A Copa do Mundo de 1958 foi um marco importantíssimo para o futebol brasileiro, o futebol arte. Depois de décadas de espera, a Seleção Brasileira finalmente conseguiu se impor e com isso conquistou de maneira indubitável os corações de todos os apaixonados pelo futebol. Um dos vários lances antológicos dessa competição foi o quarto gol da final, quando Pelé deu um “chapéu” no zagueiro sueco e chutou com categoria para o fundo do gol.
O lance começa com um lançamento açucarado do maior lateral-esquerdo da história, Nilton Santos. Pelé escapa dos agarrões de um dos zagueiros e domina no peito como só ele fazia, o outro zagueiro, Gustavsson (outro jogador que ficou famoso por perder para Pelé), corre desesperado enquanto a bola pinga na sua frente.. sem qualquer pudor, simplesmente dá uma solada na coxa direita de Pelé, que mesmo assim toca a bola por cima dele e completa sem deixar a bola cair, no canto do goleiro sueco.
O Brasil já tinha virado o jogo com dois gols de Vavá, quando Pelé fez o terceiro gol brasileiro até os suecos já torciam para a nossa Seleção, que jogou a final da Copa de azul justamente porque os anfitriões usam camisa amarela também. Após sorteio, a delegação liderada por Paulo Machado de Carvalho tive que correr para improvisar o uniforme. Pelé ainda fez mais um para o Brasil no final do jogo, repetindo o placar de 5 x 2 imposto aos franceses na semifinal.
Como muitos jornalistas apostam na falta de memória do público, chegaram a decretar que a final da última Copa entre Argentina e França teria sido a maior final de todos os tempos. Acima dos seis gols anotados no final de 2022, a primeira decisão de Copas entre sul-americanos e europeus detém até hoje o recorde de gols em finais, com sete gols, cinco do Brasil e dois da Suécia. Além do recorde de Pelé como o mais jovem a marcar gol numa final, éramos os primeiros a conquistar uma Copa fora do próprio continente.
A imprensa francesa, que estava ainda na ressaca de tomar três gols do nosso camisa 10 na rodada anterior, passou a chamar Pelé de rei. Mas vale ressaltar que o título já havia sido dado pelo nosso melhor cronista esportivo, Nelson Rodrigues, em março daquele ano. Após um jogo entre Santos e América (RJ), diante da altivez e categoria do jovem de 17 anos, decretou em tom profético: “Com Pelé no time, e outros como ele, ninguém irá para a Suécia com a alma dos vira-latas. Os outros é que tremerão diante de nós”. Não só tremeram, como acabaram tendo que aplaudir e reverenciar a majestade do futebol arte.