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Idealismo antropológico

Não existe ética desvinculada ao desenvolvimento tecnológico

Coluna de Roberto DaMatta no Estadão não compreende de onde vem a ética e a cultura de uma sociedade

O antropólogo Roberto DaMatta escreveu coluna no jornal golpista Estado de S. Paulo chamada “Os antropólogos e seus nativos: progresso tecnológico não garante nem prova superação ética” onde procura discutir a ideia do desenvolvimento técnológico e sua relação com a ética de determinada sociedade.

DaMatta cita Robert H. Lowie que defende a ideia de que “progresso tecnológico não garante nem prova superação ética, senão teríamos ao menos controlado instituições que envergonham as nossas ‘vidas civilizadas’ – como pena de morte, fome, guerra, corrupção política e a sórdida transformação das diversas humanidades em pobres e ricas, com as mais ricas (ditas ‘adiantadas’) bloqueando o caminho das ‘atrasadas'”.

De onde viria, então, a noção social de uma ética? Os hábitos das pessoas dependem da estrutura econômica da sociedade, o que significa que dependem também da evolução técnica dessa sociedade. A ética, assim como qualquer valor moral de uma sociedade, portanto, está relacionado a esse desenvolvimento. Não fosse assim, de onde viria tais noções? Do espírito?

Assim sendo, uma sociedade com pouco nível de desenvolvimento, ou seja, uma sociedade menos complexa como é o caso das sociedades indígenas, tem menos conflitos e a solidariedade social se impõe. Essa sociedade está submetida ao meio em que ela vive e os seus membros estão em conflito mais com a natureza do que entre si.

É com o crescimento da economia que a solidariedade social tende a desaparecer, dando lugar às classes e a conflitos sociais.

Por isso, quando DaMatta compara uma ética Apinayé com uma da sociedade capitalista, querendo dizer que os Apinayé teriam uma ética mais desenvolvida, é mero jogo de palavras.

O antropólogo não quer que a cultura dos índios seja considerada atrasada, o que não é uma visão científica, mas religiosa do desenvolvimento social. Afirmar que o desenvolvimento técnico é determinante para o desenvolvimento de relações sociais mais complexas, portanto de uma cultura mais complexa, não significa dizer que os homens daquelas comunidades indígenas são seres inferiores.

“Donos de suas terras, os Apinayé podem revelar – como fizeram por milênios, antes de serem descobertos e invadidos por nós – um estilo de viver muito mais solidário e um modo de lidar com conflitos muito mais ‘esperto’ do que o nosso”.

Quando o autor diz que temos dificuldade em controlar as “instituições como pena de morte, fome, guerra, corrupção política” ele mostra o anacronismo da comparação com os Apinayé. Eles não criaram essas instituições, quem criou foi a sociedade capitalista. E eles terão menos condições de controlá-las do que os habitantes da sociedade capitalista, nem com seu “modo de viver mais solidário e esperto”.

A própria ideia de que a ética Apinayé ou de qualquer grupo indígena seria superior em alguma parte à da sociedade capitalista é uma ideia falsa. Nessas sociedades também havia coisas que hoje podem ser vistas com horror. Dizer que as sociedades antigas eram um mar de rosas é puro idealismo. 

Se esses males ainda existem e se a sociedade ainda não está eticamente preparada para controla-los, não será voltando a roda da história para trás que o problema será resolvido. Não adianta voltar às sociedades mais primitivas, isso é, com menor complexidade social, para resolver problemas da sociedade mais avançada.

Sabemos que os termos primitivo e mais avançado incomodam os ouvidos sensíveis dos antropólogos idealistas, mas novamente é preciso explicar: tais noções são objetivas, não morais. De qualquer forma, incomodando ou não os antropólogos, a única maneira de resolver os problemas sociais – e éticos – que foram criados pela sociedade capitalista, é supera-los por meio de uma sociedade ainda mais complexa, é superar o capitalismo para que dê lugar ao socialismo.

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