortes de iraquianos, estimada em 300.000 ou mais mortos, as mortes dos militares estadunidenses, cerca de 4600 estrangeiros. Também lista uma série de possíveis motivos e razões tais como as crenças do governo Bush, reais ou não, da existência de armas de destruição de armas ou do envolvimento de Saddam Hussein estaria envolvido nos ataques de 11 de setembro, o controle do petróleo iraquiano, excesso de confiança estadunidense, um desejo “popular” de uma guerra pra recuperar o orgulho nacional e até falhas de comunicação mútuas provocando uma desconfiança entre os Estados Unidos e o Iraque.
O texto procura se apoiar nas declarações de políticos e altos funcionários da época da invasão e nas análises de estudiosos ligados a centro de pesquisas e universidades estadunidenses.
Esta pode ser a origem da omissão de dois elementos fundamentais na sua explicação. Uma delas pode ser por uma barreira ideológica já a outra parece beirar a leviandade, deixando explicita mais uma tentativa de manipulação da opinião publica por este imperialismo em crise.
O jornalista é incapaz de citar o imperialismo como uma das razões do conflito ou da destruição do Iraque, parece ser um dos identitários do PSOL. Inclusive quando faz uma menção da Primeira Guerra Mundial, considera ser uma consequência de uma comunicação defeituosa entre os estados envolvidos, estimulando uma desconfiança mútua, sem ao menos aventar ser um resultado da luta entre dois blocos imperialistas.
Admitir que o conflito contra o Iraque pode ter acontecido por uma falta de comunicação e ao mesmo tempo não abordar o papel da imprensa estadunidense em “demonizar” o Saddan Hussein e no apoio incondicional ao conflito é realmente lamentável. Contudo qualquer análise sobre a imprensa teria que admitir a sua função de manipuladora da opinião pública.
Poucas vezes esta função ficou tão clara como no período de 2002 a 2003 quando as declarações do governo era divulgadas sem questionamento, aceitando a aplicação das sanções depois de 1991 que provocaram a morte de mais de 500 mil crianças no periodo anterior da Guerra.
Já é conhecimento geral que logo depois dos atentados de 11 de setembro de 2001 os principais assessores presidenciais como Paul D. Wolfpwitz e Donald Rumsfeld entre eles já desejavam realizar a invasão do Iraque. Só que perceberam que a opinião pública não aceitaria tão facilmente.
Era necessário iniciar uma campanha propagandistica. Muniz Bandeira, no livro “ A Formação do Império Americano” aponta como a rede de televisão CNN e o jornal The Washington Post usava a chamada “America at War” para divulgar noticias correlatas.
O primeiro passo foi fazer uma correlação do Saddam Hussein e o terrorismo da Al Qaeda. O artigo de Richard Perle, The U. S. must strike as Saddam Hussein (Os EUA devem atacar o Saddam Hussein em Inglês) publicaco em 28 de dezembro de 2001. O motivo seria porque ele odiava os EUA. Levado a sério a este argumento pelo menos metade do mundo deveria ser atacado. A imprensa ajudou divulgando reportagens com desertores que afirmavam conhecer centro de treinamento terrorista como a reportagem da Judith Miller de 20 de dezembro de 2001 ou dando espaço para declarações governamentais como a como a em uma conferência ou uma análise critica em relação Esgotado este argumento.
Foi acrescentado o da presença das armas em destruição em massa, mais especificamente armas químicas. O fato do Iraque ter empregado armas químicas durante a guerra contra o Irã e a partir de 1998 os inspetores internacionais foram expulsos do país acusados de serem espiões da CIA reforçava este argumento. Obviamente como as armas eram usadas contra os iranianos, a imprensa e o governo estadunidenses não faziam objeções e muito menos denuncias com exceção do ataque em Halabja no Curdistão Iraquiano quando foi ocupada por tropas iranianas e da guerrilha curda iraquiana.
A pressão do governo estadunidense foi enorme, buscando derrubar todas as barreiras que existissem. O caso mais notório foi a retirada do embaixador brasileiro José Mauricio Bustani, diretor da Organzação da Proibição de Armas Quimica, pelos seus esforços de fazer o Iraque assinar o tratado que proibia seu emprego e ser visitado por inspetores independentes. Mais uma vez a imprensa imperialista participou da ação com reportagens como a de Amy E. Smithson de 6 de abril de 2002 do N.Y. Times que diziam que o embaixador estaria fragilizado por exigir uma remuneração equivalente ao diretor da Agência Internacional de Energia Atômica e que ele deveria recuar da sua oposição para garantir o tratado, o artigo se chamou The Falling Inspector. ( O Inispetor Falido em inglês).
A retirada do embaixador Bustani foi o ultimo impecilho para a invasão da coalizão composta pelos Estados Unidos, Reino Unido, Polonia , Dinamarca e Australia. Nem os informes do sueco Habs Blix responsável por retormar as inpeções depois da aprovação da resolução 1441 ou a negativa do conselho de segurança em aprovar uma resolução que autorizasse uma ação militar como tinha acontecido conta o Talibã impediram este crime
A famosa atuação do general Colin L Powell, primeiro negro a ocupar o Secretaria de Estado dos Estados Unidos, equivalente ao Ministério da Relações Internacionais, no Conselho de Segurança da Organizações, mostrando “provas irrefutáveis” que o Iraque tinha armas em destruição em massa, fez parte da farsa que o governo estaduninense montou para realizar a guerra. Obviamente a imprensa imperialista não se preocupou em verificar se as informações eram correta. Em 2005 a CIA informou que não foram encontradas armas algumas.
Numa ação parecida com os golpistas de 2016 fizeram procurando se aliar com o Lula em 2022. os órgãos de imprensa começaram a afirmar que tinha sido enganados também que passariam adotar uma postura mais imparcial.
O conflito na Ucrânia mostrou como estas desculpas eram falsas. Mais importante confirma a necessária de fortalecer uma imprensa operária que pode denunciar as manipulações da opinião publica pela imprensa imperialista.