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Caso Antony

Não é defesa da mulher, é perseguição ao futebol brasileiro

A campanha contra o futebol brasileiro parece estar entrando numa nova fase

A imprensa capitalista extravasou de alegria quando a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) cortou a convocação do ponta Antony, do Manchester United, para a Seleção Brasileira. O jogador que disputou a Copa do Mundo no Catar no ano passado, após alguns meses sem ser chamado pelo interino Ramon Menezes, voltou a ser convocado para fazer parte do escrete do técnico Fernando Diniz para disputar o início das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026.

O motivo de desconvocação seria a suposta agressão do atleta à sua ex-namorada, que foi rapidamente divulgada pela imprensa brasileira às vésperas da estreia da Amarelinha nas Eliminatórias, contra a Bolívia. “O corte de Antony era necessário e é emblemático. E, mesmo que fosse Pelé, mesmo que Fernando Diniz conheça um outro Antony no relacionamento diário de São Paulo Futebol Clube, não pode mais convocá-lo. Porque é uma questão de princípios. Instituições públicas, nacionais e internacionais, precisam dar o exemplo para que ele seja seguido de cima abaixo na pirâmide que compõe uma sociedade”, afirmou o jornalista Julio Gomes, do Uol, principal portal de notícias contra o futebol nacional.

Parecendo um militante do PSOL, mas, na verdade, comprovando que a política de cancelamento do identitarismo é uma política oficial da burguesia, Gomes continua, afirmando que “o mundo do futebol é um dos tantos mundos em que o machismo patriarcal impera e a mudança tarda em chegar”. “Isso precisa mudar. Precisa. Mudar. E a não convocação de Antony é um ótimo recado para quem ainda não entendeu. Ou jogadores entram na linha ou a linha passa por cima do nome deles”, conclui o jornalista, em sua posição padre feminista.

A jornalista Alicia Klein, não surpreendentemente também do Uol, foi mais longe: não gostou nem da desconvocação. Segundo ela, o “exemplo” não foi dado, pois “[CBF e Diniz] ignoraram as denúncias ao convocá-lo. Diante das mensagens e fotos assustadoras divulgadas na manhã de ontem (depois de louvável trabalho jornalístico), mantiveram-se calados até a noite”. Ou seja, para ela, Antony nem mesmo deveria ter sido chamado, pois já havia denúncias de que ele teria agredido a mulher.

A política defendia pela imprensa, no entanto, é uma barbaridade. Faz parte da política do cancelamento infiltrado no Brasil através dos Estados Unidos pela política identitária, que promove uma histeria autoritária supostamente em defesa da mulher ou qualquer outro grupo oprimido (ou supostamente oprimido) que convenha.

Essa histeria desconsidera que, até o momento, não há efetivamente nada contra o jogador. Ele foi acusado de agredir sua ex-namorada, mas ainda não foi julgado. E, caso venha ser condenado, ainda precisaria ver se seus direitos democráticos foram amplamente respeitados. Mas isso não interessa à histeria identitária: Antony deve ser tratado como bandido, impedido de exercer sua profissão por uma simples acusação, pelo indício de que ele teria agredido uma mulher.

Em outras palavras, Antony não tem mais o direito de se defender. Ele pode muito bem estar sendo vítima de uma armação — como ocorreu com Neymar no caso Nájila — e ser totalmente inocente. Mas, para a imprensa capitalista e os identitários, isso não interessa. Importante é acabar com a carreira do promissor jogador, um dos principais representantes do futebol-arte brasileiro mundo afora.

Uma política contra o futebol nacional

É uma política totalmente abusiva contra os direitos democráticos. O cancelamento identitário permite que qualquer pessoa, por qualquer motivo, seja cancelado da vida pública, isto é, que tenha uma morte social. Isso, no entanto, não é novidade, principalmente no futebol brasileiro, constantemente sob ataque do imperialismo. 

O goleiro Bruno, ex-Flamengo, por exemplo, foi condenado pela morte da modelo Elisa Samúdio. Sem entrar no mérito se sua prisão foi justa ou não, o fato é que, tendo cumprido pena, já fora da cadeia, uma intensa campanha foi feita para que ele não pudesse mais jogar futebol. Ele morreu socialmente, simplesmente. Se for para ser assim, é melhor já decretar a pena de morte no Brasil — o que não é o caso. Efetivamente, essa política identitária é extremamente anti-democrática e um profundo ataque à civilização. É uma política bolsonarista travestida de “defesa dos oprimidos”.

Teve ainda o caso de Robinho. Antes mesmo dele ter sido condenado por estupro na Itália, o atacante esteve no Brasil para jogar no Santos Futebol Clube, que o revelou e onde ele é ídolo. O ex-craque brasileiro, todavia, foi impedido de atuar pela histeria identitária. Em seguida, após ser condenado, os identitários da imprensa fizeram uma ampla campanha para que ele fosse extraviado para a Itália cumprir pena, algo totalmente inconstitucional. Pisando nos direitos democráticos do país, agora querem que Robinho cumpra pena em território nacional por uma condenação de um tribunal estrangeiro — pior ainda, por uma condenação de um Estado imperialismo. Isso abriria precedentes para que qualquer cidadão brasileiro fosse condenado no exterior.

