Uma operação da polícia federal de Porto Seguro e Ilhéus, na Bahia, em conjunto ao Grupo de Pronta Intervenção da Bahia (GPI/BA) realizou uma diligência na Terra Indígena Barra Velha. Na ocasião foram apreendidas uma arma de fogo antiga e objetos de pesca. Um índio Pataxó, suposto detentor dos objetos, foi preso pela polícia e levado a Lauro de Freitas.
O caso ocorreu em uma propriedade que está no interior do Terra Indígena Barra Velha, que os índios haviam ocupado. O povo Pataxó luta por essa terra há décadas, se enfrentando tanto com os latifundiários, quanto com a especulação imobiliária. A erra Indígena Barra Velha foi demarcada em 1980, com 8,600 hectares, espaço muito menos do que aquele reivindicado pela população Pataxó.
Desde aí, os índios luta contra poderosos interesses econômicos que visam avançar sob o território indígena, impedindo ou inviabilizando o seu modo de produzir e sua subsistência. Em 2009 a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) publicou, em um novo relatório de identificação da área, esse apontava um território com quase 53 mil hectares. Até o momento, a reserva não recebeu a carta declaratória, documento final do processo de demarcação de uma TI.
Os índios da Terra Indígena Barra Velha enfrentam a violência dos que querem se valer do território revindicado pelos índios pataxós. Um longo rastro de violência acompanha essa luta, envolvendo assassinatos e atentados contra as lideranças e o povo Pataxó. Em 2022, pelo menos seis índios pataxós foram assassinados no sul e extremo sul da Bahia.
O resultado da ação da Polícia federal não é outro, senão o auxílio do latifúndio e da especulação imobiliária, uma vez que os índios, que correm iminente risco, estão sendo desarmados, até mesmo de suas armas tradicionais, enquanto nenhuma operação contra os latifundiários, extremamente armados, como é do conhecimento de todos, acontece.
Parece que na Bahia, somente latifundiário pode estar armado, enquanto os oprimidos devem estar totalmente desarmados, facilitando a ação dos opressores. O armamento do povo é reivindicação democrática fundamental, uma vez que somente ela pode garantir o mais sagrado dos direitos, o de resistir a opressão.