Expedito Mendonça

Militante trotskista há 40 anos, fundador e atual diretor do Sindsep-DF. Formado em História pela UniCEUB, membro da comissão de redação do Jornal Causa Operária e colunista do Diário Causa Operária.

Reajuste dos servidores

NÃO às migalhas deixadas no prato dos servidores

O governo Lula dve atender aos reclamos da categoria, que amarga mais de sete anos sem reajuste nos vencimentos

Os servidores públicos e as entidades representativas da categoria rejeitaram a proposta de “reajuste” apresentada pelo governo na Mesa Nacional de Negociação Permanente (MNNP). A “Mesa” foi instituída para debater a atual situação salarial dos servidores, assim como propor e encontrar soluções para pelo menos minimizar a tragédia social vivenciada hoje por milhões de funcionários públicos, depois de sete anos de congelamento nos vencimentos, que fizeram os salários despencarem em cerca de um terço do seu valor de 2016. 

O que precisa ser dito claramente e sem meias-palavras – para início de conversa – é que os 7,8% anunciados pelo governo não são suficientes nem mesmo para repor o que foi surrupiado dos salários no governo Bolsonaro; isso sem falar no que já vinha sendo roubado desde o golpe de Estado, em 2016. Nem mesmo os 200 reais anunciados como aumento no valor do vale-alimentação consegue mitigar a situação de desespero da categoria, pois as perdas acumuladas nesses sete anos ultrapassam os 27%, o que fez reduzir drasticamente o poder de compra dos salários, duramente atacados principalmente pela inflação dos alimentos. Isso sem falar no fato de que mesmo com a elevação do benefício, o valor do vale-alimentação ainda está muito aquém do que é pago aos servidores do judiciário e do legislativo. Não é fortuito, portanto, o fato de que mais de 80% da categoria se encontra em situação de superendividamento com os bancos. E essa situação não ocorre somente no Executivo federal, pois nos estados e municípios a condição de desespero dos servidores é a mesma, na medida em que os governadores e prefeitos reproduzem em suas esferas administrativas a mesma política de arrocho salarial e ataque aos direitos e conquistas dos servidores públicos. No total, considerando as três esferas de governo, os servidores públicos representam mais de 10 milhões de trabalhadores, distribuídos em todos os estados da federação.

Em discurso durante a reinstalação da “Mesa de Negociação”, o ministro da Economia, Fernando Haddad, declarou que iria tirar a “granada do bolso do servidor”, numa alusão ao que foi dito em março de 2020 pelo então ministro do governo anterior, Paulo Guedes, quando o “Posto Ypiranga” do bolsonarismo declarou que iria colocar uma granada no bolso do inimigo, classificando o serviço público e os servidores como “inimigos do Brasil”. 

Ora, pode até ser que o atual governo não deseja manter a “granada no bolso dos servidores”, mas oferecer um percentual que sequer se aproxima do que foi roubado pelo governo inimigo da categoria (Bolsonaro e Guedes), cujas perdas estão calculadas (somente nos três primeiros anos) em 19,99%, é tão somente minimizar os efeitos explosivos da granada e não uma decisão no sentido de pelo menos aliviar o dramático calvário vivenciado pelos servidores e seus familiares. 

É bom lembrar ainda que Lula está sob marcação cerrada da direita golpista, que vem fazendo de tudo para inviabilizar o governo recém-empossado. Para poder cumprir com os compromissos assumidos em campanha, Lula precisa estar apoiado na mobilização popular, nos movimentos de luta dos trabalhadores, no povo pobre do campo e da cidade. Os servidores públicos votaram maciçamente em Lula e querem ver agora algum aceno do novo governo no sentido do atendimento das suas demandas, das suas reivindicações. 

No entanto, não é possível mudar essa situação apenas com conversas e contas, considerando apenas o orçamento do governo, do qual saem, todos os anos, centenas de bilhões para alimentar os volumosos lucros dos banqueiros. Tem que ser decisiva a situação da nossa categoria, perseguida, humilhada e roubada nos últimos anos. É preciso fazer as contas das nossas perdas, dos gastos das nossas famílias, das nossas necessidades. 

Para isso é preciso convocar os servidores para discutirem, em assembleias amplas e colocar o “bloco na rua”, na defesa de um aumento emergencial de verdade (que não pode ser menor do que os 19,99%, percentual que reivindicávamos de Bolsonaro, no ano passado) e de uma política de reposição integral das nossas perdas salariais e de outras reivindicações.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Rolar para cima

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.