Mesmo contrariando a política anunciada por Lula para seu atual governo, a Petrobrás segue concluindo a venda de ativos da empresa. Sob a gestão de Jean Paul Prates, o desmonte da gigante do setor petroleiro segue como se estivéssemos diante de um governo da direita entreguista. Não basta amenizar o processo, para se adequar ao programa eleito no final de 2022 é urgente interromper a privatização da Petrobrás. Os ocupantes de cargos que são indicados por Lula devem atender à política do presidente eleito, é o mínimo que se espera deles. Caso contrário, devem ser retirados.
No Espírito Santo, por exemplo, a Petrobrás concluiu a venda do Polo Norte Capixaba, composto por quatro campos de produção de petróleo e gás, para a empresa Seacrest Bermuda Limited, sediada oficialmente na pequena ilha de Bermudas, próximo ao litoral leste dos Estados Unidos. A mesma empresa comprou, em parceria com a Karavan Oil, 27 concessões terrestres de exploração e produção no Polo Cricaré, também no Espírito Santo. Essa operação ocorreu em 2021, ainda no governo Bolsonaro, cujo escândalo da propina das joias está relacionado também com a entrega de ativos da Petrobrás, nesse caso a Refinaria Landulpho Alves (RLAM).
Entre os próximos ativos na lista de Prates aparecem a Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG) e a Petrobrás Biocombustível (PBIO). O Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) protestou no começo de abril exigindo que “todos os ativos da empresa sejam retirados oficialmente do rol de privatizações”. Pelo menos em relação à TBG, o presidente da Petrobrás já teve que anunciar um recuo. No entanto, nada indica uma mudança mais radical no rumo das privatizações.
Em recente entrevista, o diretor administrativo da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET), Fernando Siqueira, denunciou que Prates era lobista do cartel do petróleo e que ele e o Conselho de Administração da Petrobrás têm políticas totalmente opostas. Siqueira o comparou ao Conselho ao Banco Central por sua atuação independente do governo, destacando que é composto por figuras que não são nacionalistas. Denunciou também que Prates foi favorável ao pagamento de dividendos bilionários aos acionistas da empresa, algo que contraria abertamente os interesses nacionais em relação à Petrobrás.
Enquanto isso, no Ministério de Minas e Energia, Alexandre Silveira estava colocando gente do DEM e do PSD no Conselho Administrativo, ou seja, golpistas sem qualquer compromisso com os interesses nacionais.
Lula anunciou que reverteria o processo de privatização da Petrobrás, que é uma empresa de gigantesca importância estratégica para o País, mas ele está sendo sabotado por amplos setores da burguesia. Se o presidente da empresa se recusa a atuar em sintonia com o governo e se o Ministro de Minas e Energia não atua no mesmo sentido apontado por Lula, eles devem cair. É preciso intensificar as denúncias e ampliar a mobilização para que a Petrobrás seja completamente estatizada, para que o processo de terceirização seja extinto e para que a empresa seja controlada pelos trabalhadores.