No último domingo (08), grupos bolsonaristas, ao chegarem na Esplanada dos Ministérios, invadiram as sedes dos três poderes da República: o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF). Na ocasião, danificaram parte do patrimônio público, bem como entraram em confronto com as forças policiais no momento em que estavam sendo retirados dos locais.
Antes disso, entretanto, a atuação das forças de segurança pública presentes deixou claro que, ao invés de impedir o ato, estavam lá para permitir que os bolsonaristas entrassem nos prédios em questão. Afinal, trata-se de um dos três locais mais seguros de todo o Brasil, o que deveria representar uma barreira séria à invasão de um grupo pequeno de bolsonaristas que nem mesmo possuíam armas. Mesmo assim, entraram e ficaram horas sendo televisionados pela imprensa burguesa.
Pelo estrago feito, é natural imaginar que as autoridades competentes foram pegas completamente desprevenidas. Entretanto, não foi isso que ocorreu. O próprio ministro da Justiça, o direitista Flávio Dino (PSB), havia autorizado antes da presença de qualquer bolsonarista na Esplanada a utilização da Força Nacional para conter o grupo. Medida repressiva que simplesmente não surtiu qualquer efeito.
Com isso, tanto a imprensa burguesa quanto setores dentro do governo colocaram a culpa em algumas figuras centrais: em primeiro lugar, o agora ex-secretário de segurança pública do Distrito Federal, Anderson Torres; em segundo lugar, Ibaneis Rocha, governador do DF; e, menos que os anteriores, o ministro da Defesa, José Múcio, e o ministro da Justiça, Flávio Dino, o culpado que melhor conseguiu se safar do problema.
Frente a isso, antes mesmo da confusão acabar, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decretou de Araraquara, onde foi formada uma espécie de sede provisória do governo, intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal. Medida que, na segunda-feira (09), foi aprovada pelo Congresso Nacional e está prevista para durar até o final de janeiro. O presidente ganha, portanto, controle sobre as forças policiais da capital sob a justificativa de restabelecer a ordem.
De maneira mais autoritária ainda e ultrapassando completamente a suas atribuições constitucionais, o skinhead de toga do STF, o ministro Alexandre de Moraes, atendendo a pedidos do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e da Advocacia-Geral da União, afastou Ibaneis Rocha do cargo de governador do Distrito Federal por 90 dias inicialmente. Em outras palavras, com uma canetada, anulou o voto de centenas de milhares de pessoas por meio de um processo inconstitucional.
Apesar da retaliação autoritária por parte dos poderes, algo que, como mostra a experiência do trumpismo, não vai diminuir a força do bolsonarismo, mas sim, aumentá-la, a esquerda prontamente reagiu ao ataque dos bolsonaristas e chamou atos nos quatro cantos do País. Organizações populares, sindicatos e partidos convocaram a sua militância para tomar as ruas e mostrar que a extrema-direita não conseguirá desestabilizar o governo Lula sem uma grande resistência por parte dos movimentos operários.
Confira algumas imagens abaixo:
Porto Alegre-RS


Juazeiro do Norte – Ceará

Salvador – Bahia


Maceió – Alagoas


Marília – São Paulo





Brasília – Distrito Federal





São Paulo – São Paulo


O Partido da Causa Operária (PCO), o principal defensor dessa política, publicou uma nota oficial pouco tempo depois do começo da mobilização dos bolsonaristas, que pode ser lida logo abaixo.
“Não haverá fim da extrema-direita pela mão das instituições, o governo deve ser defendido pelas mãos dos trabalhadores e do povo brasileiro”, afirma a organização de esquerda no texto, deixando claro qual a política revolucionária para a situação em questão.
Ademais, o Partido defende que seja convocada uma plenária nacional de todo o movimento operário para discutir e organizar a esquerda em torno da luta contra a direita:
“[…] chamamos o PT, os partidos da esquerda, mas principalmente a CUT, o MST e o conjunto do movimento operário e popular a convocar uma plenária nacional de todos os partidos e organizações do movimento popular para que possamos discutir a mobilização e atos públicos para defender o governo e os trabalhadores brasileiros”, diz o PCO.
O presidente nacional da organização trotskista, Rui Costa Pimenta, também foi à público por meio de sua conta no Twitter defender a mobilização popular contra a direita, denunciando que as forças repressivas do Estado servem, fundamentalmente, para atacar o direito e as organizações dos trabalhadores.
Os atos, ao que tudo indica muito vitoriosos no que diz respeito à capacidade e à rapidez da esquerda em mobilizar a sua militância frente ao avanço da extrema-direita, representam o caminho certa a ser rumado neste momento: o bolsonarismo se combate de maneira política, nas ruas, e não por meio do fortalecimento do aparato repressivo do Estado burguês, por meio da polícia e do judiciário.
Finalmente, as organizações dos trabalhadores devem tomar para si a missão de combater e derrotar os golpistas que tentam desestabilizar o governo Lula. São esses os métodos de luta da classe operária e, portanto, são esses os métodos que a esquerda deve adotar até o fim da batalha.
Lula, nesse sentido, não deve fortalecer a repressão por parte do Estado burguês, mas sim, convocar a esquerda e, principalmente, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), para mobilizar as suas respectivas bases e inundar as ruas do País de vermelho.
Essa é a maneira correta de lidar com os bolsonaristas e, ao mesmo tempo, fortalecer e preparar a esquerda para as lutas que o governo Lula definitivamente irá travar contra a direita golpista que, apesar de adormecida neste momento, já mostrou as suas garras.