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Demagogia identitária

O “golpismo antirracista” de Jones Manoel

Jones Manoel ataca Lula por garantir mais verbas aos serviços sociais, apesar dos ataques do próprio youtuber e de seu (?) partido

Na última quinta-feira, o youtuber Jones Manoel novamente, dando prosseguimento a sua campanha, publicou um vídeo de ataque ao governo Lula., de título: Qual o compromisso do Governo Lula com o antirracismo? Ao longo de sua apresentação, Jones busca utilizar o projeto de orçamento do governo, tanto do ano de 2023 como do ano de 2024 para afirmar que o presidente Lula, o que não é explicitamente colocado, mas fica claro, por motivos que veremos a seguir, não se preocuparia com a população e, em especial, a população negra do País.

De início, o youtuber ressalta a paralisia da esquerda, como que justificando seu argumento de uma pauta rebaixada, como a questão orçamentária, e para denunciar que, supostamente, a esquerda estaria tão degradada que nem mais em torno do orçamento realiza uma disputa: “a gente está num clima de letargia tão grande que até a disputa do orçamento público está sendo secundarizada”. Manoel destaca ainda alguns pontos para o orçamento do ano que vem “LOA [Lei Orçamentária Anual] que tem 0 reajuste para o funcionalismo publico federal”, “sem reajuste para o Bolsa Família. Tem reajuste ´para o salário mínimo, o que é importante, mas é um orçamento todo engessado e que não privilegia a classe trabalhadora”.

Meias verdades para encobrir uma política direitista, burguesa e golpista

Em seguida, reproduzindo o noticiado pela imprensa burguesa, Jones afirma que Lula estaria indo ao Tribunal de Contas da União contra os pisos da Saúde e da Educação, em específico para “cortar R$18 bilhões da Saúde”, o que é no mínimo uma meia verdade muito desonesta, vejamos a seguir. O orçamento de 2023 não foi estabelecido pelo governo Lula, mas ainda no governo Jair Bolsonaro, e sob o Teto de Gastos de Michel Temer (MDB). O Teto foi em parte superado, ou melhor, teve seu escopo reduzido pela aprovação do Arcabouço Fiscal, que reduziu o nível de contenção das contas públicas para os serviços à população, permitindo uma folga maior no orçamento. Assim, o piso para saúde e educação, de acordo com o Arcabouço Fiscal aprovado, e não mais o Teto, exigiria uma fatia maior do que estava previsto do orçamento para a pasta da Saúde (a verba da educação já estava acima mesmo do novo valor).

Acontece que o orçamento deste ano já estava estabelecido, ou seja, para o governo, o arcabouço valeria para o ano que vem, 2024. É importante frisar, Jones Manoel e o PCB, seu ex (?) partido, caracterizaram o Arcabouço como um novo Teto de Gastos, uma política neoliberal, e se colocaram contra ele. Ora, se o Arcabouço seria uma reedição do Teto, por que então o orçamento para os serviços à população aumentaram consideravelmente? E agora, após ser e fazer campanha contra a medida do governo Lula, aprovada pelo governo, Manoel usa a própria medida do governo para atacar o governo, defendendo a consequência direta dessa medida. Chega a ser cômico.

Nesse sentido, para evitar descumprir cláusula constitucional, no caso de o Arcabouço estar aplicado a este ano, o governo vai recorrer ao TCU. Segundo o youtuber, tal medida seria profundamente antidemocrática:

“Recorrer ao TCU para anular um direito constitucional sem apresentar uma PEC é um autoritarismo bizarro, absurdo. Algo que nem Temer fez, quando Temer quis atacar os mínimos constitucionais da Saúde e da Educação, e aí Congresso comprado, Eduardo Cunha, tudo isso, mas foi uma PEC. Passou pelo Congresso, deu pra gente lutar, deu pra gente se organizar.”

