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Jogador não é padre

Não só Antony tem o direito de jogar, como o goleiro Bruno também

Jovem da Seleção Brasileira é mais nova vítima dos identitários

Por Victor Assis

Não faço a menor ideia do que rolou entre Antony e a namorada – ou ex-namorada, pouco importa. O que a imprensa diz – sim, senhores, a puríssima imprensa – é que ele teria batido nela. Há quem diga, inclusive, que há provas! Que ele teria pedido perdão, confessando, portanto, o que fez! Minha única resposta a isso tudo não pode ser outra: e eu com isso? E vocês todos com isso?

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) teve a brilhante ideia de “desconvocar” o garoto para o próximo jogo da seleção. Palmas para a CBF! Afinal, todos sabem, Antony é um dos mais importantes padres da Seleção Brasileira! Ah, não?! Antony não é padre? É jogador de futebol? Então, que se dane a imprensa: o moleque só precisa se preocupar em chutar bola, não com os dez mandamentos de Moisés. Se ele chutou a namorada, a CBF nada tem a ver com isso – só poderia, no máximo, criticá-lo se tivesse machucado o pé.

Ah, mas as mulheres não merecem apanhar de um macho escroto! Sim, concordo. Nem da fêmea escrota, nem de ninguém. Muito menos dos policiais do Guarujá que barbarizaram com as mulheres na favela, mas não foram chamados de misóginos. A questão, meus caros, é a seguinte: se o rapaz agrediu à namorada, ela que apresente uma queixa. E a polícia, caso ache que proceda, que abra uma investigação. E se a investigação for procedente, que o rapaz seja levado a tribunal e seja julgado com o mais amplo direito à defesa. Até ele ser condenado, não deve ser punido por absolutamente nada.

E se for condenado? Pouco muda. Se condenado, a imprensa poderá, legalmente, afirmar que o rapaz de fato agrediu a moça, coisa que farão com gosto. E Antony terá de cumprir a pena que lhe for estabelecida. Mas tem um porém nisso tudo. A pena para lesão, segundo o Código Penal, é de três meses a um ano. Se for grave, o que não parece, nem de longe, ser o caso, é de dois a oito anos. No entanto, graças a uma das muitas leis reacionárias aprovadas nos últimos anos sob o disfarce do identitarismo, caso a agressão seja contra uma mulher, mesmo sendo leve, a pena será de um a quatro anos.

Mesmo no pior dos casos, Antony poderia, assim, pegar oito anos de cadeia – o que seria muito improvável e que poderia ser reduzido em função da progressão de regime. Já seria um abuso a prisão do rapaz. Ainda assim, não está previsto no Código Penal que ele não poderia mais jogar futebol. Mesmo preso, ele poderia jogar. E no dia seguinte em que saísse, também. Afinal, não existe a pena de “desconvocação”.

O que a CBF fez com Antony é apenas favorecer a onda histérica do “cancelamento”, que, na prática, leva à destruição dos direitos democráticos de uma pessoa por causa de uma opinião ou por causa de um crime leve, que sequer foi julgado. Os defensores da “desconvocação” de Antony não percebem que, na verdade, estão estimulando a demissão de pessoas com base em suas opiniões ou em seu ficha penal, o que é uma aberração.

A vida pessoal e mesmo a vida penal de Antony nada têm a ver com o seu trabalho, que é dar alegria ao povo brasileiro por meio de seu futebol. A posição de qualquer pessoa que defenda os direitos democráticos da população não pode ser outra a não ser a de que o craque não deve sofrer qualquer tipo de sanção no futebol por causa de sua conduta doméstica.

No caso de Antony e de qualquer um. Muito já se falou do caso do goleiro Bruno, que passou por todos os procedimentos pelos quais Antony ainda não passou. Por mais que o julgamento possa ser contestado, o fato é que ele foi julgado e de fato condenado. Foi, do verbo ser, no passado. Hoje é um homem livre. E, como tal, tem todo o direito de trabalhar com o que quiser. Principalmente, com futebol, que foi a única coisa que lhe deu dinheiro na vida. A campanha histérica contra Bruno fez o goleiro não arranjar emprego, ficar sem dinheiro e… ir parar na cadeia por não conseguir pagar a pensão alimentícia de sua cria!

Palmas para os identitários! Não bastassem ser inimigos do futebol, se revelam também inimigos da classe operária.

A única perguntinha que fica é: quantas mulheres vão realmente ser beneficiadas com todo esse circo?

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