Dirigente estadual da Frente Nacional de Luta (FNL) e militante do Movimento Nacional de Luta por Moradia (FNLM) denunciam papel do Ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, na defesa dos latifundiários contra os trabalhadores do campo. O senador (PSD) é um dos bolsonaristas infiltrados no governo Lula, atuando em defesa dos interesses dos inimigos dos sem terra e criando condições para enfraquecer o apoio popular ao governo.
Para quem não se lembra, em março o ministro comparou as invasões de terra aos “atos extremistas” do dia 8 de janeiro. Uma canalhice típica da direita. Qualquer político minimamente progressista sabe que os camponeses são esmagados pelo latifúndio no imenso espaço rural do Brasil. Não são raras as descobertas de trabalho escravo, para se ter uma ideia do nível de opressão no campo. As invasões de terra são um mecanismo legítimo e popular para forçar negociações que garantam a sobrevivência dos trabalhadores. São uma espécie de equivalente das greves nos locais mais industrializados.
Jairo Palheta, da coordenação do Amapá da FNL denunciou a situação no campo a este Diário: “o PT não faz nada, se deixa sequestrar por alguém, por um grupo político que nada tem a ver com a luta popular”. O militante destacou nesse sentido a importância da base militante para que Lula conseguisse se eleger em 2022: “Observando que foi a luta popular que manteve o nome de Lula na dianteira, foi a luta popular que manteve a eleição contra todo esse bolsonarismo”, segundo ele, esse bolsonarismo “infelizmente está enxertado no governo Lula” e isso prejudica demais o governo. Ele ainda citou a prisão do companheiro Magno Souza:
“O companheiro Magno é um exemplo claro de perseguição, como também o sogro aqui no Amapá, por essa justiça estadual aqui corrupta. A mesma coisa acontece com o Magno lá. Vão utilizar todas as formas possíveis pra que ele seja desmoralizado publicamente, porque é assim que o estado funciona a favor do grande capital, a favor da burguesia. Quer desmoralizar as lideranças que se levantam e têm moral e têm capacidade para fazer um levante. Eles fazem isso justamente para que haja uma desmoralização”.
Palheta ainda explicou que no Amapá eles estão ocupando terras da União, que a direita tenta passar para o estado para sabotar o processo de reforma agrária. Se os trabalhadores não ocupam as terras, as manobras da direita não encontram resistência e o trator do latifúndio passa por cima deles. Carmen Hannud, MNLM e do PCO, também protestou contra o Ministro da Agricultura e Pecuária:
“A luta do movimento sem terra não é crime, a luta do movimento sem terra é por terra, é por dignidade humana. Então, fora Fávaro! Todo apoio e solidariedade aos companheiros sem terra e à luta pela terra”.
A denúncia dos companheiros é gravíssima e exige uma campanha de pressão para arrancar essa direita raivosa de dentro do governo Lula. Com toda pressão exercida pela burguesia para podar o programa de governo do petista, deixar esses inimigos do povo agindo pelo governo é receita certa para o fracasso. Como os trabalhadores rurais sem terra vão defender Lula contra a direita se a direita age contra eles de dentro do governo?