Ganhou as manchetes na imprensa esportiva uma discussão ocorrida no vestiário do Paris Saint-Germain (PSG) no último sábado. Segundo o L’Equipe, no intervalo do jogo, que acabou com derrota por 3 x 1 para o Monaco, o diretor esportivo Luís Campos resolveu dar uma prensa no elenco, que segundo ele estaria fazendo corpo mole no jogo. Quem se levantou contra as bravatas do cartola foram os brasileiros Marquinhos e Neymar, líderes dentro e fora do campo.
O tipo de episódio que quando acontece por aqui é usado como exemplo de uma espécie de atraso civilizatório, mas que quando protagonizado por um europeu é tratado pela imprensa burguesa como algo protocolar. Da parte do diretor do PSG, fica exposta a mentalidade de que pode fazer qualquer coisa, até interferir na dinâmica do grupo no meio de uma disputa. O saldo do jogo, que deveria ser cobrado do cartola, obviamente ficou na conta dos jogadores.
Marquinhos não é capitão da equipe por um acaso, o habilidoso zagueiro-artilheiro é uma referência técnica e um líder para o elenco do clube francês. Esse também é o caso de Neymar, apesar de toda campanha que procura diminuir a importância do craque para seus companheiros de equipe, seja nos clubes ou seja na Seleção Brasileira. As verdadeiras lideranças de apresentam nesses momentos, onde o grupo está acuado e todo um trabalho cotidiano é avacalhado por um burocrata do esporte.
Marquinhos e Neymar não se colocaram apenas em defesa de si próprios, mas de todo o elenco do PSG. Tem coisas que se não coibidas no começo podem se aprofundar e permitir desmoralizar gravemente a equipe que está prestes a disputar um jogo muito importante na competição continental. Em resumo, os brasileiros agiram como qualquer líder que se preze deve agir, enfrentaram um cartola e resguardaram seus companheiros de clube.
A cada semana a imprensa francesa joga uma crise no colo de Neymar, que segue batendo de frente com arrogância dos gringos. Ele próprio chamado de arrogante, simplesmente por não baixar a cabeça para os europeus donos da razão. Na França inclusive é importante destacar as expressões de xenofobia que fazem parte da rotina do futebol francês e são vistas inclusive na sua seleção nacional.
No PSG fica bastante explícita a distinção feita pelos cartolas e pela imprensa entre Neymar e Mbappé, nos dois extremos. O francês, que já deu chilique em campo abandonado uma jogada em andamento, é sempre poupado quando age como um menino mimado e exaltado quando as coisas dão certo. Neymar, que carrega tecnicamente esse time nas costas há anos, quando acerta não faz mais do que a obrigação e se o time perde é sempre o responsável pela bagunça do clube de Paris.