Previous slide
Next slide

Hélio Rocha

Possui graduação em Comunicação Social – Jornalismo pela Universidade Federal de Juiz de Fora (2013). Atualmente é repórter de meio ambiente e direitos sociais em Plurale em Revista e correspondente em Pequim.

Futebol

Neymar é maior que o PSG

O PSG é pequeno. Muita gente tem a impressão de que não, dados o dinheiro investido no clube e os jogadores (veteranos) estrelados que lá atuam

Neymar não está mais a fim de jogar no Paris Saint German, o que está evidente desde declarações de bastidores até suas próprias afirmações à imprensa e às redes sociais. Ao mesmo tempo, nos amistosos preparatórios do time, mete golaço e sai como melhor jogador em campo. 

Essa relação, de intensa entrega de desempenho dentro de campo, contraposta por uma relação doentia entre público e jogador fora de campo, implica uma situação poucas vezes vista no futebol mundial: o craque disparado do time, um dos três maiores da atualidade e o maior para muitos, quer sair do time em que joga. Até aí, tudo bem, visto ser o PSG um “time pequeno de dono rico”, como afirma o jornalista Rica Perrone. Entretanto, como explicar que o clube, institucionalmente, e sua torcida endossem a saída de seu melhor jogador, que entrega em campo o que promete com seu nome?

Neymar só não entregou seu máximo ao time parisiense, o tempo todo, porque conviveu com lesões de longa recuperação desde 2018, quando se machucou às vésperas da Copa do Mundo. Sempre que se machuca, retorna antes do prazo previsto pelos médicos, tamanho o seu esforço em cumprir com as atividades de fisioterapia para recuperar os movimentos e a resiliência corporal. A determinação de Neymar mostra um grau de profissionalismo invejável para quaisquer de seus companheiros de profissão.

Quando retorna, produz as mesmas jogadas sensacionais que encantaram o mundo no Santos, no Barcelona e na Seleção Brasileira. Não há partida em que não seja o melhor em campo, não há jogo em que não marque um bonito gol. Neymar faz tudo o que é necessário para levar seu time às vitórias. Quando está em condições plenas de jogo, é um jogador que casa habilidade, capacidade física e profissionalismo na medida certa. Constrói, na equipe francesa, um dos melhores desempenhos que um jogador pode ter por um time pequeno.

E esse o maior dos problemas. O PSG é pequeno. Muita gente tem a impressão de que não, dados o dinheiro investido no clube e os jogadores (veteranos) estrelados que lá atuam. Entretanto, há de se observar a história do Paris, que sequer teve protagonismo local até a década de 2010s. O Campeonato Francês era um feudo de Lyon, Saint Ettiène e Olimpique de Marselle, surgindo o Paris como terceira força. O maior jogador de sua história foi o Raí, gigante no São Paulo, discreto na cena internacional, tendo começado na seleção como titular e capitão, e ido para o banco na Copa de 1994.

Nem Neymar, nem Mbappé, nem Messi vingaram naquele clube. E isso ocorre porque craques desse tamanho são maiores que o PSG. Qualquer clube com um desses terá mídia espontânea, e torcida residual, maior que o PSG é capaz de reunir sem esses protagonistas no elenco, dependendo somente da própria marca. Barcelona sobreviveu sem Messi, Neymar e Suárez, recuperando-se mesmo com um time discreto. PSG não fará isso. 

Na hora de ganhar mesmo, o que precisa é camisa. E o adversário olhar pro seu time e ter medo de jogar contra você, porque há vinte anos, nesse mesmo jogo, o jogador tal pegou de primeira de fora da área, jogou no ângulo, empatou um jogo no último minuto e abriu caminho para uma dramática vitória nos pênaltis. O Liverpool tem essa história em 2005, e outros tantos. É aquele estádio balançando no Defensores del Chaco em Assunção, em que o Olímpia sempre arruma um gol na pressão, mesmo tecnicamente muito inferior ao adversário. O Paris não tem nada.

Não há supercraque que corrija o problema de um time pequeno com expectativa de clubes grandes. PSG na Champions League é zebra, e já foi vice-campeão. Precisa construir a trajetória. Mas o clube, e a torcida influenciada por ele, não se veem como tal. E aí vaiam o Messi, pedem a cabeça do Neymar. Isso, somado à violência do futebol francês, movido à força daqueles afro-europeus que mais distribuem pancadaria que jogam, enterram as chances de crescimento do futebol do mais importante jogador brasileiro. 

Neymar deve ir embora. Deve buscar um clube à sua altura. Como foi o Santos e o Barcelona. 

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Rolar para cima

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.