Novamente, não se vê esta denúncia de Jones dos abusos do judiciário quando se trata do Supremo Tribunal Federal, que vem atropelando a Constituição há anos. De fato, a “denúncia” do caráter não eleito e autoritário do judiciário é utilizada pelo youtuber apenas para atacar não o judiciário, mas o próprio Lula. Pior, Jones caracteriza Lula como mais autoritário que o golpe de 2016 e todo seu regime de destruição porque o regime golpista seguiu as regras estabelecidas em lei. É lindo como a democracia trucida de maneira democrática a população, e feio como os autoritários autoritariamente tentam governar garantindo mais direitos aos trabalhadores enquanto sofrem um verdadeiro estado de sítio em seus próprios governos.

O “ponto principal”

Após essa série de pontos, visando mostrar Lula como um neoliberal, o youtuber chega enfim ao ponto central de seu próprio vídeo: o orçamento dos ministérios. Jones denuncia a falta de orçamento para os ministérios demagógicos identitários: todos têm menos de 1 bilhão. Jones destaca Direitos Humanos e Cidadania de Sílvio Almeida, Mulheres e Igualdade Racial (este o com menos recursos). Esse é grande ponto de Jones Manoel, um ministério irrelevante. Para ver de que serve o tal Ministério da Igualdade Racial, basta ver o que ele fez até agora: nada.

A seguir, segundo Jones, a austeridade, a contenção de gastos públicos, seria uma política racista, e então afirma que o Arcabouço, que liberou mais gastos, seria uma política racista (?): “O movimento negro no geral ficou calado no processo de aprovação do Novo Teto de Gastos, que é uma política de austeridade e portanto é uma política racista.” O argumento é uma contradição em si mesmo pela política golpista do youtuber, de se colocar contra uma medida do governo para tentar… governar!

Então chegamos à parte dos conceitos políticos, outro ponto forte para a argumentação. Jones Manoel faz uma caracterização dos campos, ambos ruins, a extrema direita e o social liberalismo. Este último, de acordo com o youtuber, diz que defende as minorias, mas não enfrenta: guerra às drogas, encarceramento em massa, genocídio da população negra, agronegócio, mineração, caráter primário exportador da economia e não considera o “critério estratégico do antirracismo na hora de pensar a política econômica, monetária, fiscal” (o que quer que seja isso) e não dá orçamento para o Ministério da Igualdade Racial. O tal social liberalismo, então: “não cria as condições efetivas do ponto de vista orçamentário, do ponto de vista de política pública para enfrentar o máximo que der dentro dos limites do capitalismo.” E “isso num país de maioria negra”! Conclui o youtuber:”o movimento negro tem que reivindicar orçamento, dinheiro, verba”.

Jones ignora a política de Lula para fomentar a indústria nacional e reerguer a economia do País após seis anos de golpe de Estado. Mais que isso, o fomento econômico, com a geração de empregos e salários maiores, é uma política que beneficia toda a população, especialmente a mais vulnerável, a quem a mudança econômica incide com maior impacto. No entanto, é importante considerar outro fator. Os ministérios identitários apontados por Jones como escanteados, não adotaram medida alguma para combater nenhuma das questões que ele mesmo aponta. As chacinas, os presídios, uma política real não foi apresentada por nenhum dos ministérios de “combate às opressões”. O que vemos é, pura e simplesmente, a demagogia de um golpista enrustido, que busca disfarçar sua política pró-imperialista com ataques de aparência esquerdista. Uma farsa.

Essa demagogia “antirracista” se soma à política igualmente golpista e pró-imperialista da “ministra negra no STF”. As verbas para o ministério, podemos apontar, representa ainda a este tipo de “ativista” uma oportunidade de conseguir cargos no governo, possível motivo da “denúncia”.

Para libertar o negro de fato, é preciso enfrentar o imperialismo, que deu o golpe no Brasil, que impossibilita o desenvolvimento nacional, a melhora de vida dos trabalhadores brasileiros, de maioria negra. O regime da dívida, do capital financeiro, com os aumentos, por exemplo, nos combustíveis pela Petrobrás, fruto da política privatista, movida pelo imperialismo, que fez subir o preço dos alimentos, levando o povo à fome, é o regime que deve ser combatido. Jones Manoel, pelo contrário, busca levar adiante a política imperialista contra o presidente eleito para enfrentá-la.

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