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Camilo Duarte

Militante do PCO e colunista do Diário Causa Operária. É formado em Física pela UFPB.

Liberdade de pensamento

Nikolas Ferreira e a sanha repressora da pequena burguesia

A campanha contra os direitos fundamentais degrada os ambientes onde a pequeno-burguesia impera

Há pouco tempo tive uma discussão online com amigos de esquerda ex-militantes, sobre liberdade de expressão. Infelizmente a confusão e o caráter repressor da esquerda pequeno-burguesa, leva a esses episódios serem temas recorrentes na coluna.

O caso da vez

O objeto da discussão era a oposição do PCO à censura do deputado Nikolas Ferreira. A posição do partido era simples e clara, um deputado deve ter o direito de defender as posições da sua base política.

Não apenas isso, a liberdade de pensamento e expressão são direitos básicos de todos os cidadãos. Esses pontos seriam garantidos no Estado brasileiro pelo Inciso IV da constituição Federal de 1988.

Mesmo que um grupo ou indivíduo, progressistas que não defendam o Estado Direito como fim, socialistas anarco-sindicalistas, defendem esses princípios. Eles são direitos essenciais na no desenvolvimento e na própria organização operária.

Alice na mundo da “democracia”

É um fato que interpretam os acontecimentos de acordo com nossos interesses, o que para uma classe é o crepúsculo, para outra coloca-se como alvorecer. A intenção está presente em toda comunicação, não havendo neutralidade em nenhum aspecto social.

Essa classe, por conter uma ínfima fatia do poder estatal, muitos fazerem parte da burocracia e não sofrerem sua opressão direta, não veem a nefasta face do Estado. Não precisa muita empatia com os milhões de trabalhadores presos injustamente, alvejados ou simplesmente espancados pela polícia, para perder as ilusões no Estado burguês.

Essa semana escrevi uma materia para redação sobre Sidney Holmes, homem negro liberado recentemente, que passou 34 anos presos sem qualquer provas. O Estado norte-americano que se proclama o mais democratico tem as maiores população e taxa carcerária mundial, lá 6,29؊.

O que o imperialismo impõe

Há uma tendência intensa na esquerda pequeno-burguesa a substituir a luta política pelo julgamento moral. Não apenas isso, há a tentativa de substituir todas as antigas bandeiras e pontos de organização e luta progressista pela política que melhor sirva a direita.

Esse fenômeno é visível em todos os viés sociais, desde a cooptação de sindicalistas, líderes religiosos a lideranças dos bairros. É visivelmente um fruto do período de refluxo do movimento operário e de campanhas do imperialismo.

Na academia não é diferente, inclusive como alguém que indiretamente trabalha no meio, é bastante difícil alguém permanecer no meio acadêmico com independência política. Aos que permanecem há pouca perspectiva de projeção, acompanhei diversos amigos mudarem de curso por pressão política.

Esses muitas vezes tiveram de defender as mais vergonhosas abobrinhas, apenas por pressão política. Quando o imperialismo queria, virava moda o “eterno retorno” e por mais vergonhoso, alguém acaba defendendo isso para manter sua bolsa e ascensão acadêmica.

A ordem é reprimir

Nesse momento de imensa crise do imperialismo, a ordem da vez é reprimir. 

O imperialismo não suporta oposições mínimas, o que o levar a tentar sufocar toda voz destoante, seja da direita ou esquerda.

Nesse momento, pela sua visível fraqueza o imperialismo acaba perdendo o controle sobre países que tradicionalmente estavam a seu serviço. Esse é o momento mais frágil do imperialismo em toda sua existência, por isso temos uma resposta tão virulenta.

A necessidade de demonstrar sua força, seguida de uma série de derrotas exponha essa fragilidade. Justamente por isso direitos básicos antes tolerados, agora são prescritos.

Toda ideologia atende uma necessidade

Toda ideologia atende uma necessidade, principalmente no momento atual de crise do imperialismo. Desmoralizado com as derrotas mais recentes para Afeganistão e Rússia, se faz necessário uma ideologia para atender seus interesses.

É um processo prático, o imperialismo não poder controlar sem poder bélico e uma ideologia que o justifique interna e externamente. Neste ponto pouco interessa a ideologia, frente a seu resultado efetivo, por isso o imperialismo nas últimas décadas mudou igual se trocar de roupas.

Por esse mesmo motivo, os meios acadêmicos acabam sofrendo maior pressão para desenvolver ideologias que atendam aos interesses imperialistas. No geral do ponto de vista ideológico, à exceção das ciências positivas, nada de progressista é desenvolvido nas universidades norte-americanas, ou qualquer outras com financiamento privado direto ou indireto.

Aqui para os colegas acadêmicos autoproclamados marxistas, Marxs era um homem de intervenção política, de partido e não um simples intelectual. Vamos deixar claro, assim como não há “católicos não praticantes”, não há marxista não militante, isso é apenas diletantismo.

A quem o PCO servir

Nessa conversa também insinuou-se que a política do PCO serviria a direita, que o mesmo distorcia Trótski e não compreendia Marx. A base da crítica ao PCO eram dois argumentos, de que “esquerda já era oprimida, não tem como uma enquadrada na direita se voltar contra nós” e que é “necessário reprimir a direita”.

Quando se defende seu interesse, a pequena-burguesia está disposta a qualquer coisa, inclusive colocar o partido que mais lutou contra o golpe de Estado a serviço da direita. O PCO sofreu censura de suas redes, pagou multas de valor considerável para o tamanho da organização e não esmagou apenas pela resistência e tenacidade demonstrada.

Marx, Lênin, Trótski

Quanto a “distorcer” Trótski, não compreende Marx ou Lenin, realmente cada um interpreta o mundo sob a ótica da sua classe. Ocorre que a pequena-burguesia flutua entre a classe operária e burguesa de forma quase esquizofrênica. Na verdade, não sei se gostaria da “iluminação” desses pontos.

Pelo tamanho da obra desse revolucionários, toda porcaria ideologia colocasse seus nomes. Vende-se como marxismo qualquer coisa, por mais bizarra que seja sua associação.

Querer interpretar que os revolucionários não disseram é quase um fetiche na academia. Entretanto, contribuir com a luta revolucionária da classe operária isso não parece apetecer à pequena-burguesia.

Como combater a direita

A essa altura do debate vejo a seguinte pérola: “Pra encerrar: se a gente deixar o chupetinha e congêneres agredirem a torto e a direito, será que o pessoal do “escola sem partido”, o pessoal que quer criminalizar o comunismo, que joga a polícia pra cima da esquerda, vai parar?”

Me pergunto se o quão distante da realidade uma pessoa pode ir sem o auxílio de alucinógenos. O Estado burguês nunca reprimiu ou vai reprimir seus serviçais, a pouca demagógica realizada nesse sentido, foi consequência da mobilização popular.

As ditaduras mais recentes na América Latina demonstram isso. Os poucos militares julgados, a exemplo do que ocorreu na Argentina, foi uma consequência da mobilização popular e não o livre exercício da máquina estatal.

A máquina estatal burguesa sempre vai oprimir a classe trabalhadora, dar respaldo a qualquer aspecto dessa opressão é consenti com ela. Dessa maneira, quando reconhecemos esse aceitamos do Estado não apenas legalizamos a opressão a classe trabalhadora como a desarmamos perante seu opresso.

A única forma efetiva de combate a direita e extrema-direita, é a luta partidária, com um partido que defende os interesses dos trabalhadores.

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