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Inteligência?

O ChatGPT triunfa na era da força bruta

A inteligência artificial sabe programar. E agora? Ficamos sem emprego?

Após uma conversa com um colega de trabalho na última semana, resolvi cometer um atentado contra a minha própria profissão. Fui ao portal da Open AI, empresa de inteligência artificial sobre a qual já escrevemos nesta coluna, e abri a ferramenta ChatGPT, que há cerca de um mês tem causado uma certa comoção nas redes sociais. Pedi ao robô que gerasse um programa. Estava disposto a ver se esse maquinário estatístico estava pronto para me substituir como programador.

Em meio a essa onda de demissões – que abordamos recorrentemente nesta coluna – no mundo da tecnologia, houve que atribuísse o fenômeno não a uma retração da economia especulativa, mas à inteligência artificial. O presidente da Microsoft, um dos maiores monopólios de tecnologia em atividade, declarou que seus desenvolvedores estão ordens de magnitude mais eficazes em suas tarefas após a incorporação do Github Copilot em seu trabalho diário. O Copilot nada mais é do que um gerador de texto, assim como o ChatGPT, baseado no modelo GPT, enviesado para a geração de programas de computador, que nada mais são do que texto.

O princípio de funcionamento dessas ferramentas é simples. Seu modelo estatístico, treinado com a vasta produção humana de texto disponível na internet, recebe uma sequência de palavras e tenta, palavra a palavra, prever aquela que completaria a série de forma mais coerente.

Enfim, confesso que fiquei surpreso com o resultado. Pedi ao ChatGPT para que “criasse um programa para o sistema operacional Linux, na linguagem de programação C, que abra uma janela e desenhe um triângulo na tela fazendo uso da API gráfica Vulkan”. Basicamente, pedi à ferramenta que criasse o programa gráfico mais simples possível, e ela o fez de maneira bem competente, ainda que com alguns erros. Após meus pequenos ajustes, consegui fazer o programa funcionar.

Fiquei positivamente surpreso com a ferramenta. Talvez ela realmente seja capaz de me substituir, especialmente nas tarefas pelas quais sou pago para executar diariamente. O lado negativo da surpresa ficou por conta da quantidade de linhas de código necessárias para compor esse programa que descrevi de forma simples no parágrafo anterior.

Fui em meus arquivos da época da faculdade e confirmei minha impressão. Era mais simples realizar esse programa 15 anos atrás. O ChatGPT triunfa na execução de um trabalho repetitivo. Ele não gera conhecimento, mas apenas reproduz o que, na área, chamamos de boilerplate. Em outras palavras, encheção de linguiça.

Computadores não entendem a língua humana, nem mesmo as linguagens de programação. Operam em sequências de bits, zeros e uns que têm significado apenas para as máquinas e para pessoas com muita paciência e atenção. As linguagens de programação foram ferramentas criadas há mais de 60 anos para facilitar o trabalho daqueles que gostariam de executar uma determinada computação num computador. De forma muito contraditória, no lugar de transformarem-se cada vez mais numa linguagem próxima da humana, transformaram-se cada vez mais em algo mais próximo do binário. Mais críptico, cheio de texto destinado exclusivamente ao compilador (que transforma o código fonte em binário) sem muito significado para o programador que o escreve.

O ChatGPT dá uma solução para esse problema, mas que de forma alguma é elegante. O problema é solucionado na força bruta, através de um modelo estatístico que deve custar dezenas de milhares de dólares para ser treinado. Não conseguimos criar ferramentas mais elegantes, mais ergonômicas para usarmos.

Dessa forma, não enxergo a “disrupção” desses modelos de geração de texto com maus olhos. Espero que isso inspire outras pessoas a criarem ferramentas mais usáveis, mais acessíveis. Quanto à perda de emprego, não acho que seja culpa do ChatGPT. Todos nós que trabalhamos na área sabemos que empresas de tecnologia vivem de seu valor especulativo, mas não do valor daquilo que efetivamente produzem. Acho que a ferramenta apenas escancara isso, assim como fez meses atrás no meio artístico cultural, com os geradores de imagem.

Isso não quer dizer, de forma alguma, que endosso demissões. Quer dizer que devemos organizar nossa categoria e lutar, não apenas por nossos empregos, mas por empregos de qualidade que façam uso de nossas capacidades como seres humanos nos quais façamos aquilo que as máquinas não conseguem.

* A coluna não expressa necessariamente a opinião desse jornal

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