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Farsa

“Neo neo malthusianismo”? Boff teme a superpopulção mundial

O teólogo Leonardo Boff resgata o malthusianismo para mascarar a exploração pela burguesia imperialista da ampla maioria da população mundial

Na última sexta-feira, dia 7 de julho, o sítio Brasil 247 publicou uma coluna do teólogo Leonardo Boff intitulada: “O nosso futuro está ameaçado”. Na peça, apesar de recente (publicada menos de uma semana atrás), o autor defende uma tese muito antiga e extremamente reacionária, o neo malthusianismo. Em resumo, a tese é de que o problema da humanidade seria de “super população”, e que o crescimento populacional se dá acima do crescimento dos recursos para suprir a necessidade de tal contingente de pessoas, o que levaria a um verdadeiro cataclisma.  A teoria foi completamente superada pelo desenvolvimento da produção, além de outros fatores sociais. Vejamos então o que levou o teólogo a resgatar tal atraso, e que argumentos ele apresenta.

Cientistas e especulações para sustentar uma tese anticientífica?

Num texto muito mal amarrado, Boff cita passagens de cientistas diversos, como que para legitimar seus saltos lógicos. No início da matéria, já inicia: “Um fato que tem provocado muitos cientistas, especialmente biólogos e astrofísicos, a falarem do eventual colapso da espécie humana é o caráter exponencial da população“, o que leva à colocação aparentemente contraditória: “Prevê-se que por volta de 2050 haverá dez bilhões de pessoas. É o triunfo inegável de nossa espécie“. Então, cita alguns autores, afirmando que: “um dos sinais do colapso próximo de uma espécie é sua rápida superpopulação. Isso pode ser visto com micro-organismos colocados na cápsula de Petri (placas redondas de vidro com colônias de bactérias e nutrientes). Pouco antes de atingirem as bordas da placa e se esgotarem os nutrientes, multiplicam-se de forma exponencial. E de repente todas morrem“.

A comparação é em si absurda, e não permite generalização. O planeta não é análogo a uma colônia de bactérias, com quantidade fixa, imutável, de recursos. Além disso, o ser humano, ao contrário das bactérias, consegue alterar seu meio através do trabalho, e multiplicar a quantidade de recursos disponível. Foi isso, inclusive, o que provou, na prática, os erros das teses malthusiana e neomalthusiana. O salto lógico é evidente. Numa tentativa de desenvolvimento desse ponto, Boff coloca que o ser humano não ocupa, atualmente, apenas 17% da superfície terrestre, excluindo-se apenas as regiões inóspitas, e leva a coisa com uma afirmação moral, generalista e sem sentido algum: “Lamentavelmente de homicidas, genocidas e ecocidas nos fizemos biocidas“. Ele usa então outra citação: “O homem até hoje tem desempenhado o papel de assassino planetário […] talvez ainda haja tempo para agir”. A essa segue com outra: “até o fim do século 80% da população humana desaparecerá. Os 20% restantes vão viver no Ártico e em alguns poucos oásis em outros continentes“; e diz que “outro notável […] prevê o fim da espécie antes do fim do século XXI“.

Disfarce para um sistema econômico falido

Em momento algum de sua coluna, o autor considera a possibilidade da racionalização da produção, da extinção do regime burguês, que anarquiza a produção e consome as condições de vida da humanidade, além de atrasar o desenvolvimento produtivo e tecnológico. Toda a humanidade seria responsável pela vida social, que não é organizada por todos, mas por uma minoria parasitária. Aqui está um ponto central da questão. As teorias apocalípticas encobrem os responsáveis pelas condições de vida da população mundial, pela má distribuição de recursos e irracionalidade da produção. Ocultam, finalmente, a própria luta de classes. De ciência, essas teses nada têm.

Após o show de sensacionalismo digno de uma super produção hollywoodiana, Leonardo Boff passa a considerar a questão tecnológica e a exploração espacial como solução para o suposto problema da relação “aumento populacional x crescimento da produção”, o que em si é um não fato. Para isso, cita também outros cientistas: “Carl Sagan, já falecido, via no intento humano de demandar à Lua e enviar naves espaciais como o Voyager para fora do sistema solar como manifestação do inconsciente coletivo que pressente o risco de nossa próxima extinção“; “O astrofísico Stephen Hawking fala da possível colonização extrassolar com naves“. Boff segue então com suas considerações generalistas: “Nesta perspectiva, a situação atual representa antes um desafio que um desastre inevitável, a travessia para um patamar mais alto e não fatalmente um mergulho na autodestruição. Estaríamos, portanto, num cenário de crise de paradigma civilizacional e não de tragédia. […] Mas haverá tempo para tal aprendizado? Tudo parece indicar que o tempo do relógio corre contra nós.

E conclui: “É o amor e a dor que têm o condão de nos transformar inteiramente. Desta vez mudaremos por uma[sic] imenso amor à Terra, nossa Mãe e por uma grande dor pelas penas que está sofrendo e da qual a inteira humanidade participa.” Aqui novamente faz uma afirmação generalista e absurda para dizer que toda a humanidade seria responsável pela situação natural do planeta, encobrindo de maneira explícita o papel da burguesia, a decadência do capitalismo e a centralidade da burguesia imperialista na administração da economia mundial, que é feita não em nome dos interesses da maioria da população, mas contra eles.

O problema na coluna não está, em si, no fato de ser um texto mal escrito, sensacionalista, com argumentos soltos. A questão é o resgate de uma tese absurda, neomalthusiana, para mascarar a guerra de classes e justificar uma união da humanidade (e das classes sociais) em nome da superação de uma suposta situação de calamidade, que é falsa.

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