“A Roupa Nova do Rei” é uma fábula clássica escrita pelo famoso autor dinamarquês Hans Christian Andersen. A história conta sobre um rei extremamente vaidoso, que tem uma preocupação excessiva com a aparência e o que os outros pensam sobre ele. Ele gasta todo o seu tempo e dinheiro buscando roupas elegantes e luxuosas.
Um dia, dois trapaceiros chegam à cidade e fingem ser tecelões habilidosos. Eles anunciam que são capazes de tecer uma roupa especial, que é tão fina e mágica que só pode ser vista por pessoas inteligentes e dignas de seus cargos. Por outro lado, pessoas tolas ou incapazes de ocupar suas funções reais não conseguiriam vê-la.
O rei, ansioso para provar sua inteligência e status, contrata os trapaceiros para fazer a tão aclamada roupa nova. Os falsos tecelões fingem trabalhar duro em teares invisíveis, enquanto o rei, seus conselheiros e cortesãos vão visitá-los constantemente para verificar o progresso da vestimenta.
Ninguém se atreve a admitir que não pode ver a roupa, com medo de ser considerado tolo ou inadequado para o cargo que ocupa. Todos elogiam a beleza e a qualidade da vestimenta invisível. Finalmente, chega o dia da grande procissão, onde o rei exibirá suas novas roupas perante todo o povo.
Enquanto caminha nu pelas ruas, o rei acredita que está vestindo a roupa mais magnífica já feita. No entanto, um pequeno menino, sem medo de consequências, exclama: “O rei está nu!”.
Parece que, no Brasil, estamos vivendo nesta fábula. Há um Estado, que dizem que é um Estado democrático, dizem que têm eleições livres; Estado de direito, ou seja, o poder é limitado pela lei. Nenhum indivíduo ou grupo está acima da lei, incluindo autoridades governamentais; separação dos poderes; há direitos fundamentais e liberdades individuais; como a liberdade de expressão, religião, associação e outros, protegidos e garantidos; acesso à informação e transparência, o que seria liberdade de imprensa.
O Estado faz toda a propaganda que todos esses pilares da democracia existem, e a esquerda, infelizmente, faz o papel dos conselheiros e cortesãos, pois dizem que de fato este Estado democrático existe e inclusivo temos que apoiá-lo cegamente. Mas fica cada vez mais evidente que estamos caminhando para um regime ditatorial.
Os tolos seriam o povo e esquerda revolucionária, o PCO, que não conseguem ver a democracia.
Mas inúmeros recentes casos mostram que as vestimentas da democracia de fato não existem, só realmente fingem que a enxergam, os lacaios da burguesia:
No mês de julho, a jornalista Maria Aparecida de Oliveira foi presa em sua residência no bairro do Farol, em Maceió, pela Polícia Civil, em cumprimento a uma ordem judicial emitida pelo juiz George Leão de Omena, da 12ª Vara Criminal da Capital. Maria Aparecida ficou conhecida por suas polêmicas e controvérsias em seu canal no YouTube. Ela foi detida devido a um processo movido pela juíza Emanuela Porangaba, da 1ª Vara Cível de Maceió, que a acusou de calúnia, difamação e injúria após a jornalista fazer acusações em seu canal contra a magistrada e a empresa Braskem. Além da prisão, foi determinada a quebra de sigilos telefônicos e apreensão de aparelhos telefônicos.
Outro caso ainda mais preocupante de censura e perseguição é o caso do comunicador Monark. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), multou em R$ 300 mil o influenciador digital Monark, sob a alegação de que ele teria descumprido uma decisão judicial – o que, para o magistrado, justifica a instauração de um inquérito por suspeita de crime de desobediência. O ministro também determinou o bloqueio do valor nas contas bancárias de Aiub, a suspensão de novos perfis nas redes sociais e o fim da monetização dos canais.
O pretexto dessa vez é tão absurdo quanto. O apresentador foi incluído nas investigações do ato de 8 de janeiro, quando alguns milhares de manifestantes invadiram o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional. Monark não estava no ato, nem apresentou qualquer ligação com ele: a desculpa para derrubar suas redes é tão somente ter questionado a atuação do Poder Judiciário no caso.
A nova sanção ao apresentador reflete de maneira bastante precisa o progresso da censura no Brasil. Os primeiros passos que levaram a esse estado do Judiciário brasileiro, em que quem criticá-lo poderá ir parar na cadeia, foram dados há pouco tempo. Na época, a imprensa capitalista e a esquerda pequeno-burguesa, sempre a seu reboque, negavam a existência de qualquer tipo de censura.
Por último, e ainda mais importante, nesta última semana, a polícia militar em diversos estados promoveu chacinas, no Rio de Janeiro, na Bahia e na Baixada Paulista, o Estado promoveu a morte de pelo menos 50 pessoas. Agindo totalmente acima da lei, a polícia matou sumariamente vários moradores das periferias, com a justificativa esdrúxula de que todos estão envolvidos com o crime. Pela informação da população em Guarujá, a polícia estaria autorizada a matar qualquer um que já tenha tido passagem pela polícia.
Esses recentes eventos mostram que a situação no Brasil é muito preocupante. Pessoas estão sendo presas por falar sobre os crimes das grandes empresas, censuradas de maneira nunca vista nem durante a ditadura, por denunciar as arbitrariedades do sistema judiciário e, nas favelas, a polícia já mostrou que está autorizada a espalhar um completo terror. Assim, como o menino da fábula, resta à esquerda revolucionária, junto com os trabalhadores, denunciar e lutar contra o Estado burguês.