Eduardo Leite é prefeito homossexual. Ao menos foi isso que ele afirmou em entrevista a Pedro Bial na rede Globo. Naquele momento, Eduardo Leite pleiteava ser o candidato da terceira via. O imperialismo precisava de alguém da direita que pudesse apresentar como moderninho e, com o discurso identitário, tentar tirar votos de Lula. A saída do armário, ao menos naquele momento, foi inútil. A terceira via ficou com a mulher empoderada Simone Tebet.
Apesar do fracasso momentâneo, Eduardo Leite reelegeu-se governador do Rio Grande do Sul e continua sendo um nome da terceira via.
Mas Eduardo Leite é um direitista, dentro ou fora do armário. E como direitista, ele decidiu anunciar que no seu estado as escolas militares vão continuar, contrariando a medida do governo Lula que coloca fim ao programa das chamadas “escolas cívico-militares”. A política de Leite agrada os bolsonaristas, que criticaram a decisão de Lula.
Está claro que Eduardo Leite é tão direitista que os bolsonaristas. Ele nunca, mesmo depois de ter saído do armário, deixou de ser o Bolso-Leite, o candidato que venceu a eleição ao governo em 2018 em dobradinha com Jair Bolsonaro.
Mas Eduardo Leite é um direitista identitário e achou muito ofensivo da parte de outro identitário, Jean Wyllys, a crítica sobre sua decisão de manter o programa de escolas cívico-militares: “gays com homofobia internalizada em geral desenvolvem libido e fetiches em relação ao autoritarismo e aos uniformes”.
A crítica de Wyllys foi política, embora irônica, mas Leite achou “homofóbica” e processou o primeiro.
Nessa quarta-feira (26), a Justiça decidiu que Wyllys tem que retirar a postagem criticando o governador do Rio Grande porque “extrapolou uma crítica ao governo (…), sendo possível extrair do conteúdo da postagem ataques pessoais ao governador do Estado do Rio Grande do Sul no pertinente à sua sexualidade.”
Conhecendo os personagens envolvidos, a historieta fica até um pouco engraçada. Mas não é.
O episódio é a prova viva de onde vai parar a sanha censuradora que está sendo defendida pela esquerda pequeno-burguesa. Vai se voltar contra ela mesma.
A histeria querendo limitar o que as pessoas vão dizer acaba em que um gay é acusado de ser “homofóbico”. Vai resultar em negros sendo acusados de racismo e mulheres sendo acusadas de machismo. Não vamos esquecer que já há mulheres sendo acusadas de “transfobia”.
A censura e a repressão nunca são progressistas. Elas se voltam contra o o povo. Esse caso envolvendo Jean Wyllys, um elemento esquerdista que vive defendendo a censura, mostra que quem vai se beneficiar com essa política são os mais fortes, a direita, a burguesia.
Eduardo Leite é um tucano, governador do Estado. A lei está a serviço dele, não da esquerda, menos ainda do povo.
Quem vai interpretar o que foi dito é uma juíza como essa que decidiu que o homossexual Jean Wyllys foi “homofóbico”. Ela vai interpretar, ela vai dier o que é ou não é ofensivo. A Justiça está a serviço dos poderosos. Um bê-a-bá da política que a histeria identitária está fazendo a esquerda esquecer.
Jean Wyllys é um esquerdista que está provando do próprio veneno.