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Camilo Duarte

Militante do PCO e colunista do Diário Causa Operária. É formado em Física pela UFPB.

Eleições 2024

O bloco Amantes de Lula e a feira Luta Castelo estão ameaçados

O Baile do Bloco Amantes de Lula e Feira Luta Castelo, são as maioes atividades políticas na cidade João Pessoa-PB, e vem sofrendo perseguisão da direta.

O bloco “Amantes de Lula“ foi criado no carnaval de 2022. Desde então, vem promovendo bailes culturais e eventos políticos na Praça Abdon Milanez, ao lado do Mercado Municipal do Castelo Branco l, todo segundo sábado de cada mês.

Diversas bandas e artistas já passaram por nosso palco: Coral Voz Ativa, Xumbrego de Rabeca, Josias Braga e Grupo Raízes do Forró, Flores Baldias, Vó Mera e suas Netinhas, Furmigadub, Cida Alves, Erivan Araújo e muitos outros.

Durante a campanha eleitoral que elegeu Lula como Presidente da República, o Baile foi um importante apoio político para todos que não aguentavam mais os altos preços dos alimentos, o desemprego, o sucateamento da saúde e da educação e tantos e tantos problemas que o país enfrenta desde o golpe de 2016. Fizemos as apurações do primeiro e do segundo turno. Sofremos com o público e ao final comemoramos essa grande vitória do povo brasileiro! Sendo o bairro do Castelo Branco que abriga o Baile, a região que apresentou o maior percentual de votos ao candidato Lula na cidade de João Pessoa.

A feira comunitária “Luta Castelo” surgiu junto com o terceiro Baile, em 14 de maio de 2022. Começamos com poucas bancas, mas agora já temos 24 expositores. Nesse local, muitas pessoas começaram seu negócio: bolos, brechós, caldos, crepes, livros usados entre outros. A feira acaba servindo como uma base econômica para os setores mais vulneráveis socialmente. São pessoas do Castelo Branco e de outros bairros que têm na feira um importante espaço para vender seus produtos e divulgar o que fazem. A feira se mantém com a contribuição dos expositores que custeiam as tendas e as mesas e também abre espaço para os que não têm condições.

Um marco na cidade 

Com o Baile e a Feira, temos também muitas atrações culturais, que acontecem dentro e fora da Associação de Moradores do Castelo Branco. Entre as atrações infantis, tivemos o Castelo de Histórias, Palhaço Badu, Circo Muamba, Contação de História com Nara Santos, Biblioteca Comunitária Baobazinho entre muitos outros. Para toda a família, tivemos capoeira angola com mestre Robson, yoga, oficina de conserto e manutenção de bicicletas com Bike Anjo, cineclube e muitos mais.

Esses eventos culturais e a proposta política do Baile e da feira atraem centenas de pessoas. Além dos comerciantes das imediações, que aumentam bastante suas vendas após o início das atividades, o bairro como um todo se beneficia por voltar a ser um polo cultural, econômico e político da cidade e mesmo da Paraíba.

No entanto, tudo isso está ameaçado de acabar. E não é uma “coincidência” que essa ameaça ocorra no momento em que as forças políticas conservadoras do bairro se preparam para disputar a eleição para a Associação de Moradores, tendo já em vista as eleições municipais do próximo ano.

É proibido falar

Agora querem acabar com o Baile e a Feira pelo “som alto”, entretanto temos a mesma licença ambiental da Secretaria do Meio Ambiente (Semam) que os eventos do Estado da Paraíba, Prefeitura Municipal de João Pessoa ou qualquer show privado também dispõem. Nosso equipamento de som com potência geralmente de 600W, não atinge nem 5% do som tipo II, é insignificante perante o licitado e usado pelo estado e município.

Apenas esse detalhe da potência deixa claro que o problema não é o nível de ruído. Somos importunados apenas por não nos submetermos como cabos eleitorais dos políticos de direita.

O que mais denuncia o caráter persecutório do processo, é o fato do nosso evento sempre ter os níveis sonoros aferidos pelos agentes da Semam, sem nunca extrapolar limites legais de horário ou pressão sonora. Mesmo com a legislação absurda que temos na cidade onde após as 22h, mal se pode falar numa conversa mais acalorada sem infligir a lei.

Fica claro que o Baile e a Feira mobilizaram a população na cidade, sendo a expressão política de uma necessidade popular. Agora setores estranhos a essa mobilização após fracassarem numa verdadeira operação de estelionato político, tentam sufocar o que não conseguiram dominar.

