Lula foi lá na ONU e fez um discurso muito bom contra o neoliberalismo. Foi uma fala contundente e muito oportuna. Mas os discursos na ONU, entra ano e sai ano, não mudam muita coisa.
No fundo, assistimos a um espetáculo teatral diplomático de chefes de estado que passam recados muitas vezes vagos. Os discursos circulam nas redes sociais e a nossa mídia nenhuma importância dá a outros presidentes, igualmente combativos.
A antológica fala de Hugo Chaves sobre o cheiro de enxofre de George W. Bush em 2006 circulou hoje nas redes sociais para lembrar a todos quão longa e cansativa é a luta. Quem se lembra o que estava fazendo em 2006?
Pois é. Por causa da nossa falta de memória, de lá para cá, o cheiro de enxofre espalhou-se pelo mundo e está muito difícil se livrar dele.
No entanto, como as contradições no capitalismo afloram sem muito controle, novos ares parecem circular. No meio de tanta resignação, percebemos pequenos, mas significativos movimentos.
Vejamos o encontro entre Lula e Biden hoje. Na troca de gentilezas diplomáticas entre os dois presidentes, o diabo se escondeu nos detalhes.
Essa semana, recebemos a visita do atual presidente da Fundação Ford, que foi recepcionado pela norte-americana – com muito orgulho e muito amor – que ocupa a pasta ministerial dos povos originários no Brasil.
Outros estadunidenses de intensões missionárias e civilizatórias, como a freira Victoria Nuland, vivem nas praias da Bahia a tomar água de côco.
Mas eis que Lula, no meio da reunião com Biden, falou da importância dos direitos trabalhistas e das greves e citou a dos trabalhadores da indústria automobilística americana que acontece nesse momento.
E mais. Acrescentou ainda que o Ministro do Trabalho, Luiz Marinho, conversou com as lideranças sindicais que organizam a greve. Biden houve a tradução, sorri e se sente compelido a responder.
Marinho pagou as visitas ilustres em território nacional? Só o tempo dirá.
Até agora, ninguém comentou nada sobre o insólito do encontro mostrado por todas as câmeras de TV.