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Guerra da Ucrânia

MRT e a posição pró-imperialista de “não apoiar ninguém”

Após quilômetros de texto, o MRT declara estar do lado de ninguém, só do povo ucraniano, claro, assim fica mais fácil encobrir seu apoio ao imperialismo

Explosão em Kiev

O MRT publicou uma longa matéria em seu sítio, Esquerda Diário, intitulada “A anunciada “ofensiva da primavera”: para onde vai a guerra na Ucrânia?”. Apesar dos quilômetros de texto tentando manter um ar de neutralidade, a conclusão já era esperada: existe uma guerra entre blocos imperialistas e a Ucrânia está sendo usada em uma guerra por procuração.

O início do texto é curioso, diz que “Em toda guerra, as informações do campo de batalha são parte do conflito” para em seguida afirmar que teria se desenvolvido uma controvérsia sobre os drones que explodiram sobre a residência presidencial de Putin, que prontamente acusou Kiev e Washington de terem tentado realizar um atentado”. (grifo nosso).

Qual seria exatamente a ‘controvérsia’? Não existe uma disputa, no máximo uma dúvida se Washington está por trás do atentado, cuja confirmação não causaria espanto, uma vez que colocaram a Ucrânia nessa situação.

O texto faz uma citação de Clausewitz, “a guerra é a continuação da política por outros meios”, e passa a tratar de outras questões, como “tensões sino-norteamericanas no Oriente”, apenas se esquecendo de mencionar que os Estados Unidos, ao contrário da China, não ficam no Oriente. Do mesmo modo que os Bálcãs, Iraque e Afeganistão, citados na matéria, estão bem longe do solo americano.

Esse “esquecimento” não é casual, pois a matéria afirma que o conflito na Ucrânia se trata de “guerra interestatal com o envolvimento de potências de ambos os lados. A tese do texto cairia por terra se tivesse que admitir que são os EUA, e não a Rússia ou a China, que atacaram todos esses países.

O imperialismo está na região do Indo-Pacífico formando coalizões militares como o QUAD e a AUKUS, provocando e tentando separar Taiwan da China. A OTAN, controlada pelos Estados Unidos, destruiu a Iugoslávia, o Iraque, a Síria, o Líbano e o Afeganistão, onde sofreu uma derrota fragorosa.

A Rússia pode ser uma potência militar, mas não um país imperialista, tanto que faz parte de um bloco econômico de países atrasados, os BRICS, do qual participam também Brasil, Índia, China e África do Sul.

Outra conveniência de terem “esquecido” das agressões do imperialismo, seria terem de admitir, dado o número de países agredidos pela OTAN, a Rússia está agindo em legítima defesa.

Descrições e descrições

A partir do segundo parágrafo, para quem tiver paciência, a matéria passa a fazer uma descrição de como acreditam que as ações estejam se desenvolvendo desde o seu início. Comentam o bombardeio, a invasão com tanques, e na aposta de um suposto colapso do governo Zelensky.

Em seguida, falam da retirada do cerco de Kiev, procura falar da questão do Mar de Azov, Donbass, Odessa e Transnístria.

No parágrafo de número 3, a matéria trata da “anexação das regiões de Lugansk, Donetsk, Zaporizhzhya e Kherson”. E, temos que lembrar ao autor do texto, que anda um tanto esquecido, que além dos referendos populares que aprovaram a integração desses territórios à Rússia, Lugansk e Donetsk passaram oito anos sob ataque do exército ucraniano e tropas nazistas, notadamente o Batalhão Aidar e Pravy Sektor, que deixaram um rastro de milhares de civis mortos e uma lista incalculável de torturas, estupros etc.

Os nazistas, diga-se, foram treinados e armados pela OTAN, pelo imperialismo, para dar um golpe em 2014. Com o golpe, o plano imperialista seria o de integrar a Ucrânia à OTAN e assim cercar a Rússia com armas atômicas. O problema é que Vladimir Putin tnão estava com muita vontade de terminar na ponta de uma corda, como fizeram com Saddam Husseim, e tratou de se antecipar e proteger seu país.

Indo adiante, o texto traz mapas, fala de guerra de desgaste, combate palmo a palmo, trincheira. Citam trecho de livro falando da importância de estratégia de desgaste. Até que chegam na prometida contraofensiva ucraniana de primavera que, pelo menos ao que parece, ficou apenas no papel, ou nas manchetes da imprensa burguesa.

Conclusão: apoiam a OTAN

Após um milhão de conjecturas e possíveis cenários de guerra e a possibilidade de o conflito se tornar uma guerra aberta contra os Estados Unidos e seus aliados. O texto diz que talvez os americanos, dada a fragilidade da Ucrânia, possa “concentrar-se em outras prioridades (leia-se a China) e o aumento da dependência russa da China”. Por outro lado, os EUA continuam pegando dinheiro emprestado da China para gastar no seu complexo militar, o que tem elevado a dívida pública à estratosfera. Como vimos nestes dias, o país esteve à beira de dar calote.

No apagar das luzes, finalmente, o artigo se refere ao “guerreirismo das grandes potências está em pleno desenvolvimento; a Ucrânia é o cenário mais agudo de um processo mais amplo”. Ao que parece, o ‘processo mais amplo’ seria algo similar ao que houve nas duas Grandes Guerras, quando os países imperialistas lutaram entre si pela partilha do mundo. Nada mais longe da realidade.

E temos a tal “neutralidade”: “qualquer posicionamento a favor de algum dos “campos” reacionários em conflito e contra as ilusões de uma solução de “paz” imperialista, venham elas das mãos da Europa, China ou da potência que for”. Neutralidade que, na verdade, não passa de um apoio velado ao imperialismo.

Assim, vão concluindo que “a questão passa por constituir um polo contra a guerra na Ucrânia que defenda a unidade internacional da classe trabalhadora…”. [Claro, defendem a unidade internacional e nem mesmo conseguem estabelecer o que é de fato o imperialismo] …com uma política independente, pela retirada das tropas russas, contra a OTAN, contra o armamentismo imperialista e por uma Ucrânia operária e socialista”. Talvez estejam esperando que o socialismo na Ucrânia brote do chão, pois não adianta esperar que a classe trabalhadora ucraniana prospere sem que derrote o imperialismo, este que o MRT defende, embora diga que o combate.

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