Na realidade é proibido falar o que não querem os parlamentares da direita ou a burguesia. É proibido falar de forma independente, querem evitar que se fale o que a população deseja.

O medo da mobilização popular

Calar a voz é o primeiro passo para desmobilizar, e para a burguesia e a direta em geral, para todos aqueles avessos ao povo o que não for curral eleitoral deve ser extinto. Essa direita tentou todo tipo de golpe, de atividades paralelas no mesmo horário e local, a oferecer cargos e precisar organizadores, falharam miseravelmente.

Como esses parlamentares e capitalistas não conseguiram desmobilizar ou comprar os organizadores do Baile e a Feira, agora tentam acabar com o evento com o assédio do Estado. Agora todo evento tem ao menos três cabos eleitorais da direita realizando denúncias infundadas na Polícia Militar (PM) e na Semam.

Já se fala em fazer um abaixo assinado contra o Baile e a Feira, mas não se questiona nenhuma das outras atividades que ocorrem na região em horário mais avançado e superior emissão de ruído. O foco é apenas o caráter político independente da burguesia do Baile e da Feira.

O preço da eleição de 2024

Nesse período próximo devem ocorrer as eleições para a Associação de Moradores do Conjunto Castelo Branco (AMCAB), para o Conselho Tutelar, que servem como base nas eleições municipais. As associações de moradores e os conselheiros tutelares acabam recebendo apoio financeiro de políticos burgueses, em troca servem como cabo eleitoral destes vereadores, deputados, prefeitos e governo.

O que temos nesse momento é a definição desse processo, os indivíduos que se colocam à venda tentam aumentar seu preço tomando a direção de alguma entidade ou movimento. Aqui atacam o Baile e a Feira, por esses terem a capacidade de influir de forma muito significativa no cenário político, mas terem uma posição em defesa dos interesses populares.

O ataque ao Baile e à Feira, longe de ser uma demonstração de força desses setores da direita, se coloca mais como uma política de desespero. O fato de não conseguirem neutralizar ou ignorar a militância de um grupo relativamente pequeno, mesmo tendo acesso à máquina estatal demonstra isso.

Um governo refém

Para quem ainda tinha alguma dúvida sobre a situação do governo Lula, ou sua posição perante a burguesia, as derrotas no Congresso deixam isso muito claro. A burguesia, principalmente o setor mais próximo ao imperialismo não tem acordo com o governo.

A política de negociação, compra e venda de parlamentares não vai funcionar nesse momento. A única arma efetiva contra o imperialismo e a burguesia que segue, é a mobilização popular.

É importante colocar que essa ferocidade desses setores da direita é uma demonstração de fraqueza, não de força. O próprio Golpe de Estado e toda ofensiva da direita demonstra que o imperialismo e a burguesia perderam o controle da situação.

Sem esses artifícios, o governo não sairia das mãos do PT ou outros partidos ligados aos trabalhadores. O regime político imposto pela Constituição 1988, foi desmantelado porque a burguesia não consegue manter sua dominação através dele.

Vemos agora uma tendência parecida à que derrubou o regime militar. Onde o regime político ruiu pela mobilização operária, onde foi necessário o estabelecimento de um novo regime com concessões da burguesia para manutenção do seu governo.

O vento que hoje sobre a direita, com toda a ferocidade do Estado, muito em breve pode está sobrando à esquerda com a força implacável da classe operária. Pode parecer agora, como pareceu com o governo Bolsonaro, que a direita fará o que quiser, mas quando os trabalhadores entram em movimento como classe, nada pode detê-los.

Um reflexo local

Essa situação política mais ampla acaba refletindo em todos os cenários. Nossa atuação em João Pessoa não é diferente dos restante do país.

Nesse momento a direita parece dominar a situação política e não haver uma perspectiva local. Entretanto, a situação é exatamente o oposto, mesmo com o apoio da burguesia é visível a falência dos políticos burgueses tradicionais.

Outro ponto transparente é a tendência a mobilização da população, todas as vezes que foi chamada ela compareceu. Agora mais uma vez devemos nos colocar contra esses políticos da direita.

Devemos defender o que queremos no governo Lula, que o mesmo seja um governo dos trabalhadores. Foi a classe trabalhadora que colocou Lula no poder, é a classe trabalhadora que tem que dizer como Lula deve governar.

Nós do Baile do Bloco Amantes de Lula e da Feira Luta Castelo, mais uma vez, chamamos a população de João Pessoa a encampar essa luta. Definindo e defendendo o governo que elegemos e derrotando a direita em nossa cidade.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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