Pouco tempo depois que um grupo de militares de alta patente anunciaram a derrubada do presidente Ali Bongo, no Gabão, o general Brice Oligui Nguema, chefe da Guarda Republicana (GR) do país africano, concedeu uma entrevista ao Le Monde enquanto centenas de pessoas tomavam as ruas da capital Libreville em apoio ao golpe.
Na ocasião, Nguema informou que os generais das Forças Armadas gabonense se reunirão às 15h (10h horário de Brasília) para chegar a um consenso sobre quem será o novo chefe de Estado do Gabão. “Todos apresentarão ideias e serão escolhidas as melhores, assim como o nome de quem liderará a transição”, disse.
Em relação ao golpe propriamente dito, o Le Monde perguntou ao general se este havia sido premeditado ou se foi a proclamação dos resultados das eleições de 26 de agosto que levaram os militares a agir. Brice respondeu:
“Vocês sabem que no Gabão há descontentamento e, além deste descontentamento, há a doença do Chefe de Estado [Ali Bongo sofreu um acidente vascular cerebral em Outubro de 2018 que o deixou debilitado]. Todo mundo fala sobre isso, mas ninguém assume a responsabilidade. Ele não tinha direito a um terceiro mandato, a Constituição foi desrespeitada, o método de eleição em si não era bom. Então o exército decidiu virar a página, assumir a responsabilidade.”
Por fim, ele deixou claro, ao ser indagado sobre o futuro do agora ex-presidente, que Ali Bongo é um chefe de estado do Gabão aposentado, que goza de todos os seus direitos. “Ele é um gabonês normal, como todo mundo”, afirmou.