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Lula e China

MRT, “trotskista”, ignora a dialética do nacionalismo burguês

Apesar do tom acadêmico de matéria no Esquerda Online criticando a política externa de Lula, o texto incorre nos mesmos erros ao avaliar a luta de classes

Matéria publicada no Esquerda Diário sob o título A nova política externa de Lula não é tão nova e é a continuação da política interna de conciliação de classes, faz uma crítica que incorre nos mesmos erros de quase toda a esquerda, não considera progressista que a busca de independência de uma burguesia nacionalista é progressista, uma vez que enfraquece a dominação imperialista.

O texto inicia citando um outro artigo de autoria de André Barbieri, também publicado no Esquerda Diário e sob o título “Lula na China: a relativa autonomia estatal e a dupla dependência”, do qual destaca o seguinte trecho “Essa forma conservadora das relações internacionais do Brasil informa o caráter subordinado do próprio no sistema de Estados: sem poder ter poder de fogo relevante nas grandes disputas, encontra nos interstícios do sistema as brechas para alcançar seus objetivos parciais. Esse é o dualismo dramático da política externa brasileira no início do terceiro governo Lula”.

Visto assim, não parece anormal que uma economia destruída, como a brasileira, procure atuar nos ‘interstícios’. Se bem que a coisa não é bem assim, não se pode afirmar que o Brasil tenha ‘poder de fogo relevante nas grandes disputas’, somos um dos países mais importantes do mundo. Não foi por acaso que Lula foi recebido com grande pompa pelos chineses.

A simples boa vontade do petista com a China, acossada pelos Estados Unidos, é de grande importância, basta ver a reação negativa da grande imprensa, a serviço do grande capital estrangeiro.

Crescimento econômico

Lula está sendo sabotado por um Congresso dominado pela oposição, pelas Forças Armadas e o banco central é presidido por um bolsonarista. Portanto, é natural que busque resultados econômicos e tente fechar negócios e parcerias, pois o futuro de seu governo depende disso.

O texto afirma que “se há um lugar nas Américas onde o domínio yankee é mais relativo é no Cone Sul, aqui historicamente potências emergentes tentaram estabelecer maior disputa. Primeiro, devemos dizer que não é fácil controlar um país do tamanho do Brasil, até mesmo para o imperialismo, tanto que tiveram que dar um golpe em 2016. Embora se estejam dando sinais de que pretendem derrubar Lula, a tarefa não será tão simples.

Os acordos entre Brasil e Argentina para transcionarem em moedas locais. O anúncio que Lula fez sobre os negócios fechados em moedas locais, e de que estimulariam outros países fazerem o mesmo, é muitro progressista. O dólar é usado como arma pelo imperialismo para sancionar, bloquear países. O abandono dessa moeda tem preocupado os Estados Unidos, que estão assistindo, sem ter muito o que fazer, a diminuição de reservas em dólar em outros países. Isso dificulatará até um futuro calote americano.

Se a matéria tenta apresentar defeitos na política externa de Lula, temos que dizer que esse é talvez o carro-chefe da atual gestão. Lula tem se apresentado muito radical. Na Espanha, criticou que a ONU foi forte para criar Israel e ‘não consegue’ criar o Estado Palestino, questionou a ‘politica ambiental da UE e disse que sim, que vamos desenvolver a Amazônia.

Não é por acaso que os EUA acenam com US$ 500 milhões para o Fundo Amazônia.

Conciliação de classes

O próprio título do artigo diz que a política de Lula busa a conciliação de classes, ou uma conciliação com os interesses capitalistas que se cruzam no país mas o petista não nunca foi um comunista, sua política é de cunho reformista. Se busca uma colocação para o agrobusiness com a China, com certeza esse nosso setor econômico vai se interessar. O único problema, talvez, é Lula acreditar que com isso estár conquistando os latifundiários do agronegócio.

Outra crítica que o texto faz à política externa de Lula, pois se nega à Alemanha munição para os tanques da Ucrânia, que a imprensa de esquerda teria alardeado, e ao mesmo tempo se calado perante o golpe de estado apoiado pelos EUA no Peru e o apoio militar que Lula deu aos golpistas. Gostaríamos de saber que apoio militar foi esse. Desde quando o governo mandou tropas para o Peru?

Dependência

Seguindo no texto, temos que A relação com a China que inclui investimentos produtivos tem se concentrado em participações em privatizações no setor energético (eletricidade e petróleo) e sobretudo agronegócio e sua logística. É uma relação que acentua dependência, porém há quem queira ver um caminho anti-imperialista.

Ora, em qualquer negócio um lado ‘depende’ do outro. Um feirante, por exemplo, depende de seus clientes para poder vender seus produtos. No caso do Brasil, não podemos dizer que esteja ocorrendo uma subordinação politica em relação à China. Mesmo que, digamos, nosso país dependesse muito do mercado chinês para escoar mercadorias, o fato de fazer isso por fora do dólar é, ao mesmo tempo, um movimento de libertação do imperialismo. Não há contradição aí.

Vemos que vai sendo colocada de contrabando uma ideia de que a China seja um país imperialista, um equívoco muito comum que tem surgido na esquerda, que erra também ao avaliar a Rússia. Se os chineses seriam ‘imperialistas’ devido ao tamanho de sua economia, os russos o seriam em função de sua operação militar na Ucrânia.

O erro

Nessa matéria do Esquerda Diário temos visto se repetirem erros que impedem uma real avaliação política.

1) A luta de classes não se dá apenas entre a burguesia e a classe trabalhadora. O nacionalismo burguês também é luta de classes e é progressista. 2) Que o Brasil busque investimentos dos Emirados Árabes, ou essa “petromonarquia reacionária”, como diz o texto, não é necessariamente ruim para a classe trabalhadora; e não podemos nos esquecer que se trata de outro país oprimido pelo imperialismo. 3) O PT tem uma política reformista, não socialista ou revolucionária e isso tem de estar pressuposto em qualquer análise.

É importante salientar esse terceiro ponto porque a tarefa de um partido revolucionário é estar com a classe trabalhadora mesmo em suas vitórias parciais sobre o imperialismo. Hoje, no Brasil, os trabalhadores depositaram suas expectativas no governo Lula, enxergam nele um fator de avanço, que poderá retirar a classe trabalhadora da penúria na qual se encontra.

É preciso, portanto, impulsionar as massas para que elas, com sua força, pressionem o governo cada vez mais à esquerda. O resultado desse embate entre a pressão que as massas exercem e o resultado obtido de quem está no governo é que fará com que as massas evoluam em sua consciência, pois dessa experiência é que retira suas conclusões políticas.

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