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Onda Identitária

MRT aproveita ‘gordofobia’ para surfar na onda identitária

MRT se aproveita e usa morte de um jovem obeso na rede pública de saúde para denunciar a ‘gordofobia’, mas o problema é que a rede prejudica toda a classe trabalhadora

Banhista na Praia

Matéria do Esquerda Diário, “Corpos gordos que não cabem nesse sistema: Vitor, presente!”, é mais um exemplar da onda identitária que corrói a esquerda. O texto tem tanta pressa em tratar mais essa morte no sistema de saúde pública como ‘gordofobia’ que até se esquece de dizer quem é o jovem, onde vivia, informações básicas que deveriam constar em qualquer notícia.

Vitor Marcos de Oliveira, 25 anos, foi sepultado neste dia 7, no Cemitério da Paixão, Franco da Rocha, na Grande São Paulo. O drama de Vitor foi o mesmo de muitos paulistas e brasileiros pobres que dependem do sistema público de saúde, não conseguem atendimento e acabam por perder a vida.

Segundo reportagens, Vitor chegou a ser atendido na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Perus, no dia 4, onde foi constatada a gravidade do caso e a necessidade de internação urgente. Seis hospitais públicos foram consultados e recusaram a internação alegando superlotação ou falta de equipamentos adequados para pacientes com obesidade.

Após ficar durante quatro horas dentro de uma ambulância, Vitor teve três paradas cardíacas e faleceu. Confirmando, mais uma vez, o criminoso abandono em que se encontra a saúde pública, que piorou ainda mais após o golpe de 2016.

Esse é o ‘normal’

O padrão no sistema é a falta de médicos e de equipamentos. No final da pandemia de Covid, se é que podemos afirmar que já acabou, inúmeras pessoas com sintomas de contágio compareciam aos postos de saúde e não havia testes. Os médicos receitavam algum antigripal e mandavam o paciente de volta para casa. Quem quisesse, ou pudesse, que comprasse um kit de teste em alguma farmácia.

Qualquer pessoa que utilize a rede pública sabe que faltam, por exemplo, ortopedistas nas unidades de atendimento. Quando se consegue o especialista, é rara a vez que o aparelho de raios-X funcione. Uma verdadeira tragédia.

Não existem leitos suficientes nos hospitais, não assusta que faltem macas para pessoas obesas, não se trata de ‘gordofobia’, mas de abandono. A direita, que governa São Paulo há décadas, não liga muito para a população pobre e o dinheiro público está sendo todo direcionado para a boca insaciável dos bancos e do mercado financeiro. Qualquer política que tente melhorar a Saúde vai sofrer a ira do deus ‘mercado’, os grandes jornais vão gritar pedindo cuidado com o teto de gastos, as bolsas vão cair e o dólar vai subir.

O problema do identitarismo é que cria tantas divisões que já não sabe em qual se apoiar. Vitor era negro, sua morte poderia ser atribuída ao racismo; era obeso, portanto, foi vítima da ‘gordofobia’ e era pobre, item que fica fora da lista de prioridades identitárias.

Para o Esquerda Diário, “o debate aberto pela tragédia que Vitor foi vítima nos faz questionar quem cabe nesse sistema. O descaso com a sua vida, sendo levado de hospital a hospital como se fosse um objeto, sem que se garantisse condições mínimas para que ele pudesse sobreviver. Ora, praticamente ninguém cabe nesse sistema, uma vez que é completamente deficitário.

Para tentar embasar sua tese de ‘gordofobia’, o artigo lembra que há quase 6 anos, uma jovem de 19 anos, Amanda Rodrigues, morreu por causa de um erro médico em uma cirurgia bariátrica. Amanda se submeteu a esse procedimento porque não suportava o preconceito, a gordofobia, a pressão sobre seu corpo.

Sim, muitas pessoas obesas sofrem com o preconceito. Por outro lado, inúmeras pessoas que sofrem com a obesidade e que precisariam de um procedimento cirúrgico para preservar a saúde, não conseguem se atendidas pelo sistema público de saúde.

Bem-vindos à realidade

Pelos menos um trecho da matéria do Esquerda Diário se salva, o que “há seis anos já havia todo um discurso de diversidade de corpos, empresas faziam propaganda com pessoas “normais”, atrizes gordas protagonizaram clipes de músicas de sucesso, misses e modelos plus size ganhavam a mídia. De seis anos para hoje, houve um esforço enorme em fortalecer um novo nicho de mercado. Marcas famosas passaram a oferecer tamanhos “GG”, realities show contaram com pessoas gordas no elenco. Mas é apenas isso, um nicho novo de mercado.

Exatamente isso: um nicho de mercado. O que o texto não trata é que é justamente por pressão dos identitários que se passou a colocar pessoas ‘fora do padrão’ nos comerciais. Existe uma exigência para os defensores do ‘racismo estrutural’ de que se colocarem pessoas que sofrem preconceitos em comerciais, em posições de poder, que isso faria diminuir o preconceito. O que é falso. O próprio Esquerda Diário é obrigado a admitir. Hoje, basta ver a quantidade de pessoas negras, e demais ‘minorias’, em comerciais de bancos, de automóveis. Na vida real, no entanto, nada mudou.

Nesta última eleição, de 2022, tivemos uma enxurrada de identitários conseguindo se eleger. Dentre eles, chama a atenção a famos ‘bancada do cocar’. Mas o fato é que esses índios eleitos não vivem em aldeias. Sônia Guajajara, por exemplo, durante a COP23, foi obrigada a admitir que a turnê de 12 índios por 7 cidades da Europa foi bancada pela Fundação Ford, que é uma fachada da CIA.

No Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, o governador gay, trata de destruir a Educação. Os alunos LGBTs não ganham nada tendo esse indivíduo em uma ‘posição de poder’.

Surfando na onda

A matéria do Esquerda Diário apenas surfa na onda e também se aproveita para tentar conquistar a simpatia de minorias, não tem uma política efetiva para combater as desigualdades.

A única maneira de garantir igualdade é unindo as lutas em vez de dividir em nichos de identidades cada vez mais específicos. Djamila Ribeiro, por exemplo, de feminista, se apresenta agora como feminista negra. Ou seja, enfraquece a luta das mulheres.

O que mais temos visto é surgirem novas ‘fobias’ e o remédio que boa parte da esquerda propõe é ainda pior do que a doença: querem criminalizar e botar as pessoas na cadeia.

O endurecimento das leis nunca favoreceu a classe trabalhadora ou a esquerda, apenas torna o Estado cada vez mais truculento e autoritário.

É preciso denunciar essa farsa do identitarismo que só serve para alguns espertos se aproveitarem de nichos de mercado e para tornarem a sociedade cada vez menos democrática, pois prisão nunca serviu para educar ninguém, mas sim para oprimir a classe operária.

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