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Assassinos

Não é só a PM, a Polícia tem que acabar

A Polícia Civil, como a PM ou qualquer outra polícia, serve apenas para controlar as massas revoltosas de trabalhadores.

Na manhã de quinta-feira (6), na zona norte do Rio de Janeiro, a polícia civil realizou uma operação que deixou 29 mortos na Favela do Jacarezinho. A operação começou por volta de 6h e deixou 2 civis baleados na estação de metrô Triagem. O motivo da operação seria  vingança, aparentemente um agente do CORE (Coordenadoria de Operações Especiais) teria morrido na favela dias antes, e, como resposta, a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro mobilizou nada menos do que 200 policiais para esmagar completamente a população já miserável do Jacarezinho. 

Com helicóptero, granada e fuzil, a polícia foi para cima dos moradores para deixar bem claro quem é que tem permissão para matar. Os vídeos gravados na favela pela população mostram que a polícia foi para executar os moradores, atirando em tudo que viram pela frente. A imprensa burguesa apresentou que todos eram suspeitos que recusaram em se entregar. Nos relatos, nas fotos e nos vídeos vemos o contrário. Entre muitas das cenas brutais, uma das fotos revela um jovem sem vida com o corpo furado de balas e sentando numa cadeira, em um vídeo, vemos a polícia atirar na cabeça de pessoas que já estavam no chão, uma moradora relatou que seu marido havia saído para comprar pão, foi alvejado na perna e ao gritar por ajuda caído no chão a polícia terminou o serviço. 

A maior chacina do Rio de Janeiro aconteceu nas mãos da polícia civil, que segundo muitos não seria tão ruim como a Polícia Militar. Mas agora deveria estar bem claro, não é um problema de militarização ou não da polícia, e sim da função que a polícia, qualquer polícia, tem no Estado burguês. A polícia é voltada para a repressão interna da população, é o exército organizado da burguesia contra os trabalhadores. 

O Brasil é um país de capitalismo atrasado com grandes contradições internas, como é característico de países atrasados. Vivemos em um país muito rico com pessoas muito pobres, temos o maior polo econômico na América Latina e o segundo maior da América, contudo temos milhões de miseráveis morando na rua. O Rio é uma excelente cidade para se enxergar as enormes contradições sociais e econômicas, aqui encontramos favelas no meio dos bairros mais nobres da cidade. Olhando na mesma direção vemos lado a lado hotéis luxuosos e barracos empilhados em cima dos morros. 

Para conter tamanha contradição a burguesia precisa de um aparato repressor muito bem equipado e extremamente violento. A violência serve para esmagar a população e deixá-la com medo de reagir. Afinal de contas, o brasileiro não tem direito de se armar, já a polícia pode andar até com tanques de guerra no meio das ruelas estreitas dos morros cariocas. A burguesia entende bem que caso a população estivesse armada, ou que não temesse a polícia, seria impossível controlar os milhões de brasileiros enfurecidos com o modo que são tratados. Quem não estaria? 

A Polícia Civil, como a PM ou qualquer outra polícia, serve apenas para controlar as massas revoltosas de trabalhadores. De que adianta chamar a Polícia após ser assaltado nas ruas? A polícia não tem como resolver a crise social do país, não pode resolver a criminalidade na base do fuzil. O que levou o assaltante a assaltar é a mesma situação social que empurrar milhares de brasileiros para o mesmo beco sem saída todos os dias. A cada ano que passa, a crise do capitalismo cresce, a polícia está maior e mais bem equipada e a criminalidade só aumenta.

O que a polícia fez no Jacarezinho foi uma verdadeira chacina com a permissão do Estado. Mas não se trata de nenhuma novidade e nem uma exclusividade do Brasil, é um acontecimento que se repete de diferentes formas em todos os países ao longo da história. Não precisa buscar muito longe, ano passado a polícia americana matou um Georges Floyd porque ele “parecia” culpado. A polícia sempre foi o braço armado da burguesia contra os trabalhadores, seja ela militar ou civil, brasileira ou inglesa. 

Nesse sentido, toda reação contra a violência do Estado é legítima. Os trabalhadores de Minneapolis tiveram toda a razão em queimar a delegacia local. Para além disso, é preciso pedir pelo fim da polícia e pelo armamento da população. O povo deve ter o direito de se organizar em milícias (grupos de autodefesa). Que os moradores de cada bairro tenham o direito de se responsabilizar pela própria segurança e vigilância. Respeitar e chancelar as instituições fascistas da burguesia é uma sentença de morte da esquerda reformista para com os trabalhadores, devemos romper com elas imediatamente. Façamos como os bolcheviques e seus guardas vermelhos, como os Panteras Negras e seus destacamentos armados: construamos nossas milícias armadas, organizemos a população contra a opressão da burguesia.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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