Há ainda o caso de Daniel Alves, que também disputou a Copa no Catar. Ele foi acusado de estupro e, como se fosse um estuprador em série, foi preso preventivamente. Um recurso que deveria ser usado apenas de forma excepcional, se um cidadão fosse uma ameaça constante à sociedade, tornou-se lei geral. Daniel Alves teve seus direitos democráticos pisoteados, tudo isso com apoio dos identitários e dos supostos esquerdistas.

Cuca, um dos melhores técnicos do Brasil atualmente, quando foi anunciado no Corinthians no início do ano, foi alvo de uma intensa campanha identitária e, após dois jogos no comando do Timão, teve de deixar o clube. Tudo isso por conta de uma condenação na Suíça na década de 1980. Primeiro, o caso nunca foi bem explicado. Segundo, o crime já havia prescrito — portanto, Cuca não devia nada legalmente. Portanto, mesmo sem dever nada na justiça, o treinador não pôde exercer sua profissão. Essa mesma campanha serviu para que a CBF retrocedesse em chamá-lo para ser o sucessor de Tite na Seleção Brasileira — o que seria, sem dúvidas, uma grande vitória para a Amarelinha, que agora se vê ameaçada de ser assumida por um técnico estrangeiro.

Da mesma forma, e novamente contra o Corinthians, quando assumiu Vanderlei Luxemburgo, resgataram histórias de assédio, entre outras coisas. Não colou… Ninguém levou a sério. Agora, por ser um técnico que defende o futebol nacional, fazem de tudo para tentar desmoralizá-lo na imprensa.

O que acontece na Seleção

No entanto, o que chama a atenção realmente a atenção é quantidade de baixas que tiveram na Seleção na última convocação. Antes de Antony ser cortado, o meia Paquetá, que fazia parte da seleção-base da última Copa, nem mesmo foi anunciado. O motivo? Estaria envolvido em um esquema de manipulação de resultados com jogos de aposta. Mesmo sem nada comprovado, o meio-campista não foi chamado para a Amarelinha. Pelo mesmo motivo, na Seleção Pré-Olímpica, Luiz Henrique, Bétis e ex-Fluminense, foi cortado.

A conclusão que se chega é que os jogadores brasileiros são todos estupradores, manipuladores e agressores. Os atletas de outros países, ao contrário, são santos. Mas, obviamente, o problema não é esse. O grande problema é a ofensiva geral contra o futebol nacional. Nesse sentido, o ridículo Walter Casagrande Jr. explicitou o problema: é preciso atacar o futebol brasileiro, custa o que custar e, por isso, surgem várias denúncias. O comentarista e ex-jogador disse:

“A CBF cortou um jogador por suspeita de participar de esquema de apostas (Lucas Paquetá) e outro que agrediu a namorada (Antony), mas fez vista grossa para Neymar, que cometeu crime ambiental”.

Para Casagrande, a CBF deveria cortar Neymar por construir um lago artificial em uma área não autorizada. Chega a ser ridículo — principalmente vindo de quem veio a afirmação. Não se trata de defender mulheres ou a honestidade, trata-se simplesmente de um artifício para atacar o futebol brasileiro. Para o imperialismo, o melhor futebol do mundo é um problema para seu esquema financeiros e, portanto, precisa ser atacado continuamente. Por exemplo, Neymar e Richarlison ficaram de “gracinha” durante treino da Seleção Brasileira. Normal, são amigos e jogam juntos há bastante tempo, se conhecem e se gostam. Mas a “gracinha”, na redação da ESPN, se tornou: “Neymar se irrita com entrada de Richarlison durante treino da Seleção Brasileira e jogadores se desentendem”. Quem só lê a manchete, acha que há uma crise entre os jogadores, mas basta abrir o vídeo para entender que nada disso aconteceu… É uma política suja contra o futebol nacional, apenas isso.

Mas, voltando para Antony, o jogador tem sido extremamente criticado na Europa. Como joga igual brasileiro, dribla, se diverte e expressa o futebol-arte, precisa ser contido. Mas ele não para… Isso é um problema para os europeus, que, na imprensa, ficam falando mal de jovem joia brasileira. Agora, piorou: denúncias apontam que seus próprios colegas de time não querem mais lhe passar a bola. Verdade ou mentira, fato é que os jogadores brasileiros, mesmo sendo os melhores, estão sendo cada vez mais mal-tratados no exterior — vide os casos de Neymar e Vinícius Júnior. É, preciso, portanto, uma campanha para que nossos atletas voltem a atuar em território nacional. Já sair da Europa, como fez Neymar ao ir para a Arábia Saudita, é um progresso, mas o ideal é que eles estivessem todos no Brasil.

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