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Golpe militar no Sahel

Níger: nossa posição sobre as principais polêmicas sobre o golpe

Conheça as posições deste Diário publicadas em especial dos dez dias do golpe militar no Gabão

No dia 29 de julho, uma junta militar depôs o presidente do Níger, Mohamed Bazoum, e assumiu o controle do país. Desde os primeiros momentos, ficaram evidentes as características nacionalistas e anti-França do golpe. A população saiu às ruas em apoio à ação dos militares, sendo que parte levou, espontaneamente, bandeiras russas para as manifestações.

O golpe causou um grande mal-estar no bloco imperialista. Rapidamente, países como França e Estados Unidos condenaram a ação e logo passaram a ameaçar invadir o país. A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CDEAO), hoje coordenada pelo governo nigeriano, que é completamente submisso ao imperialismo, tem dado declarações no mesmo sentido.

Apenas se levando em consideração os países que estão envolvidos no conflito, já se torna uma tarefa fácil entender o que acontece, neste momento, no Níger. De um lado, está um país miserável, com 26 milhões de habitantes e do qual muita gente nunca ouviu falar. Do outro, estão os “donos do mundo”, que promovem golpes de Estado e guerras em todos os continentes apenas para garantir os interesses dos grandes capitalistas. Some-se a isso o fato de que a França roubava praticamente todo o urânio do Níger – o país ficava com apenas 2% do mineral extraído em seu solo – e o quadro fica ainda mais claro. Trata-se de uma luta de um país oprimido contra o seu opressor.

Apesar de o quadro ser tão claro, surgiram, no interior da esquerda, várias “teorias” para justificar uma posição contrária à de apoiar a junta militar. O primeiro e mais infantil dos argumentos é o de que não se pode apoiar um governo oriundo de um golpe militar. Afinal, isso estaria em contradição com a defesa da “democracia”.

Quem diz isso ignora que não se pode falar em “democracia” na África. Não é por que um regime tem eleições que é democrático. Se um governo governa para uma potência estrangeira, se ele doa todo o seu urânio para os corruptores franceses, ele não pode ser um governo “democrático”. Pelo contrário: é um governo que atenta contra os interesses da população. E, se houver qualquer dúvida de que o regime anterior era impopular, basta olhar para as manifestações de apoio ao golpe militar.

Na prática, a tal defesa da “democracia” no Níger se opõe a um programa nacionalista, uma vez que o governo “democrático” é profudnamente pró-imperialista, e se opõe aos interesses da própria população, que está mobilizada defendendo o fim do governo Bazoum. A oposição à junta militar no Níger é, levada às últimas consequências, a defesa da invasão do país por parte do imperialismo contra um povo que está nas ruas querendo se ver livre da dominação estrangeira.

A tal defesa da “democracia” no Níger, portanto, é a troca da defesa dos interesses reais do povo do Níger por uma fachada, cujo conteúdo nada mais que aquilo que há de mais antidemocrático no mundo: a ditadura dos países imperialistas. isto é, a ditadura dos países que destruíram o Iraque, que jogaram duas bombas atômicas no Japão e que foram os responsáveis pelo golpe de 2016 no Brasil. Não podemos deixar de assinalar a covardia infinita dessa posição, que, em nome de uma abstração vazia, defende que um dos países mais pobres do mundo seja trucidado pelos exércitos mais poderosos do planeta.

O segundo argumento, esse pretensamente mais sofisticado, mas que é tão ridículo quanto o anterior, defende que o governo militar do Níger não poderia ser apoiado porque é aliado da Rússia e da China. O grande argumento seria o de que Rússia e China seriam países “imperialistas” e que, portanto, o golpe militar no Níger não seria uma tentativa de libertar o país do imperialismo, mas sim de trocar um imperialismo por outro.

Antes de tudo, é preciso destacar que a ideia de que existe uma “China imperialista” ou uma “Rússia imperialista” vem não do marxismo, nem tem sua origem na esquerda. Ela foi concebida pela direita, que faz campanha, principalmente, com o país asiático, alertando para o “perigo” do “globalismo chinês”. Essa ideia surgiu da necessidade de se justificar as atrocidades do imperialismo norte-americano. Afinal, para seus defensores, por mais que os Estados Unidos façam “algumas maldades”, haveria um país ainda mais sanguinário, violento e inescrupuloso.

É ridículo. O imperialismo, em primeiro lugar, é um sistema meramente de dominação militar, mais um sistema de dominação econômica. O imperialismo é o império dos grandes monopólios econômicos. Dito isso, perguntamos: quais são os grandes monopólios chineses que dominam a economia no Níger? Pegando um caso ainda mais conhecido: quais são os monopólios chineses e russos que dominam a economia brasileira? Por acaso a Coca Cola, a Nestlé e a VolksWagen são russas?

Partindo de outro exemplo conhecido pelos brasileiros: empresas que constituem monopólios no Brasil, como Friboi e JBS, se constituem como monopólios em qualquer outra economia no mundo? O fato é que tanto Brasil, como Rússia e China, por maior que sejam suas economias, não dominam a economia de nenhum país. Nas questões essenciais da economia, quem domina o planeta são os grandes bancos europeus, japoneses e norte-americanos.

Quem controla a economia no mundo são os norte-americanos, os europeus e os japoneses. Eles formam um bloco internacional dos países mais ricos e poderosos do mundo para controlar a economia do planeta. E isso, obviamente, não é feito por meio de eleições, mas sim pela força bruta. Por meio da corrupção de autoridades, de guerras e de uma violência infinita. Não há nada na história da Rússia ou da China que se compare ao que o imperialismo já realizou na África. Os Estados Unidos, por exemplo, vêm impedindo, por mais de 60 anos, que uma ilha como Cuba tenha acesso até mesmo a medicamentos.

Mesmo que China e Rússia quisessem impor a política dos países imperialistas aos países africanos, não conseguiriam. E isso por uma razão muito simples: como o imperialismo é um regime de força, é preciso de força para implementá-lo. E esses países não têm. Nem China, nem Rússia, nem Brasil têm o dinheiro, nem o apoio necessário para empreender uma pilhagem como a da França na África. No Gabão, os franceses impuseram ao povo uma dinastia de 56 anos que não fez absolutamente nada pelo país. Só é possível isso por meio de um regime de terror, de tal modo que qualquer um tema contestar o governo por causa do apoio que ele tem do imperialismo.

A influência da China e da Rússia sobre a África se dá por outras bases. A única forma de esses países conseguirem aumentar sua influência na região é estabelecendo um regime de parcerias, e não de pilhagens. Afinal, pilhagem por pilhagem, o imperialismo sempre sairia vencedor, pois é o regime mais “eficiente” em promover o saque dos países oprimidos. A única coisa que resta a potências regionais como Rússia e China é procurar fortalecer relações com outros países oprimidos que sejam de interesse mútuo.

A China não tem condições de impor ao Níger um “acordo” de roubar 98% de seu urânio. E justamente por isso que as relações entre os dois países tendem a se solidificar neste momento em que o Níger se sente confiante o suficiente para buscar uma alternativa à dominação francesa.

A teoria da China e Rússia “imperialistas” não tem base alguma na realidade. Não passam, no final das contas, de mero pretexto para justificar a defesa dos interesses do imperialismo na África.

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