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O imperialismo é lindo

“Necropolítica” ou só a burguesia dos países atrasados é ruim

Uma teoria pró-imperialista contra os países atrasados

O sítio do Esquerda Online, do grupo Resistência, corrente interna do PSOL, publicou um texto, originalmente publicado no portal La Mula, chamado “Necropolítica latino-americana”.

O texto é um apanhado de fatos criminosos recentes ocorrido em países da América Latina, do assassinato de Marielle Franco até o recente assassinato do candidato à presidência do Equador, Fernando Villavicencio, passando por inúmeros casos envolvendo políticos ou não, em vários países do continente.

O que importa aqui são as conclusões do texto, bastante extravagantes, principalmente para um grupo que se diz marxista e trotskista, como o Resistência. Embora saibamos que esses grupos da esquerda pequeno-burguesa não são aquilo que dizem ser, é interessante a ideia presente no texto.

Em primeiro lugar, o uso do termo “necropolítica” já mostra que estamos diante de uma análise que não apenas não é política, como também não é de classe. Segundo a definição do próprio artigo: 

“Necropolítica é um termo cunhado por Achile Mbembe para se referir a regimes políticos que estabelecem quem deve viver e quem deve morrer. Ou seja, quem deveria ser sacrificado no altar dos interesses do capitalismo ou, pior ainda, da lumpen-burguesia, que é o que temos como poder na América Latina. Assim, alguns humanos são sujeitos de direitos e outros objetos de morte. Não é incomum que um africano tenha sido o primeiro a falar em necropoder. Também poderia ter sido um latino-americano.”

Como é comum no “sociologuês”, fala-se, fala-se, fala-se, e não se explica nada. Pela tentativa de explicação do autor do partido, a tal “necropolítica” seria aquilo que acontece, em geral, em qualquer regime capitalista, não apenas na América Latina ou na África. Tudo vai depender do grau de autoritarismo de determinado regime político e da ação das massas sobre ele.

Fica claro o esforço para se abandonar qualquer tentativa de análise de classe do problema. É como se os regimes citados tivessem uma característica maléfica específica, mas que o autor não sabe explicar direito qual é.

Ao dizer que essas características são típicas da América Latina e da África o autor acredita que não há máfia nos países ricos, imperialistas. É uma ideia sem o mínimo fundamento na realidade.

Após levantar inúmeros casos de violência em países latino-americanos, o autor conclui dizendo que:

“A raiz de tudo isso é que nossa economia e nossa política não se baseiam em uma burguesia consolidada como nos países imperialistas. A nossa é uma burguesia lúmpen que vive das migalhas que lhe caem do Norte global e de sua própria corrupção. Somos países cujo principal sustento é o narcotráfico, a mineração ilegal, o crime. Pedir o fim da violência nessas condições é uma utopia. Somente uma mudança social profunda pode atingir esse objetivo. E temos que lutar por isso.”

Em primeiro lugar, a explicação é totalmente anti-marxista. O autor joga fora totalmente a concepção do marxismo sobre a burguesia nacional dos países atrasados e substituiu pela ideia absurda de que seria uma espécie de burguesia baseada no crime. Ou seja, as burguesias nacionais seriam, literalmente, os criminosos desses países, por isso, o autor usa o termo “lúmpen-burguesia”.

Segundo essa ideia, em países como o Brasil não haveria uma burguesia propriamente. No Brasil não há industriais, não há comerciantes, não há sequer banqueiros. Todo o capitalismo dos países latino-americanos seria um grande crime.

Uma ideia tão absurda que nos leva facilmente qual é o interesse por trás dela: justificar qualquer ação do imperialismo nesses países. Se a burguesia nacional dos países da América Latina e da África não passa de um conglomerado de mafiosos, os trabalhadores deveriam aceitar que capitalistas muito mais honestos, ilibados, limpos, democráticos, coloridos viessem aqui para colocar ordem nesse chiqueiro. E esses maravilhosos capitalistas são aqueles dos países imperialistas.

Eis porque não devemos aceitar ideias absurdas que aparecem do aquém e do além. Um grupo que se diz trotskista, está reproduzindo uma teoria que não tem nada a ver com o marxismo e acaba servindo como peça de propaganda ideológica para o imperialismo.

Não se trata, obviamente, de apoiar a burguesia nacional. O problema aqui é que o imperialismo usa essa ideologia para justificar uma intervenção nos países atrasados.

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