O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, finalmente se pronunciou sobre o genocídio promovido por Israel na Faixa de Gaza. Nesta segunda-feira (6), após quase um mês dos inícios dos bombardeios criminosos no território palestino, Almeida reforçou a política do governo brasileiro, condenando “com veemência os atos terroristas do Hamas” e contra “ações inaceitáveis do Estado de Israel, como bombardear hospitais, ambulâncias e campos de refugiados, ou ainda, dificultar o acesso à água potável e à energia elétrica, o que, indubitavelmente, viola o direito internacional humanitário”.
Apesar de Almeida afirmar no X (ex-Twitter) que já havia se pronunciado antes sobre o caso, o ministro apenas havia compartilhado nas redes sociais algumas posições do governo brasileiro, do qual ele faz parte. Foi preciso atingir a marca oficial de dez mil mortos na Palestina, sendo mais de quatro mil crianças e duas mil mulheres, além de bombardeios que transformaram a Faixa de Gaza em pó, para que, finalmente, o ministro identitário se pronunciasse pessoalmente sobre o assunto.
Silvio, no entanto, só se pronunciou porque a situação saiu do controle. Antes disso, foi feita uma pressão para que ele falasse alguma coisa, cobrando uma postura do ministro sobre o genocídio em Gaza.
Quem esperava alguma declaração contundente contra o massacre de palestinos e a limpeza étnica realizados por Israel, foi frustrado por uma nota burocrática, que faz questão de condenar a resistência armada palestina. O ministro denunciou o “terrorismo” do Hamas, condenando toda a resistência, que se unificou e luta uma guerra de libertação nacional contra a ocupação sionista do país árabe. Almeida, ao fazer isso, também está igualando os combatentes pela liberdade com o genocídio promovido por Israel.
Ressalta-se, ainda, que o ministro, defensor da “decoloniadade” e contra o “racismo estrutural”, amenizou as críticas contra o Estado essencialmente colonialista e racista que é Israel. Revela, novamente, que todo o discurso identitário, supostamente defensor do oprimido, não passa de demagogia, que em nada ajuda esses setores que diz defender. Quando colocado de frente com a realidade, quando aparecem os supremacistas religiosos judeus, armados até os dentes pelo imperialismo, para promover a limpeza étnica dos indefesos árabes palestinos, o identitarismo se cala. Uma vergonha.
Essa, porém, é a posição natural, visto que o identitarismo é promovido pelo imperialismo para impor sua política anti-democrática e confundir a esquerda. Sendo assim, fica a questão: para que serve o Ministério dos Direitos Humanos se não se pronuncia diante da maior crise humanitária das últimas décadas, se não denuncia os crimes de guerra e contra a humanidade promovidos por Israel?
Silvio Almeida vale tanto quanto a ONU, ou seja, nem um tostão furado. Ou, melhor dizendo, só aparece quando é para promover os interesses do imperialismo.
Em meados desse ano, quando a polícia estava promovendo, simultaneamente, chacinas em favelas na Bahia, no Rio de Janeiro e no litoral paulista, o que fez o responsável brasileiro pelos “direitos humanos” para impedir que isso acontecesse? Absolutamente nada. Pior ainda nesse caso: eram os negros, que Silvio Almeida diz defender, que estavam sendo assassinados pela repressão policial.
Silvio Almeida é um zero à esquerda, assim como seu ministério. O presidente Lula criou cargos e entregou-os para uma série de identitários apenas para agradar esse setor que, apesar de minoritário, tem o apoio do imperialismo – e são usados para sabotar o governo. Lula precisa romper com o identitarismo se quer governar de forma séria e a favor do povo. O primeiro passo é romper relações com o Estado terrorista de Israel.